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OneFootball·02 de março de 2022
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OneFootball·02 de março de 2022
A Quarta-Feira de Cinzas é o dia que marca o início da Quaresma, o período de 46 dias que antecede a Páscoa.
É uma data muito importante para a Igreja Católica e, claro, marca o “fim” do Carnaval.
Aproveitando o “gancho”, o OneFootball destaca alguns dos clubes que “ressurgiram das cinzas”.
Tem quem lidou com falências precisando recomeçar em outras divisões.
Que foi “salvo” graças ao amor da sua torcida.
E até que recebeu ajuda do rival (!) para escapar do pior.
Quem vê o Napoli líder do Campeonato Italiano pode não fazer ideia que a torcida napolitana já sofreu muito.
O time disputava a Serie B em 2004 – e terminou aquela edição na 14ª colocação. Só que acabou rebaixado à Série C1 por estar atolado em dívidas.
Coube ao empresário e cineasta Aurelio de Laurentiis abrir o bolso, resolver o problema da grana e fundar um “novo” clube, o Napoli Soccer.
Napoli Soccer que não conquistou o acesso à Segundona em sua primeira vez na Terceira Divisão (2004/2005), mas levou o título em 2005/2006.
O retorno à elite veio em 2006/2007 em uma edição da Serie B que teve a Juventus – que havia sido punida por um escândalo de corrupção – como campeã.
O Napoli já soma dois vices da Serie A, dois títulos da Copas da Itália e uma da Supercopa desde que voltou a ser da 1ª – além de sete presenças na Champions League.
E ainda recuperou seu tradicional nome, o Società Sportiva Calcio Napoli.
O gigante escocês que acabou de eliminar o Borussia Dortmund da Liga Europa precisou começar do zero.
E não faz tanto tempo…
Faliu em 2012 graças a dívidas de R$ 600 milhões.
Foi refundado com o nome de The Rangers e precisou recomeçar sua história na quarta divisão da Escócia.
Não só disputou as três divisões inferiores, como foi o campeão de todas.
O retorno à elite aconteceu em 2016/2017. Viu o Celtic conquistar mais quatro títulos seguidos – alcançando nove -, mas desbancou o rival na última temporada, a de 2020/21.
Segue na condição de maior campeão nacional, com 55 taças – contra 51 do Celtic.
Sobram exemplos de clubes italianos que precisam começar de novo. Caso, também, do Parma.
O clube que fez história nos anos 90 com diversos craques – casos de Crespo, Thuram, Verón, Buffon, Cannavaro – e conquistou duas Copas da Uefa (a atual Liga Europa), o Parma foi à falência em 2015 após 218 milhões de euros de dívidas.
O que teve ligação direta com o escândalo da Parmalat, empresa que injetava dinheiro no clube.
Falir não era algo inédito, pois já havia acontecido no final dos anos 60.
O novo “recomeço” teve como primeiro ato a disputa da Serie D, o quarto nível do futebol italiano – e o primeiro amador – em 2015/2016. E com o nome de Parma Calcio 1913.
Passou a ter o aporte financeiro do investidor chinês Jiang Li Zhang, que comprou 60% das ações do clube.
Foram três acessos consecutivos – algo até então inédito no futebol local – até voltar a ser um clube da Serie A.
Acessos que vieram com a presença do capitão Lucarelli, que não deixou o clube mesmo após a falência. E só se despediu na Serie A, conforme havia prometido. E os 40 anos.
Lucarelli (foto de destaque) que foi o único remanescente do time rebaixado à Quarta Divisão na série de acessos. E teve a sua camisa de número 6 aposentada – com justiça.
O Parma passou sufoco na Serie A de 2018/2019, fez boa campanha em 2019/2020, mas acabou rebaixado ao término de 2020/21.
Não faz boa campanha na Segundona, mas conta novamente com o ídolo Buffon para a atual missão.
Outro exemplo que vem da Itália é o da Fiorentina.
A eterna Viola foi, por exemplo, a primeira equipe italiana a ser finalista da Copa dos Campeões da Europa, a atual Champions League. O que aconteceu em 1957.
O drama veio já no Século 21.
Em 2002, um ano depois de conquistar a sexta Copa da Itália de sua história, a Fiorentina foi rebaixada após o 17º lugar na Serie A.
Só que a queda acabou sendo para a Serie C2 (a Quarta Divisão da época) por conta da dívida de 50 milhões de dólares.
Dívida que fez o clube ser refundado.
Surgiu, então, a Fiorentina e Florentia Viola sob o comando do empresário Diego Della Valle.
Campeã da C2 em 2002/2003, a Viola teve aceito o recurso para jogar a Segundona imediatamente e, dois anos após a queda (2004/2005), já estava de volta à elite. E com seu nome original – Associazione Calcio Fiorentina.
Já fez várias boas campanhas desde então, com direito a cinco quartos lugares no Italiano e duas semis de Liga Europa – uma delas na época de Copa da Uefa.
As dívidas do Racing eram de 30 milhões de dólares em 1999. O que foi suficiente para a Justiça argentina decretar a falência do campeão mundial e da Libertadores em 1967.
O que só não aconteceu graças a paixão do torcedor da Academia.
O Racing entraria em campo três dias após a notícia da iminente falência – contra o Talleres, pelo Argentino.
Eis que 30 mil torcedores se recusam a aceitar o trágico fim e lotaram o Presidente Perón, casa do Racing.
Era o dia de 7 de março de 1999, que ficou conhecido “El dia del hincha de Racing (O dia do torcedor do Racing)”.
Marcando o renascimento da instituição.
A Justiça acabou permitindo que o Racing virasse uma empresa, a Blanquiceleste SA, para saldar suas dívidas em um período de dez. anos.
Voltou a ter um presidente eleito por sócios em 2009.
O Racing não só escapou da falência como fez bonito várias vezes depois, com direito a três títulos argentinos – o último em 2018/2019.
Não houve falência. Nem envolvimento direto da torcida para evitar o pior.
O Dortmund entra na lista graças aos movimentos que foram feitos para impedir o “fim”.
Mesmo após ter conquistado a Bundesliga de 2001/2002 – temporada em que ainda foi vice da Copa da Uefa -, o clube aurinegro enfrentou temporadas difíceis entre 2002 e 2005.
A combinação de gastos desenfreados em contratações e salários e o valor colocado na reforma do Westfalenstadion para Copa do Mundo de 2006 fez o BVB correr sério risco de falência.
Em 2003, por exemplo, um empréstimo do Bayern de Munique (!) no valor de 2 milhões de euros ajudou a pagar a folha salarial.
Dois anos depois, a salvação veio após um “saldão” dos seus principais jogadores. E os que ficaram tiveram salários reduzidos em 20%. Tudo para ajustar a casa.
O alívio maior ocorreu em 2006, quando o Dortmund vendeu os naming rights do Westfalenstadion, que passou a ser chamado de “Signal Iduna Park”.
Os anos seguintes foram de sufoco dentro de campo – até com real risco de queda à Segundona em 2006/2007.
A retomada mesmo só veio em 2010-2011, quando o Dortmund comandado por Klopp levou a Bundesliga.
Conquistaria o bi na temporada seguinte e ainda bateria na trave na Champions de 2012/2013 – acabou superado pelo Bayern.
Foto de destaque: Giuseppe Bellini/Getty Images