
Gazeta Esportiva.com
·13 de agosto de 2025
Quarenta anos depois, CBF entrega medalhas aos campeões brasileiros de 1985 pelo Coritiba

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·13 de agosto de 2025
Quatro décadas após a conquista mais importante de sua história, o Coritiba finalmente viu parte de seus heróis de 1985 receberem, de forma oficial, as medalhas pelo título do Campeonato Brasileiro. Em uma cerimônia realizada nesta terça-feira, na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, o presidente da entidade, Samir Xaud, entregou a honraria a cinco representantes daquele elenco histórico.
A cena se repetiu para a memória de quem viveu aquela final no Maracanã, no dia 31 de julho de 1985. Diante de mais de 90 mil torcedores, o Coxa empatou com o Bangu por 1 a 1 e garantiu a taça na disputa por pênaltis, vencendo por 6 a 5. A festa, porém, foi marcada por um episódio incomum: as medalhas previstas para a premiação desapareceram antes de chegarem às mãos dos jogadores.
O episódio, que nunca teve explicação definitiva, deixou um vazio simbólico na conquista. Agora, 40 anos depois, a CBF confeccionou 40 réplicas idênticas às que deveriam ter sido entregues na época. Rafael, Índio, Dida, André e Elizeu representaram o elenco no evento, que também contou com a presença do CEO do Coritiba, Lucas de Paula, e do presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury Filho. As medalhas dos atletas já falecidos serão enviadas aos familiares.
“Foi só a primeira de várias reparações que faremos. Esses jogadores batalharam, conquistaram e, no momento da recompensa, ficaram sem nada. Hoje corrigimos isso, e estendemos nosso abraço às famílias daqueles que já não estão entre nós”, disse Samir Xaud.
Os campeões também receberam camisas personalizadas da CBF em homenagem à conquista. Lucas de Paula destacou a importância do gesto: “Mais do que um objeto, é um prêmio simbólico a atletas que fizeram história. Alguns não estão mais aqui, mas os que vieram representam com orgulho aquela equipe.”
Para Hélio Cury Filho, o momento foi histórico para o futebol paranaense: “É uma emoção enorme ver a CBF corrigindo um erro que durou 40 anos. E é muito bom perceber a presença da entidade junto aos clubes e torcedores.”
A entrega foi marcada por discursos emocionados. Rafael, um dos mais insistentes na cobrança pela medalha, resumiu o sentimento: “Esperei 39 anos. Hoje posso segurar e mostrar para quem duvidava. É orgulho puro.” Índio celebrou poder apresentar a medalha aos netos. Dida reforçou que, mesmo sem a premiação na época, a alegria pela conquista sempre existiu, mas agora ganha um símbolo oficial. André falou sobre os companheiros que já se foram, citando Aristóteles para dizer que “o mérito está em merecer as honras”. E Elizeu lembrou sua trajetória no clube desde a base, dizendo que ser campeão pelo time do coração foi “uma felicidade eterna”.
Veja o que disseram outros campeões presentes na homenagem
Índio: “Isso foi esperado por todo esse tempo, 40 anos, e a gente está aqui para agradecer ao presidente da CBF, Samir Xaud, ao Lucas de Paula, pelo Coritiba. A emoção é bastante grande, estou muito feliz. Agora posso com certeza mostrar a medalha para os meus netos, que vão ficar felizes com isso.”
Dida: “Quarenta anos depois, está na mão, na memória, na história, e é por isso que a gente está feliz, contente. Foi um momento único, o Coritiba conseguiu o seu maior título brasileiro, o seu maior título. E a gente fica muito feliz de fazer parte dessa história. E mesmo que as medalhas não tenham vindo, a gente comemorou muito durante todo esse tempo. Mais do que ninguém, está de parabéns a CBF por nos devolver a medalha que nos foi tirada na época. Na verdade, não foi culpa da CBF, mas a entidade, com o presidente Samir, teve a sensibilidade de se retratar e de nos oferecer essa medalha como símbolo da vitória que a gente teve, e por isso a gente está muito contente.”
André: “Olha, primeiro a gente fala da saudade, porque nós iniciamos um campeonato no dia 27 de janeiro e que terminou no dia 31 de julho. Nós temos muitas memórias e reconhecemos o esforço de cada um daqueles que estiveram com a gente e infelizmente não estão mais; o reconhecimento veio com a entrega da medalha depois de 40 anos. Eles não vão receber essa medalha, mas desejamos que aonde quer que eles estejam, que eles possam também receber essa honraria que nós estamos recebendo, porque, como diz Aristóteles, o mérito não está em receber honras, mas está em merecer as honras. Merecimento para todos aqueles que estão aqui e também para aqueles que não estão mais aqui nesse plano, legal demais.”
Elizeu: “Me vem à memória várias coisas que eu vivi no Coritiba, eu sou cria do Coritiba, cheguei ao clube em 1977, fiquei até 1985, então a gente ralou bastante desde a base. Ganhamos vários títulos na base, ascendemos ao profissional, vários de nós vieram da base, cerca de 12 jogadores daquele elenco campeão brasileiro eram da base do Coritiba. Imagine você o que a gente viveu nesse tempo todo. Foi emocionante, algo assim que nos dignificou, ficamos na história do clube e eu sou Coxa Branca desde os meus 5 anos de idade. Imagine você ser campeão brasileiro num time que você torce. Muita coisa ficou na memória, mas fomos felizes, somos felizes porque fomos e somos campeões brasileiros do futebol, na terra do futebol, no país do futebol.”