Calciopédia
·18 de junho de 2024
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Com uma seleção recheada de estrelas, e com o lendário Giovanni Trapattoni no comando técnico, a Itália foi para a Eurocopa de 2004 como uma das favoritas a levantar o título. Porém, logo na estreia contra a Dinamarca, decepcionou pelo fraco futebol apresentado e também pelo vexame envolvendo Francesco Totti, uma de suas grandes estrelas, no empate sem gols. O camisa 10 da Nazionale e da Roma cuspiu em Christian Poulsen e pegou um gancho de três jogos após revisão das imagens televisivas por parte da Uefa. Uma das partidas em que o craque desfalcaria os azzurri seria contra a Suécia, munida de bons nomes em todos os setores.
Na segunda rodada do Grupo C, a Suécia, comandada pelos técnicos Lars Lagerbäck e Tommy Söderberg, chegava empolgada. Em sua estreia no torneio, não tomou conhecimento da Bulgária: goleada por 5 a 0 e show de diversos craques que compunham aquele time. Fredrik Ljungberg, conhecido pelos seus tempos de Arsenal, abriu a porteira. O lendário centroavante Henrik Larsson marcou duas vezes, e Zlatan Ibrahimovic – que se transferiria à Juventus ao fim da Euro e, mais tarde, atuaria pelos três gigantes da Itália – balançou as redes ao converter um pênalti.
Com uma formação mais conservadora para encarar os suecos, no Estádio do Dragão, no Porto, Trapattoni optou por sacar Mauro Camoranesi da equipe titular para jogar com Gennaro Gattuso e, assim, formar um meio-campo mais robusto, que ainda teria Andrea Pirlo e Simone Perrotta. Para o lugar de Totti, um jovem Antonio Cassano, na época também jogador da Roma e jovem prodígio do futebol italiano.
A defesa foi a mesma que enfrentou a Dinamarca. Trap escalou Gianluigi Buffon e uma linha de quatro à frente, com Christian Panucci, Alessandro Nesta, Fabio Cannavaro e Gianluca Zambrotta, enquanto a dupla de ataque foi formada por Alessandro Del Piero e Christian Vieri.
Substituindo o suspenso Totti, Cassano marcou o primeiro gol da Itália na Euro 2004 (Getty)
Diferentemente da estreia, a Squadra Azzurra teve praticamente o controle de todas as ações na primeira etapa. Procurando bastante Pirlo para iniciar as jogadas e buscar lançamentos em profundidade, a equipe conseguiu infiltrar algumas vezes na defesa adversária, além das ótimas ultrapassagens de Zambrotta e Panucci pelos lados do campo.
Logo de cara, com três minutos de bola rolando, Vieri trombou com a defesa sueca em uma bola disputada dentro da área e quase finalizou antes do abafa do goleiro Andreas Isaksson, personagem importante deste confronto – logo ele, que teve passagem pela Juventus. O arqueiro foi exigido novamente cinco minutos depois em bom chute de longa distância de Perrotta.
A Suécia conseguiu sua primeira chegada aos 13. Ljungberg alcançou a linha de fundo, deu um toque de calcanhar preciso e encontrou Ibrahimovic dentro da área. Zlatan calculou mal a força e emendou um chute forte, por cima da meta. Na sequência, Panucci apareceu pelo lado direito do campo e colocou na cabeça de Vieri, que mandou pela linha de fundo.
Perto da metade do primeiro tempo, a Nazionale era evidentemente melhor no confronto e começava a entender as zonas mais propícias para criar perigo. Zambrotta, como um foguete pela esquerda, cruzou rasteiro e viu Del Piero concluir a jogada, finalizando praticamente no pé da trave. Alex ainda arriscou outra vez, de fora da área, e por pouco não marcou: seu chute foi desviado por Olof Mellberg, o mesmo que defenderia a Vecchia Signora anos depois, e espalmado para escanteio por Isaksson.
No segundo tempo da partida, Zambrotta foi adiantado da defesa para o meio-campo (AFP/Getty)
Amadurecendo aos poucos, o gol caiu da árvore aos 37 minutos. Em mais uma das descidas de qualidade dos laterais, Panucci deixou um defensor sueco no chão, ajeitou para a esquerda e cruzou fechado. Cassano foi mais rápido do que todo mundo e se agachou para desviar levemente a bola, balançando as redes para a Itália – o que ocorria pela primeira vez na Eurocopa de 2004.
No primeiro lance da etapa complementar, Cannavaro perdeu o tempo de carrinho em Ibrahimovic e foi advertido com o cartão amarelo. Com isso, se juntaria a Totti e se tornaria o segundo jogador azzurro a desfalcar a Itália na rodada final da fase de grupos.
Depois do intervalo, os ataques italianos seguiram na mesma toada: jogadas pelas laterais e centralizações próximas à área. Logo aos 48 minutos, Panucci conseguiu achar um cruzamento rasteiro para Vieri, que se antecipou aos escandinavos, mas não pegou bem e emendou um chute para fora. Del Piero também teve sua chance de marcar o segundo e, ao tentar encobrir Isaksson, viu Andreas Jakobsson se recuperar e, de carrinho, evitar o gol ao cortar para escanteio.
Aos poucos, a Suécia foi tendo mais posse e Trapattoni resolver fazer algumas mexidas no time. Primeiro, tirou Cassano para colocar Stefano Fiore, um meio-campista de ofício, que teria a missão de dar aos azzurri mais presença na faixa central do campo. Depois, trocou Gattuso por Giuseppe Favalli, mudando o esquema tático para um 4-4-2: o defensor da Lazio entrou na lateral esquerda e Zambrotta foi adiantado.
Milésimos de segundo antes da frustração: com gol acrobático, Ibrahimovic empatou o jogo entre Itália e Suécia (Getty)
As alterações não surtiram o efeito desejado, e a Suécia passou a levar cada vez mais perigo. Mattias Jonson, que entrou no segundo tempo, conseguiu muita liberdade justamente na direita do ataque sueco e, após receber um ótimo passe de Larsson, finalizou muito forte, já de dentro da área. Buffon fez uma defesaça para evitar o empate. Faltando 10 minutos para o fim, Jonson ainda disparou uma cabeçada que deixou Gigi pregado no chão, mas saiu pela linha de fundo.
Na sua última mexida, Trap recuou de vez, tirando Del Piero para colocar Camoranesi e postar a Itália em 4-1-4-1. O efeito imediato foi o gol da Suécia. Em cobrança de escanteio aos 85 minutos, a bola ficou pingando de um lado para outro dentro da área da Nazionale até que Buffon tentou sair da baliza, mas Ibrahimovic foi mais rápido. Acrobático, o atacante faixa preta em taekwondo deu um toque de calcanhar absolutamente inesperado, suficiente para encobrir o goleiro e também Vieri, que estava em cima da linha e não alcançou a pelota, mesmo na tentativa de saltar.
Desesperada, a Squadra Azzurra ainda tentou desempatar o placar três vezes até o apito final, com Zambrotta, Panucci e Vieri. No entanto, nenhuma das tentativas levaram perigo. O árbitro Urs Meier apitou o fim do jogo e decretou que um ponto iria para cada lado. Foi o primeiro empate entre Itália e Suécia em quase 33 anos – o último deles, até então, havia ocorrido em 1971.
Com o placar, a Itália vencer a já eliminada Bulgária por uma diferença de pelo menos dois gols para não depender do resultado das adversárias na última rodada. E o empate entre Suécia e Dinamarca era o único resultado possível para classificar as duas seleções escandinavas em caso de vitória azzurra com diferença inferior à citada. Justamente o que viria a acontecer, mais por incompetência da Nazionale do que por um combinado entre as equipes nórdicas – as quais ganhariam a antipatia dos torcedores italianos de 2004 em diante, por causa da suposta trapaça.
Itália: Buffon; Panucci, Nesta, Cannavaro, Zambrotta; Perrotta, Pirlo, Gattuso (Favalli); Cassano (Fiore); Vieri, Del Piero (Camoranesi). Técnico: Giovanni Trapattoni. Suécia: Isaksson; Nilsson, Mellberg, Jakobsson, Edman (Allbäck); Wilhelmsson (Jonson), Linderoth, Svensson (Källström), Ljungberg; Ibrahimovic, Larsson. Técnicos: Lars Lagerbäck e Tommy Söderberg. Gols: Cassano (37′); Ibrahimovic (85′) Árbitro: Urs Meier (Suíça) Local e data: estádio do Dragão, Porto (Portugal), em 18 de junho de 2004
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