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·06 de setembro de 2024

«Problemas» em Inglaterra e «desastre» no Brasil: os últimos quatro anos de Bruno Lage

Imagem do artigo:«Problemas» em Inglaterra e «desastre» no Brasil: os últimos quatro anos de Bruno Lage

*com Milene Proença e Diogo Organista Pereira

Bruno Lage regressa ao Benfica, quatro anos depois da saída. Em 2020, após um último jogo nos Barreiros, o técnico teve de encontrar um novo rumo na carreira.


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A vida encarregou-se de traçar caminho entre Inglaterra e Brasil. Wolverhampton e Botafogo. A passagem por Terras de Sua Majestade não lhe foi estranha, depois da experiência como adjunto de Carlos Carvalhal no Sheffield Wednesday durante duas temporadas e meia. No entanto, o Rio de Janeiro foi uma estreia.

À parte dos resultados obtidos e conhecidos, há mais para conhecer das experiências estrangeiras de Bruno Lage. O zerozero esteve à conversa com Stephen Gillet, editor do playmakerstats, e Rodrigo de Brum, jornalista d'OGol - domínios parceiros do nosso portal - para saber mais do que sucedeu nos últimos quatro anos da carreira do treinador luso.

«O futebol muito emocionante não foi o estilo do Wolves»

Uma temporada e mais um pouco em Wolverhampton. Lage foi chamado para suceder a outro português: Nuno Espírito Santo. Pela Premier League e taças nacionais, Bruno Lage somou 19 vitórias e dez empates em 51 jogos.

Segundo Stephen Gillet, editor do playmakerstats, a demissão veio a acontecer devido a esses mesmos resultados.

«Acho que depois de uma época boa, o início da segunda temporada foi fraco. Ganhou só um jogo na Premier League e teve alguns problemas no decorrer da temporada, que se adensaram», começou por referir.

Essa singular vitória na segunda volta ao comando apareceu diante do Southampton à sexta jornada, mas depois de uma receção ao Manchester City e uma deslocação ao terreno do West Ham, o fim ficou traçado.

«Com Nuno Espírito Santo, o Wolves tinha um futebol bom defensivamente, mas a equipa do Bruno em Portugal marcava golos. O tipo de futebol muito emocionante e bom a atacar não foi o estilo de Wolves com ele, mas com o Benfica mostrava que era diferente e tinha essa capacidade de jogar mais ofensivamente.»

«Toda a gente em Inglaterra tem noção que o Bruno foi um bom treinador, mas, hoje em dia, quando os resultados são maus... Teve um treinador com um maior perfil para substitui-lo, Julen Lopetegui», findou.

«[No Botafogo] teve um início de invencibilidade, mas...»

Pelo Brasil, a história foi ainda mais distinta. Se a estadia em Inglaterra foi relativamente curta, a passagem pela América do Sul foi ainda mais efémera - apenas 15 jogos.

Dessa quinzena de encontros, o Botafogo venceu quatro e empatou sete. Em conversa com o zerozero, Rodrigo de Brum, editor d'oGol, falou dessa passagem.

«Foi um desastre. Teve um início de invencibilidade - acho que foram dez jogos até, com muitos empates pelo meio desse caminho -, mas ele próprio trouxe uma pressão desnecessária. O Botafogo perdeu um jogo contra o Flamengo, para o campeonato brasileiro e, logo depois disso, é eliminado da Copa Sul-Americana - que teoricamente era uma coisa boa, pois o Botafogo podia focar-se só no Brasileirão», começou por relembrar.

«Perdeu com o Flamengo e, na conferência de imprensa, logo após a primeira pergunta, fez uma grande explanação. Disse que a pressão era muito grande sobre ele e que entregaria o cargo, que estava à disposição do dono do Botafogo e que o dono decidiria o que fazer. Depois disso, a pressão, que era mais focada dentro do campo, passou também a ser externa porque os adeptos perderam a confiança nele. As pessoas não conseguiram perceber o porquê de ele ter tomada essa atitude.»

Se em Inglaterra, os episódios com a imprensa e adeptos não se mostravam regulares, no Brasil acabou por ser o contrário. Com uma comunicação social «incisiva no Brasil» e que, segundo Rodrigo de Brum, «em dados momentos, parecem mais adeptos do que jornalistas», tudo se complicou ainda mais.

«A gota de água foi no jogo contra o Goiás, quando deixou o Tiquinho Soares no banco de suplentes. Ele acaba por entrar no intervalo e faz um golo, cinco minutos depois de entrar em campo. Os adeptos insultaram o Bruno ao intervalo. Chamaram-no de burro. Para além do extra campo, ele teve também alguns erros estratégicos dentro de campo. O Botafogo tem um estilo de jogo muito reativo, com umas motas e ele preferia mais ter posse e um jogo mais controlado. Acabou por quebrar.»

Agora, segue-se o regresso ao Benfica, quatro anos depois. Um regresso onde Bruno Lage prometeu, ganhar e «jogar bem». 30 jornadas, Liga dos Campeões, Taça de Portugal e Taça da Liga. Como o próprio referiu, tem «muito trabalho» pela frente.

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