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Fala Galo

·02 de dezembro de 2021

Preto no Branco: Tá quase… Tá quase… Só falta mais um tiquim…

Imagem do artigo:Preto no Branco: Tá quase… Tá quase… Só falta mais um tiquim…

Foto: Flickr Atlético / Pedro Souza Por Max Pereira @Pretono46871088 @MaxGuaramax2012

Desde a sofrida, porém apoteótica virada diante do Fluminense, com direito a polêmicas infindáveis em relação à arbitragem e ao VAR, o atleticano vive certamente o momento mais singular dessa sua interminável e bipolar estadia na antessala do paraíso.


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Depois de ver o seu maior rival do momento ser superado pelo Palmeiras na final da Libertadores, o Galista, dentro e fora do Mineirão, viveu 90 minutos dignos de um filme de suspense de Hitchcock.

Qualquer análise tática da atuação do Atlético diante do tricolor carioca perde o sentido diante do nível de tensão da partida. Se não bastasse ter que superar o natural e cada vez mais aflorado nervosismo de seus jogadores, sufocados por uma ansiedade crescente e asfixiante, o Galo teve, mais uma vez, que enfrentar e suplantar o anti-jogo proposto por mais um adversário tinhoso, chato, provocador e que, a exemplo de todos os outros que já se bateram com o Glorioso, buscou explorar o desgaste e o desequilíbrio emocional do time atleticano.

O espetáculo das arquibancadas do Mineirão antes, durante e depois do jogo fala por si só. Mas, apesar de saber que “tá quase… tá quase…” e que “falta só mais um tiquim…”, quem é atleticano vem experimentando um turbilhão de sentimentos dúbios. “Galo escaldado tem medo de água fria”, dizem alguns. “O que será que irão armar para, mais uma vez tirar o título do Galo e dá-lo de bandeja para o mais odiado?”, vociferam outros tantos.

“Ah! Mas o Atlético, que neste campeonato se tornou o maior mandante da história do Brasileirão e é o visitante mais indigesto, dono de uma campanha espetacular e que, por isso, depende exclusivamente apenas de si, bastando-lhe uma vitória ou dois empates nos três últimos jogos que lhe restam na competição, já é campeão”, já admitem, ainda que ressabiados, alguns atleticanos e o vêm proclamando um sem número de não aficionados pelo alvinegro das Gerais, sabe-se lá com que intenções.

Até ser campeão sem jogar tornou-se possível. E, por causa disso, a noite de terça-feira foi diferente. O jogo Flamengo x Ceará adquiriu um colorido todo especial. Afinal, o CEARÁGALO entraria em campo e, se não perdesse para o poderoso Urubu, finalmente, aquele grito contido na garganta de milhões e milhões de atleticanos poderia irromper madrugada adentro em uma comemoração mais que justa e, provavelmente, impar na história do futebol brasileiro.

Foram outros 90 minutos vividos intensamente por duas torcidas rivais. Apesar de sua clara e inquestionável superioridade técnica em relação ao adversário, o time carioca e sua imensa torcida sofreram e, como sofreram. Com um elenco limitado, obviamente para o Ceará os desfalques, em particular a ausência do ex-atleticano Vina, seu melhor jogador, foram mais sentidos do que as baixas rubro-negras.

Ainda assim, o Flamengo teve que contar com dois erros crassos do time cearense na saída de bola para chegar às redes do Vovô e garantir a vitória que, matematicamente, o deixa ainda com chances de conquistar o título. Ironicamente e, ao contraio, o gol cearense adveio de uma jogada muito bem trabalhada.

Se o flamenguista sofreu e foi da agonia ao êxtase, o atleticano, um tanto quanto chamuscado e frustrado, foi dormir se perguntando até quando ainda teria que esperar para comemorar este título tão aguardado.

Particularmente, buscando me equilibrar sempre entre a razão e o coração que, por óbvio, tentam me arrastar para polos opostos, confesso já sentir imensa felicidade por, finalmente, ver um time vestido de preto e branco mostrar uma capacidade de superação extraordinária e de perseverar em busca do título como pouquíssimas vezes vi nesses mais de sessenta anos de vida e de atleticanidade.

Sempre defendi a ideia de que o maior e mais terrível adversário do Atlético, aqui entendido como clube/time/torcida, tem sido ele próprio. Ainda que reconheça que o extracampo tenha nos privado de vários títulos, a bem da justiça, da verdade e do próprio clube, é forçoso reconhecer que o Glorioso, refém de suas próprias idiossincrasias, especializou-se, ao longo dos tempos, em dar tiros no próprio pé e em alimentar fogos amigos.

Assim, ver este time levar o próprio clube a derrotar-se a si mesmo e por a mão na tão cobiçada taça já é para mim um motivo de muita alegria. E, por isso, ainda que o coração me encha de medos e faça perceber que os fantasmas, que historicamente sempre obsidiaram a mim e a milhões e milhões de outros galistas, tão sofridos e castigados quanto eu por anos e anos, ainda insistem em me aterrorizar, a razão me faz ver que “tá quase… tá quase…” e que “falta só mais um tiquim…” para que ela seja erguida de uma vez por todas e, aí sim, possamos todos, atleticanos, soltar aquele grito.

Por ora, vou ensaiando o meu grito e lembrando que o pulo do gato, para ver o Galo campeão, é continuar jogando junto, vibrando e torcendo. Ah! Sem deixar de lembrar, também, que o Bahia, nosso próximo adversário na terra do senhor do Bonfim, não só por estar lutando para não cair, será outro adversário duro, a famosa “carninha de pescoço”. Mas, quem sabe os deuses do futebol não tenham programado para que seja na Boa Terra o último ato da conquista desse título? Afinal, o time, que claramente incorporou os nossos sentimentos, assim o quer e está, dentro de campo, construindo o nosso sonho.

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