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·10 de agosto de 2020

Portugal x Inglaterra na Euro 2004: a eliminação inglesa nos pênaltis

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Em 24 de junho de 2004, o público de 65 mil pessoas que compareceu ao Estádio da Luz, em Lisboa, para acompanhar Portugal x Inglaterra, viu de perto uma das mais emocionantes partidas da Eurocopa daquele ano. Anfitriã, a seleção portuguesa encarou uma equipe poderosa pelas quartas de final do torneio, que mais uma vez ruiu numa decisão por pênaltis.

Portugal x Inglaterra na Euro 2004: a eliminação inglesa nos pênaltis

Pontos em comum

As seleções tinham em comum os técnicos estrangeiros. Os portugueses eram comandados pelo técnico brasileiro e atual campeão do mundo à época, Luiz Felipe Scolari. Já a seleção inglesa era treinada pelo sueco Sven-Göran Eriksson.


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Outra semelhança entre as seleções foi a campanha na primeira fase, com duas vitórias e uma derrota para cada uma. Pelo grupo A, Portugal estreou perdendo para a Grécia por 2 a 1, mas se recuperou ao vencer a Rússia por 2 a 0 e a Espanha por 1 a 0, assegurando o primeiro lugar da chave.

A Inglaterra teve roteiro parecido. Começou a competição perdendo com uma virada incrível nos acréscimos para a França por 2 a 1, reabilitou-se batendo a Suíça por 3 a 0 e goleou a Croácia por 4 a 2, garantindo o segundo lugar do grupo B.

Escalações

Felipão escalou a seleção portuguesa no 4-3-3, que tinha como destaques ofensivos Deco, Figo, Nuno Gomes e um jovem Cristiano Ronaldo que ainda usava a 17 às costas. A seleção portuguesa ainda tinha  o goleiro Ricardo, linha de defesa com Miguel, Jorge Andrade, Ricardo Carvalho e Nuno Valente. No meio, Costinha e Maniche completavam o 11 inicial da equipe.

Eriksson usou o tradicional 4-4-2 para montar a Inglaterra, que foi a campo com um timaço pelo menos no papel. A seleção inglesa entrou em campo com James no gol, Garry Neville, Terry, Campbell e Ashley Cole eram os defensores. No setor de meio-campo, Gerrard, Lampard, Beckham e Scholes eram o coração do time, que ainda tinha no ataque Michael Owen e Wayne Rooney.

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Tempo normal

Logo aos dois minutos de jogo, James bateu para frente, o volante Costinha, sozinho, errou o tempo de bola em cabeceio mal sucedido no campo de defesa. O lance se transformou numa casquinha que Owen não desperdiçou, dando um tapa por cima de Ricardo, abrindo o placar para os Three Lions.

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Empurrada por sua torcida, a seleção portuguesa não se assustou com o gol sofrido logo no princípio da partida e tentou imprimir seu ritmo em busca do empate. No entanto, as chances criadas esbarraram na marcação forte do time inglês.

Aos 26 minutos, Rooney se lesionou e precisou ser substituído, dando lugar a Darius Vassel. O volume ofensivo do time inglês caiu consideravelmente com a entrada do então atacante do Aston Villa. Ainda assim, Portugal demonstrava nervosismo na hora de construir jogadas, desde erros de passe até finalizações tortas, inclusive em lances de bola parada com Deco e Figo.

A melhor chance dos portugueses na etapa inicial foi com Maniche, em chute forte de fora da área, que James espalmou. A Inglaterra dava suas escapadas tímidas e também teve chance de ampliar com Owen, que parou em Ricardo. O primeiro tempo terminou com 1 a 0 a favor dos ingleses.

O jogo entre Portugal e Inglaterra reiniciou mais truncado, com pouco brilho de parte a parte no princípio do segundo tempo. Portugal seguia com erros técnicos que faziam a diferença para a manutenção do resultado e a Inglaterra conseguia se defender com suas duas linhas de quatro bem postadas, sem passar grandes apuros. Com 12 minutos, Phil Neville entrou na vaga do apagado Scholes.

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Diante da dificuldade encontrada para furar o bloqueio inglês, aos 11 do segundo tempo Scolari lançou o atacante Simão Sabrosa a campo na vaga de Costinha, abdicando do volante que falhou no gol adversário e que já jogava pendurado por ter recebido cartão amarelo àquela altura. O 1 a 0 seguia teimoso, até que o treinador brasileiro ousou ao substituir o ídolo Figo para a entrada do atacante Hélder Postiga, aos 30 do segundo tempo.

Do lado inglês, Eriksson fez sua última mexida, lançando Hargreaves para a vaga do amarelado Gerrard. Um minuto após esta substituição, a estrela de Felipão enfim brilhou. Aos 38 da etapa complementar, Simão cruzou para a área, Terry ficou plantado no chão e Postiga subiu bem posicionado para empatar o jogo em 1 a 1.

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Com a torcida ensandecida pela igualdade no placar, Scolari colocou o selecionado português ainda mais para frente, quando sacou o lateral Miguel e apostou no meia Rui Costa. Os portugueses queriam liquidar a fatura ainda no tempo normal. Porém, quem quase conseguiu isso foi a Inglaterra.

Aos 44 minutos do segundo tempo, Hargreaves sofreu falta no lado esquerdo do ataque inglês, próximo a lateral. Beckham cruzou na área, Campbell cabeceou no travessão. No rebote, o próprio Campbell venceu o goleiro Ricardo pelo alto e mandou para as redes. No entanto, o árbitro suíço Urs Meier assinalou falta de Terry sobre o goleiro português na disputa da jogada. Com o 1 a 1, a prorrogação era inevitável.

Prorrogação

O primeiro tempo da prorrogação de Portugal e Inglaterra transcorreu sem maiores emoções. Entretanto, o time português era quem tomava conta das ações buscando pressionar a Inglaterra, que insistia em bolas longas na expectativa de que Owen ou Vassel pudessem arrumar alguma coisa no campo de ataque. Nada feito. Em compensação, os últimos 15 minutos de bola rolando foram bem mais quentes.

Com três minutos do segundo tempo, Rui Costa cobrou escanteio na entrada da pequena área, Cristiano Ronaldo se desvencilhou da marcação e desviou de cabeça para o segundo pau, onde Postiga se atirou num peixinho rente a trave, mas Campbell salvou em cima da linha.

Na sequência, a Inglaterra tentou contra-atacar, sem sucesso. O jogo estava lá e cá no momento em que Rui Costa recebeu na região do círculo central, avançou conduzindo a bola, deixou Phill Neville para trás e encheu o pé para vencer o arqueiro James. A bola ainda bateu na trave antes de entrar.

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O gol do camisa 10 mais uma vez incendiou o Estádio da Luz. Com a necessidade de avançar em busca do empate, os ingleses deixavam espaços preciosos no meio após o gol sofrido. Aos 8 do segundo tempo, Simão quase aproveitou outro contra-ataque ao receber passe na ponta esquerda, trazer para dentro e finalizar. O chute do camisa 11 passou perto da meta de James. 2 a 1.

A todo vapor, o duelo histórico entre Portugal e Inglaterra ganhou seu capítulo final no marcador com bola rolando no lance seguinte. Beckham cobrou escanteio, Terry subiu mais que Cristiano Ronaldo e escorou para Lampard que, como se fosse um centroavante de ofício, dominou a bola na pequena área, girou e finalizou para o fundo da rede do goleiro Ricardo, devolvendo a igualdade ao placar.

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O 2 a 2 era o prenúncio de que a partida eletrizante só poderia ser decidida no drama dos pênaltis

Decisão por pênaltis

David Beckham abriu a série e na tentativa de estufar a rede com uma cobrança potente, isolou o chute que subiu para longe. Deco, Owen, Simão e Lampard guardaram as cobranças seguintes.

Quando Rui Costa tentou bater colocado, buscando o ângulo direito de James, exagerou na dose e jogou para fora, deixando a série empatada. As cobranças seguiram com gols de Terry e Cristiano Ronaldo. Nas alternadas, Hargreaves, Maniche, Ashley Cole e Postiga também converteram.

Após seis cobranças para cada lado, o goleiro Ricardo descalçou as luvas. Vassel buscou seu canto esquerdo, mas chutou mal e viu o camisa 1 espalmar. Nuno Valente se dirigia para a bola, quando o próprio goleiro português se prontificou a bater o pênalti decisivo para a seleção portuguesa.

Ricardo chutou no canto direito de James, que até saltou certo, mas não o suficiente para defender a forte cobrança. 6 a 5 em favor dos portugueses e fim de sonho para os ingleses.

O dilema dos pênaltis

A eliminação para Portugal nos pênaltis era a terceira da inglesa que acontecia na marca da cal em cinco competições oficiais disputadas desde 1996. Naquele ano, os ingleses caíram nos pênaltis para a Alemanha na semifinal da Eurocopa, jogando em casa.

O jogo havia ficado 1 a 1 no tempo normal e, coincidência ou não, o gol dos Three Lions, anotado por Alan Shearer, também saiu aos 3 minutos de jogo. Kuntz empatou para os alemães logo aos 16 minutos. A decisão por pênaltis também terminou 6 a 5, com Southgate, hoje técnico dos Three Lions, tendo sua cobrança defendida pelo goleiro Köpke.

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Nas oitavas de final da Copa do Mundo de 1998, na França, outra eliminação nas penalidades. A seleção da Inglaterra empatou em 2 a 2 no tempo normal contra a Argentina. Shearer e Owen marcaram para os ingleses, enquanto Batistuta e Zanetti marcaram para os argentinos. Nos pênaltis, 4 a 3 para os hermanos, com cobranças desperdiçadas por Ince e Batty.

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As exceções foram na Eurocopa de 2000, disputada na Holanda e na Bélgica; e na Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul em 2002. Na competição continental, os ingleses fizeram uma campanha decepcionante, sendo eliminados na primeira fase após perderem para Portugal e Romênia, conseguindo vitória apenas diante da Alemanha, que também foi eliminada na primeira fase do torneio.

Já na Copa de 2002, os ingleses caíram para o Brasil nas quartas de final, perdendo de virada por 2 a 1. Outro detalhe é que em todas estas competições o goleiro era David Seaman, tendo David James assumido a meta em competição oficial justamente na Euro de 2004.

Dois anos depois, na Copa do Mundo da Alemanha, um novo Portugal x Inglaterra aconteceria. Após 120 minutos de futebol válidos pelas quartas de final do mundial e um insistente 0 a 0, o jogo também foi para os pênaltis. Novamente a Inglaterra foi eliminada, com chutes desperdiçados por Lampard, Gerrard e Carragher.

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