Stats Perform
·30 de março de 2021
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·30 de março de 2021
Três seleções europeias se posicionaram, de maneira oficial, em protesto antes das suas partidas nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. Embora não seja partidário, o protesto tem conteúdo político e toca em temas delicados a respeito do tratamento dado aos imigrantes da região.
Segundo o jornal inglês The Guardian, milhares de trabalhadores imigrantes morreram durante a construção de estádios no Catar nos últimos anos, com o torneio principal marcado para ser realizado no país em 2022. Já a Anistia Internacional, organização não-governamental em prol dos direitos humanos, revelou que muitos trabalhadores vivem em condições precárias e chegam a ficar meses sem receber salários.
Antes do apito inicial do jogo contra a Letônia, a seleção da Holanda entrou em campo com uma camiseta escrita "Football Supports Change" (Futebol apoia a mudança).
Já a seleção norueguesa pediu "Human Rights on and off the pitch" (Direitos Humanos dentro e fora de campo).
A seleção alemã, da mesma forma, protestou. Com seus 11 jogadores titulares, escreveu "Human Rights" na junção de todos eles e mandou o recado.
O treinador da Noruega, Staale Solbrakken falou que o protesto era para "colocar pressão na Fifa para que sejam ainda mais diretos e mais firmes com as autoridades no Qatar, para impor normas mais estritas".
A Anistia Internacional enviou uma carta para a Fifa pedindo que a instituição reguladora do futebol tome providências pois muito do que está acontecendo no país tem relação direta com o evento idealizado pela entidade.
"A Fifa tem a responsabilidade de diminuir os riscos aos direitos humanos que crescem com o aumento dos negócios em setores criados pelo torneio. No mínimo, isso significa que a FIFA deve usar toda a extensão de sua influência para cobrar o Qatar para implementar e fazer cumprir com urgência as próprias reformas do governo para garantir que os direitos trabalhistas de todos os trabalhadores migrantes sejam protegidos", lê-se na cara da AI.
Tanto a Fifa, quanto o Supreme Committee for Delivery & Legacy (Comitê Supremo de Entrega e Legado) - responsável pelas obras da Copa do Mundo de 2022 - responderam sobre as alegações da reportagem do The Guardian e da Anistia Internacional.
"Com os protocolos e as medidas de segurança aplicadas nas obras, a frequência de acidentes nas construções da Copa do Mundo da Fifa sempre foi muito baixa se comparada a outros grandes projetos ao redor do planeta." respondeu a Fifa em um curto comunicado.
Já o comitê do governo qatari se estendeu mais sobre o assunto:
"Nós sempre fomos transparentes sobre a saúde e a segurança dos trabalhadores envolvidos nos projetos relacionados à Copa do Mundo Fifa Qatar 2022. Desde o início das obras em 2014, houveram três mortes ocasionados por acidentes e 35 que não envolveram as obras. O comitê investigou cada um dos casos e não irá repetir os mesmos erros do passado. O comitê também divulgou detalhes sobre cada um dos incidentes por comunicados oficiais e nos relatórios anuais sobre o progresso das relações de trabalho."
"As preparações para a primeira Copa do Mundo Fifa sediada no Oriente Médio e no Mundo Árabe já trouxeram inúmeros benefícios aos trabalhadores do Qatar, em projetos do comitê ou não. Alguns desses benefícios são a melhoria nas condições de moradia, o acompanhamento digital e inclusivo das condições médicas, planos inovadores de mitigação de calor e de estresse, treinamentos extensivos, programas de requalificação e uma garantia em reembolsar 48.883 trabalhadores contratados pelo comitê em 30 milhões de dólares relacionados a recrutamentos ilegais." "Com menos de dois anos até o início do torneio, nós continuaremos utilizando essa oportunidade para trazer mudanças concretas e um legado significativo para o futuro do país."