
Arena Rubro-Negra
·14 de julho de 2025
Por que o Vitória não aparece no EA FC? Entenda o impasse jurídico que deixa os clubes brasileiros de fora do jogo

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·14 de julho de 2025
Quem joga videogame e torce para o Vitória provavelmente já se fez essa pergunta: por que o Rubro-Negro não está presente no EA Sports FC, novo nome da franquia que substituiu o antigo FIFA nos consoles e PCs?
A resposta passa por um problema antigo, que ainda impede a presença dos clubes brasileiros na principal série de games de futebol do mundo.
Lançado em 2023, o EA Sports FC 24 estreou com mais de 11 milhões de usuários ao redor do mundo. O game manteve licenças de mais de 19 mil jogadores, 700 clubes, 100 estádios e 30 ligas, mesmo após a saída da FIFA do projeto. Mas os clubes do Brasil ficaram de fora — incluindo o Vitória, conhecido internacionalmente como um dos formadores de atletas mais importantes do país.
Rumores recentes sugerem que a EA Sports estaria tentando viabilizar a entrada dos clubes da Série A do Brasileirão e da Seleção Brasileira no EA FC 26, com previsão de lançamento para setembro de 2025.
Mas, segundo apuração da Máquina do Esporte, não há nenhuma negociação coletiva em andamento com a Libra ou a Liga Forte União (LFU) — os dois blocos que representam os clubes da elite no Brasil. A própria CBF, que detém os direitos da Seleção, também informou que não há acordo em vista.
O grande obstáculo está na legislação brasileira. Ao contrário de outros países, onde ligas e federações concentram os direitos de imagem, a Constituição brasileira exige que esses direitos sejam negociados individualmente, tanto com os clubes quanto com os jogadores.
“A legislação atual do país prevê que os direitos de imagem precisam ser debatidos individualmente”, explica Marcelo Mattoso, advogado especializado em mercado de games e e-Sports.
Ou seja: mesmo que a EA conseguisse fechar com todos os clubes, ainda precisaria negociar jogador por jogador. Isso torna o processo caro, demorado e, muitas vezes, inviável.
Quem jogava nos anos 90 lembra: os clubes brasileiros até apareciam, mas com nomes fictícios. O Flamengo virava “Domingos”, o São Paulo era “Brancos”, e o lendário Allejo — inspirado em Bebeto — brilhava no game da Konami. Com o avanço da tecnologia e a globalização, esse tipo de atalho deixou de ser aceitável legalmente.
Hoje, qualquer uso de nome, escudo ou imagem sem autorização pode gerar processos e sanções pesadas.
A entrada do Vitória no game depende de um acordo coletivo da liga (quando o clube estiver na Série A) e da autorização dos seus atletas. A criação de blocos como a Libra e a LFU já facilita o lado institucional, mas o maior desafio segue sendo o licenciamento com os jogadores — especialmente os mais famosos.
Segundo Mattoso, uma possível saída seria a EA fechar primeiro com a maioria dos atletas menos conhecidos, garantindo 98% do elenco, e negociar depois com os destaques individualmente.
Por enquanto, no entanto, o torcedor rubro-negro segue esperando o dia em que poderá ver o Leão da Barra digitalmente escalado para um Brasileirão licenciado no EA Sports FC.