Trivela
·02 de março de 2022
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Durante o final de semana, surgiram rumores de que o Zenit havia encerrado o contrato de Yaroslav Rakitskiy. O zagueiro fez manifestações em prol da Ucrânia nas suas redes sociais e isso teria causado ruído no clube russo – de propriedade da Gazprom, estatal que é a maior empresa do país. Diante das especulações, o próprio Zenit negou a demissão. Porém, nesta quarta-feira, os celestes anunciaram o rompimento a pedido de Rakitskiy. A motivação não foi explicitada na nota oficial, mas parece clara com o desenvolvimento da guerra.
“Yaroslav Rakitskiy requisitou um fim antecipado de seu contrato e isso foi aceito pelo clube. Ele se juntou ao Zenit em janeiro de 2019 e disputou 108 partidas, marcou sete gols e deu 15 assistências como jogador celeste. Enquanto esteve em São Petersburgo, ele ganhou três títulos do Campeonato Russo, a Copa da Rússia e duas Supercopas. O clube e nossos torcedores gostariam de agradecer Yaroslav Rakitskiy por sua passagem aqui e reconhecem o profissionalismo e a paixão que ele demonstrou conosco. Sinceramente desejamos o melhor a Yaroslav, seus amigos e sua família”, afirma o texto publicado pelo Zenit.
Rakitskiy nasceu em Pershotravensk, cidade no leste da Ucrânia. A carreira do defensor se desenvolveu nas categorias de base do Shakhtar Donetsk, chegando ao clube com 14 anos. O zagueiro estreou pela equipe profissional em 2009 e atuou por nove anos com os Mineiros, participando de algumas das principais conquistas do clube e se tornando um símbolo junto à torcida. Quando a guerra civil no leste da Ucrânia começou, Rakitskiy permaneceu no elenco durante o período de desterro. Isso até assinar com o Zenit em janeiro de 2019.
A transferência de Rakitskiy para o Zenit não foi bem vista na Ucrânia. O defensor chegou a ser chamado de traidor, por se mudar ao país que fomentava os conflitos na região de Donetsk e que clamava soberania sobre a Crimeia. Em meio ao imbróglio, o defensor deixou de ser chamado para a seleção ucraniana. Existiam discussões se havia um boicote deliberado ao beque por atuar em São Petersburgo. Em 2019, o veterano optou por se aposentar da equipe nacional, com 54 partidas disputadas e presença em duas edições da Eurocopa.
Rakitskiy construiu uma idolatria no Zenit. O defensor era considerado um dos principais jogadores do clube e sua contratação se tornou decisiva para o atual tricampeonato na liga russa. No entanto, com o início da invasão na última semana, Rakitskiy preferiu não se calar. O zagueiro postou uma imagem da bandeira da Ucrânia em suas redes sociais na última quinta-feira e ficou apenas no banco no duelo contra o Betis pela Liga Europa. Já nesta segunda-feira, pelo Campeonato Russo, o beque sequer foi relacionado pelos celestes.
Aos 32 anos, Rakitskiy ainda tem mercado e pode ser um reforço interessante a clubes de ligas importantes da Europa. Outro ucraniano do Zenit é o ex-volante Anatoliy Tymoshchuk, antigo ídolo do clube e atual assistente. Por enquanto, ele permanecesse na comissão técnica. O próprio técnico Sergey Semak nasceu em Luhansk, atual cidade ucraniana que fazia parte da União Soviética, mas se identifica como russo e, além de ter atuado pela seleção da Rússia, desenvolveu sua carreira profissional no país.
Outros quatro jogadores ucranianos permanecem com contrato na primeira divisão do Campeonato Russo: Ivan Ordets (Dynamo Moscou), Dmytro Ivanisenya (Krylya Sovetov Samara), Artem Polyarus (Akhmat Grozny) e Denys Kulakov (Ural Ecaterimburgo). Entre aqueles que rescindiram seus contratos recentemente também está Andriy Voronin, assistente técnico do Dynamo Moscou que deixou o cargo e viajou para a Alemanha.