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·01 de agosto de 2022

Pochettino: “Tudo no PSG gira em torno da Champions e às vezes isso distrai um pouco”

Imagem do artigo:Pochettino: “Tudo no PSG gira em torno da Champions e às vezes isso distrai um pouco”

Em sua primeira entrevista desde que saiu do Paris Saint-Germain, o técnico Mauricio Pochettino fez um balanço positivo dos 18 meses em que trabalhou no Parque dos Príncipes e afirmou ao site Infobae que a obsessão do PSG pela Champions League às vezes é uma distração. Também elogiou clubes que apostam em um projeto esportivo, citando o Manchester City, e acredita que a derrota para o Real Madrid nas oitavas de final da Champions League não foi necessariamente um problema psicológico do seu time.

Mauricio Pochettino assumiu o PSG em janeiro de 2021 e conquistou três títulos: a Supercopa da França, a Copa da França e o Campeonato Francês que levou o clube da capital a igualar o Saint-Étienne como o maior campeão do país. Na Champions League, foi eliminado pelo Manchester City na semifinal e depois pelo Real Madrid nas oitavas, após ter ganhando o jogo de ida e aberto 2 a 0 no agregado.


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“Eu acredito que foi (uma experiência) muito positiva. Sempre temos que aproveitar as experiências e aprender com elas. Somos seres racionais, temos que pensar dessa forma. No aspecto esportivo, ganhamos a Copa, a Supercopa e a Liga em um ano e meio, mas, bom, claro que o projeto do PSG passa por ganhar a Champions e tudo que não seja ganhar a Champions sempre será pensado como um fracasso”, disse.

“Em todo caso, é um fracasso de 50 anos, não apenas da última temporada, porque o PSG, sobretudo nos últimos dez, 11 anos, com a chegada dos novos donos, tem como objetivo ganhar a Champions e acredito que conseguirá porque os recursos estão ali, mas às vezes o futebol não é como se pensa que pode ser, mas há fatores que não é possível controlar. Mas insistindo ano a ano, o PSG com certeza poderá conseguir o sonho de ganhar uma Champions”.

“Também temos que compreender que no projeto do PSG, à medida em que avança, a paciência é cada vez menor, a exigência é maior, mas as circunstâncias são as que são. Dominar a liga francesa ou as competições domésticas, nem mesmo a própria torcida dá a importância que merece. Nós ganhamos este ano o décimo título, que iguala historicamente ao Saint-Étienne, os dois times que mais ganharam títulos na liga francesa. São dez títulos. Não estamos falando de 50. Estamos falando de apenas dez títulos”.

“Então eu acho que subestimam muito, não dão valor, mas claro, quando ganha é uma obrigação, se não ganha parece que foi um desastre total. Não existe nem essa empolgação para ganhar. Tudo gira em torno da Champions e às vezes isso distrai um pouco e essa exigência parece que existe apenas na prévia da Champions e nas demais competições parece que a superioridade do PSG, que teve e demonstrou nos últimos dez anos, é como se não exigisse muito. Nem na parte externa e nem na parte interna às vezes é fácil encontrar a motivação”, completou.

Pochettino havia acabado de começar o seu trabalho quando as expectativas, que já eram muito altas, dispararam com as chegadas de nomes como Lionel Messi e Sergio Ramos, e na opinião dele, isso também não ajudou. Os compromissos com as seleções também não.

“O que aconteceu é que queriam que ganhasse por 5 a 0 antes de começar o jogo. Em seguida, houve uma diferença de circunstâncias. Ano passado, os jogadores chegaram depois de disputar uma Eurocopa e uma Copa América. Nós estávamos há um mês e meio de competição quando os jogadores estavam moderadamente começando a entrar em forma, depois viajando todos os meses para jogar duas ou três partidas de Eliminatórias”, disse.

“Nós tínhamos muitos jogadores de Brasil e Argentina e 90% era de seleções. Foi impossível treinar nos primeiros seis meses. Era impossível. Acredito que quando estivemos melhor, quando tivemos mais tempo para trabalhar e colocar tudo em sintonia, foi quando acabamos eliminados contra o Real Madrid e acabamos ganhando a liga por 15 pontos, mas isso não importava mais. Agora estamos vendo a pré-temporada do PSG e todos os jogadores do elenco estão lá desde o primeiro dia. É um ano em que existe a possibilidade de trabalhar e ano passado não existiu a possibilidade de trabalhar. Não é uma desculpa, mas são elementos que estão aí”, acrescentou.

Embora diga que tenha sido sempre bem tratado pela direção do PSG, não deixou de expressar um pouco de inveja de outros projetos. “Há equipes que confiam, como Liverpool e Manchester City, em projetos de longo prazo e lhe dão a possibilidade. Eu sempre faço a comparação. Nós ganhamos a liga com o PSG por 15 pontos de diferença. Perdemos para o Real Madrid e obviamente sabemos que teríamos problemas. O City foi eliminado pelo Real Madrid, levou três gols em cinco minutos, mas na semana seguinte, compraram o Haaland e estão dando ao técnico a capacidade de se reinventar mais uma vez, de buscar soluções e ganhando a liga inglesa, como o PSG ganhou a francesa”, afirmou.

“Os projetos são diferentes. Tem um Manchester City que confia em um treinador que está lá há sete anos e um PSG ao qual você tem que chegar e ganhar. E ganhar a Champions, não a liga. É diferente e eu assumo. Não é uma crítica. Quando chegamos ao PSG, sabíamos que tínhamos que tentar ganhar a Champions se quiséssemos seguir com o projeto”, completou.

O PSG teve bons períodos nos dois jogos contra o Real Madrid nas oitavas de final da Champions League, mas foi eliminado após ter aberto 2 a 0 no placar agregado. Questionado se o problema foi a falta de um profissional da psicologia para trabalhar a cabeça dos jogadores, disse: “Bom, têm que colocar um psicólogo no Chelsea, tem que colocar um psicólogo no Manchester City, tem que colocar um psicólogo no Liverpool e se voltarmos nas últimas Champions também, tem que por um psicólogo em todos os times que enfrentaram o Real Madrid. Eu acredito que as circunstâncias no futebol acontecem e (às vezes) não dá para controlar”.

Ele acredita na influência do trabalho psicológico no futebol, mas que nem sempre é isso que fez a diferença. No caso do Real Madrid, responsável por incríveis reviravoltas na última Champions League, citou o time que não tem nada a perder e começa a correr riscos e o outro que foca em proteger a sua vantagem. E no caso específico do PSG, insiste que houve falta de Benzema em cima de Gianluigi Donnarumma no gol que deu início à reação merengue.

“Acredito que a falta de Benzema em Donnarumma existiu e se tivesse sido revisada pelo assistente de vídeo, agora estaríamos falando de outra coisa, da eliminação do Real Madrid, mas esse foi um gatilho que deu muita confiança ao Real Madrid, uma energia diferente em seu estádio e claro que nós cometemos algum tipo de erro, mas o futebol é assim e não tem que pensar além do que é uma análise futebolística. É um jogo no qual, muitas vezes, o fator sorte e obviamente o fator emocional influenciam, mas não acredito que seja um problema tão óbvio ou detectável para que se tenha que recorrer a um especialista do setor, digamos, psicológico para trabalhar”, disse.

“Acredito que esses são tópicos que no futebol são utilizados facilmente, mas eu gostaria de saber a resposta de pessoas que influenciam nisso porque desde que me entendo por gente, e tenho 50 anos, escuto muito falarem sobre o aspecto psicológico no futebol, mas até agora ninguém encontrou essa solução, nem deu as diretrizes para dar aos times ou aos coletivos recursos ou ferramentas para poder mudar em um determinado momento. Isso é algo que continuará existindo porque são muitos fatores que interferem. O jogo é um contexto de emoções, como sempre dissemos, e nunca vão encontrar uma solução ou uma chave que possa mudar os momentos quando as necessidades exigirem”, afirmou.

Pochettino retornou ao PSG quase 20 anos depois de sua passagem como jogador. Chegou a um clube totalmente diferente, mas que não perdeu a sua essência, segundo o ex-zagueiro. “Os torcedores, o que é Paris, o que essas cores transmitem, essa camiseta, para mim é uma das mais bonitas que existem. Lembro que há 20 anos tínhamos Ronaldinho, Anelka, Okocha, e uma lista de craques. Sempre houve grandes figuras. A única coisa que mudou um pouco agora é a expectativa, que é a Champions, a Champions, a Champions. A obsessão pela Champions e tudo que não seja ganhar a a Champions é sinônimo de fracasso. Acredito que fizemos um trabalho no qual fomos muito honestos, trabalhamos o que poderíamos e tivemos essa desgraça desses últimos minutos contra o Real Madrid”.

“Chegamos a uma semifinal ano passado, quando Mbappé se lesiona no jogo de contra o Manchester City e não conseguimos chegar à final, depois de eliminar Barcelona e Bayern de Munique. Ou seja, acredito que fizemos um bom trabalho, talvez não reconhecido externamente porque a expectativa era ganhar a Champions”, encerrou.

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