Jogada10
·04 de fevereiro de 2025
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Gerard Piqué, acionista majoritário do FC Andorra, travou uma batalha com o governo local em defesa de melhores condições ao clube. O ex-zagueiro lançou uma espécie de ultimato e deixou em aberto o futuro do time no Principado caso não receba os mesmos suportes financeiros concedidos ao rugby.
O ex-zagueiro se tornou acionista majoritário da equipe em dezembro de 2018, a partir de um negócio avaliado em torno de R$ 2,6 milhões. Sócios do FC Andorra aprovaram a venda do clube para o grupo Kosmos – cujo principal sócio é Gerard. Fundado em 1942, o time obteve reconhecimento pela forte ligação com a Catalunha.
As divergências estão relacionadas principalmente à utilização do Estádio Nacional, dividido entre o futebol e o rugby. O governo descarta a possibilidade de deixar o local para uso exclusivo do clube de Gerard, enquanto o espanhol cobra solução imediata para as péssimas condições do gramado. O ex-jogador nega exigências unilaterais e cobra por investimentos igualitários.
“Se o Governo de Andorra não nos der uma solução imediata, tomaremos decisões. Não podemos continuar assim, nem aceitar este tratamento. Estamos aqui há seis anos e demonstramos amplamente que se trata de um projeto sério. Queremos investir no clube e no país, nosso histórico nos apoia. Assim, sairemos daqui”, e prosseguiu:
“Somos o projeto esportivo mais importante do país. As condições que jogamos hoje… uma vergonha. Tivemos jogo de rugby ontem e as equipes treinaram aqui ontem. Não acho justo. O projeto que trabalha no dia a dia e que investe mais no estádio, recebe um gramado assim”, criticou em coletiva de imprensa após o empate sem gols com Ourense.
Os governantes locais trabalham com a ideia de transferir o FC Andorra às instalações do Encamp, com obra prestes a ser finalizada pela Federação Andorrana de Futebol (FAF). A mudança, porém, só ocorreria após o período de vigência do acordo entre o clube e o Estádio Nacional.
Xavier Esport, chefe do Governo de Andorra, criticou a postura de Piqué, porém não demonstrou-se surpreso com o ‘autoritarismo’ do empresário.
“Ele fez isso uma vez através das redes sociais e ontem fez isso com uma aparição unilateral sem permitir perguntas. Lamentamos que este senhor, que afinal não aparece muito neste país e faz poucas declarações, quando as faz, fica sempre nesse sentido”, rebateu Esport.
“O que um clube privado não pode é esperar que o Governo disponibilize instalações públicas para eles ou construa estádio. Não temos tal responsabilidade, tampouco faz parte do nosso trabalho”, completou.
As trocas de farpas prosseguiram, e Gerard utilizou as redes sociais para novamente retrucar Xavier Esport. O agora empresário respondeu o chefe de Governo através de um recorte da entrevista concedida pelo mesmo.
“Além dos mais de 4 milhões de euros que investimos nas instalações, o único investimento significativo feito em Prada de Moles ou no Estádio Nacional desde a nossa chegada saiu da Câmara Municipal de Encamp. Para arranjar os balneários, no valor de 500 mil”, iniciou.
“Nunca pedimos o uso exclusivo do Estádio Nacional. O que queremos é que, se compartilharmos o Estádio, também compartilhemos a manutenção e não paguemos pela festa toda. Ninguém nunca lhe pediu para construir um estádio”, e completou:
“Se por países ao nosso redor você quer dizer Espanha, aqui estão os dados. Na 1a RFEF, se removermos as subsidiárias, todos os outros 29 times jogam em estádios públicos. Se formos para a Segunda Divisão, temos 19 dos 22 estádios públicos. Apenas Levante, Elche e Huesca os possuem. Andorra está muito bem estabelecida para que a verdade seja ignorada. Claro que queremos que FC Andorra permaneça no país, mas não a qualquer preço”.
Esport desmentiu parte das alegações do ex-zagueiro em nova entrevista, bem como fez Mònica Bonell, ministra da Cultura, Juventude e Desportos. “Falas que não honram a verdade”, iniciou.
“Dedicamos muitos recursos e tempo ao FC Andorra. Parecem que eles querem desviar a atenção, pois não passam por bom momento esportivo. O clube sabe que há anos precisa resolver a situação do estádio e não está a fazê-lo”, e completou:
“O Estádio seguirá público. O rugby já estava lá antes de Piqué assumir o controle do FC Andorra. Não os expulsaremos para que fiquem com o lugar para eles. Apostaremos o máximo que pudermos, mas não sob ameaças sem quaisquer justificativas. Tais declarações causaram desconforto”.
Já Mònica Bonell garantiu que “não há possibilidade” de manter a equipe tricolor na infraestrutura da Baixada de Molí. Ela reforçou a sensação de desconforto com o tom usado por Gerard e o acusou de agir de forma pejorativa.