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·21 de maio de 2022

Peritos divergem sobre acusação de injúria racial envolvendo jogador do Corinthians

Imagem do artigo:Peritos divergem sobre acusação de injúria racial envolvendo jogador do Corinthians
  1. Por Larissa Beppler / Redação da Central do Timão

Após a acusação de injúria racial registrada pelo jogador Edenílson, do Internacional, contra o lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, na última partida entre as equipes pelo Campeonato Brasileiro, no Estádio Beira-Rio, o clube alvinegro contratou o Centro de Perícias de Curitiba para analisar as imagens do lance envolvendo os atletas.

O laudo de 12 páginas foi divulgado pela Gazeta Esportiva e assinado por Anderson Marcondes Santana Júnior, Daniela Cristina Silva Lima Ramos Guidugli e Giovana Giroto, profissionais que possuem deficiência auditiva bilateral de grau severo a profundo desde a infância.


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De acordo com os peritos, segundo as imagens analisadas, não é possível que a letra “m”, inicial da palavra “macaco”, tenha sido pronunciada por Rafael Ramos, independentemente do sotaque português do atleta.

A transcrição acima conclui que a fala questionada se trata da expressão ‘Pô, caralho’ e não há menção da palavra ‘macaco’, como supostamente foi alegado, no trecho da discussão do vídeo analisado. A letra ‘m’, por ser considerada bilabial em sua pronúncia, necessariamente ocorrerá a junção dos lábios na fala, sendo impossível emitir o som da palavra sem tocar os lábios”, conclui o trecho do laudo.

Ainda conforme o parecer do Centro de Perícias de Curitiba, a íntegra da conversa entre Rafael Ramos e Edenílson foi a seguinte:

Rafael Ramos: “Eiii…”Rafael Ramos: “Cê tá loco?!”Edenílson: “Maluco!”Rafael Ramos: “Pô, caralho!

Já o perito judicial Roberto Meza Niella, especialista em leitura labial e diretor de consultoria pericial, revelou à Rádio Gaúcha não ter dúvida de que Rafael Ramos cometeu injúria racial ao se dirigir a Edenílson.

Eles estão de frente para a câmera e é possível ler o posicionamento dos lábios do Ramos. Podemos identificar de forma tênue a frase que todo mundo está dizendo, que é a palavra ‘macaco’. E vem na sequência um palavrão que não fica muito claro na definição dos lábios dele. Temos que tomar esse cuidado, mas me parece que é ‘do caralho’. A frase completa seria ‘macaco do caralho’.”

Cada som da nossa fala tem características articulatórias e fonológicas muito particulares, o que permitem, dependendo da qualidade da imagem, identificar o que a pessoa diz naquele determinado momento. Tivemos acesso a todos eles e fizemos uma análise passo a passo, quadro por quadro, daqueles vídeos para poder determinar o que foi dito pelo jogador do Corinthians”, garantiu Meza Niella, o mesmo perito responsável por analisar a denúncia do meia Gérson, do Flamengo, contra o Ramírez, do Bahia, em 2020.

Daniel Bialski, advogado do Corinthians no caso, afirmou à Gazeta Esportiva que Rafael Ramos não deveria ter sido preso e pode mover uma ação contra o delegado Carlo Butarelli, responsável pelo caso no Beira-Rio.

Foi abuso. Crucificou o Rafael sem uma prova efetiva. O que eles fizeram, na minha interpretação, o delegado agiu de forma arbitrária. Ele vai responder por isso? Se o jogador entender que tem de ser responsabilizado, eu vou representar para a corregedoria, e ele vai ter de se explicar. Faltou jogo de cintura para as autoridades envolvidas. Injúria racial é um ato gravíssimo, mas você tem de ter certeza disso.”

Além dos peritos, também as diretorias dos clubes envolvidos divergiram sobre a condução do caso. Enquanto o Corinthians se posicionou a favor das investigações, a fim de evitar julgamento prévio, a diretoria colorada afirmou, por meio de nota oficial, que houve racismo.

É importante ressaltar que o laudo utilizado pela Polícia Civil no inquérito não será o mesmo contratado pelo Corinthians, tampouco a avaliação de Roberto Meza Niella. O caso segue em investigação pelas autoridades e o parecer oficial virá por meio do trabalho do Instituto Geral de Perícias (IGP). Não há prazo para a conclusão da análise.

Confira o laudo realizado pelo Centro de Perícias de Curitiba:

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