Trivela
·14 de outubro de 2022
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O Sudão do Sul ganhou sua independência em 2011, se tornando o estado soberano mais jovem do mundo desde então. A seleção local fez sua estreia em 2012 e, há uma década, figura nas competições continentais da África. Os resultados de seu time principal não são muito expressivos, com apenas sete vitórias em eliminatórias da Copa Africana de Nações e nenhuma nos qualificatórios para a Copa do Mundo. Os triunfos contra Guiné Equatorial e Uganda são os maiores orgulhos das Estrelas Brilhantes neste ínterim. A garotada da base, entretanto, garantiu um feito inédito nesta semana. Os sul-sudaneses disputarão pela primeira vez um torneio continental, classificados para o Campeonato Africano Sub-17.
Até pela história de guerras e pobreza no Sudão do Sul, muitos dos talentos com origem no país se desenvolveram em outros territórios. No futebol, a Austrália é quem apresenta os principais nomes com origem sul-sudanesa. Awer Mabil nasceu num campo de refugiados no Quênia, antes de se mudar para o novo país aos 11 anos. O ponta do Cádiz é nome forte para a Copa do Mundo. Já a provável sensação dos Socceroos é Garang Kuol, atacante de 18 anos que nasceu no Egito também como refugiado. O prodígio ganhou as primeiras chances na última Data Fifa e recentemente acertou sua transferência para o Newcastle.
A seleção principal do Sudão do Sul possui seus principais jogadores em atividade nas ligas africanas, com poucos representantes em países europeus e asiáticos. Além disso, muitos jogadores cresceram como refugiados e optaram pela seleção adulta sul-sudanesa por suas relações familiares. As Estrelas Brilhantes no máximo disputaram a Copa Cecafa, torneio que reúne países da África Oriental. Já o time sub-17 concentra seu elenco em atletas que já passaram a maior parte de suas vidas no país independente. E são eles que garantem os frutos neste momento, com o feito inédito no âmbito continental.
O Sudão do Sul sequer conseguiu vencer nas eliminatórias do Campeonato Africano Sub-17, mas ainda assim se classificou. Durante a fase de grupos, o time perdeu por 4 a 1 para Uganda, mas avançou no saldo de gols após empatar por 1 a 1 com Burundi, já que os concorrentes tinham tomado 4 a 0 contra os ugandenses. Nas semifinais, as Estrelas Brilhantes decidiram a vaga contra a Tanzânia e, depois do empate por 1 a 1, venceram por 4 a 3 nos pênaltis. Foi o que selou a classificação para a fase decisiva do torneio continental. Curiosamente, Uganda também ficou pelo caminho ao cair nos pênaltis diante de outra zebra, a Somália, responsável por despachar também a anfitriã Etiópia. Os somalis não disputavam uma competição continental em qualquer categoria masculina desde o Africano Sub-20 de 1987. É igualmente relevante para um país em guerra civil.
“Estamos felizes por fazer história hoje, porque Sudão do Sul é um jovem país de 11 anos”, declarou o técnico Bilal Felix Komoyangi, à CAF. “Os garotos se prepararam muito bem para esse dia, é por isso que alcançamos o resultado. Classificar meu time não foi fácil – estou maravilhado e não posso expressar o nível de empolgação no meu coração. Eu apenas parabenizo os rapazes e me concentro na final contra a Somália. Ter a Somália como nossos oponentes na final significa muito. Faremos nosso melhor para assegurar que nosso país esteja orgulhoso”.
Sudão do Sul e Somália são os dois estreantes confirmados no Campeonato Africano Sub-17. Os outros concorrentes garantidos até o momento serão de peso: Argélia, Egito, Nigéria, Burkina Faso, Senegal e Mali. A competição acontecerá em abril de 2023 e classificará quatro equipes para o Mundial Sub-17, a ser realizado no Peru. Será uma ocasião para os sul-sudaneses sonharem, mesmo com a história recente de sua equipe nacional.