Para coroar seu centenário, a Lazio bateu o Manchester United e levou a Supercopa Uefa de 1999 | OneFootball

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Calciopédia

·22 de março de 2023

Para coroar seu centenário, a Lazio bateu o Manchester United e levou a Supercopa Uefa de 1999

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Muitos clubes italianos conquistaram títulos importantes na década de 1990, período de ouro do futebol na Velha Bota. A Lazio não fugiu à regra. Completando seu centenário de fundação em 2000, viveu o começo perfeito naquela temporada, ao faturar de forma inédita a Supercopa Uefa de 1999, batendo o poderoso Manchester United, detentor da Champions League àquela altura.

Antes de chegar ali, a equipe comandada por Sven-Göran Eriksson recebeu investimento pesado, num ciclo iniciado em 1992, antes mesmo da contratação do técnico sueco. Com a aquisição da agremiação por parte do empresário Sergio Cragnotti, dono da Cirio, grandes nomes foram contratados. A pedido do nórdico, que assumiu os biancocelesti em 1997, chegou Roberto Mancini, a quem treinou na Sampdoria. Na mesma janela de mercado, Matías Almeyda, Giuseppe Pancaro e Alen Boksic aportaram na Cidade Eterna.


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Além dos reforços, o elenco já contava com outros jogadores de altíssimo nível. Por exemplo, Alessandro Nesta era o grande pilar defensivo e capitão. Pavel Nedved e seu talento fora da curva levava criatividade para o meio-campo. Lá na frente, Marcelo Salas, adquirido em 1998, se consagraria como o talismã, marcando gols importantes no período.

Para chegar na Supercopa, a Lazio provou o sabor de outra conquista continental: venceu a Recopa Uefa, que em 1998-99 teve a sua última edição, antes de ser extinta. No caminho, a equipe celeste superou adversários modestos, como Lausanne, Partizan, Panionios e Lokomotiv Moscou, enfrentando, na final, o Mallorca de Héctor Cúper, sensação da temporada. A decisão foi disputada em Birmingham, no estádio do Aston Villa, o Villa Park, e o clube da capital venceu por 2 a 1, graças aos gols de Christian Vieri e Nedved.

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O chileno Salas saiu do banco para decidir a competição a favor da equipe italiana (imago/Contrast)

O título permitiu a participação na Supercopa e o enfrentamento, em jogo único, com o campeão da Champions League. O Manchester United foi o vencedor daquela edição da principal competição da Uefa, numa final surreal, ganha com dois gols anotados sobre o Bayern Munique apenas nos acréscimos. Estrelado, o time inglês era treinado por Sir Alex Ferguson e contava com grandes astros do futebol mundial, como David Beckham, Andy Cole, Roy Keane e Jaap Stam – que, mais tarde, seria zagueiro de Lazio e Milan. A tarefa não seria fácil.

Sem Vieri, vendido para a Inter, a Lazio aterrissou no Principado de Mônaco, local da disputa da Supercopa Uefa, com mais reforços de peso a tiracolo: Diego Simeone, vindo da própria Beneamata, e Juan Sebastián Verón, adquirido junto ao Parma, eram os principais. O experiente zagueiro Roberto Néstor Sensini, colega de La Brujita na Emília-Romanha, foi o terceiro argentino contratado na janela e, por fim, um jovem Simone Inzaghi chegava como aposta, depois de 15 gols marcados na Serie A pelo Piacenza.

A formação titular de Eriksson para o duelo com os Red Devils se dispunha no tradicional 4-4-2. Luca Marchegiani fechava a meta, enquanto Paolo Negro, Nesta, Sinisa Mihajlovic e Pancaro ocupavam a primeira linha de defesa. Mais à frente, Almeyda fazia dupla com Verón. Abertos, Nedved e Dejan Stankovic podiam ser extremamente perigosos pela capacidade de finalizarem de fora da área. Inzaghi e Mancini foram escolhidos como uma dupla de ataque mais ágil – porém, essa ideia não vigorou por muito tempo.

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Nesta quase não precisou suar o uniforme num jogo dominado pela Lazio a partir de meados do primeiro tempo (Allsport)

O jogo começou com trocação e chances para os dois lados. Teddy Sheringham era o mais perigoso no Manchester United e obrigou Marchegiani a sair das traves para evitar um gol. Mas a principal oportunidade foi para os italianos: Raimond van der Gouw foi dar um chutão e acabou acertando a bunda de Mancini. Após rebater no traseiro do atacante, a bola pingou e caiu na parte de cima da rede, salvando o arqueiro dos Red Devils de amargar um papelão. Na origem do lance, Inzaghi levou uma cotovelada de Stam numa disputa e, com nariz quebrado, precisou deixar o campo, dando lugar a Salas. A substituição mudaria tudo.

Até Salas esquentar, o Manchester United assustou numa cabeçada de Cole e Mihajlovic emendou um chute venenoso em cobrança de falta. Mas, aos 35, o placar se mexeu quando Mancini apareceu de novo, desta vez para servir o talismã chileno. Recebendo um lançamento longo, escorou de cabeça para o meio da área e lá estava o sul-americano. O camisa 9 foi rápido ao dominar e bateu forte, sem deixar a bola cair. O goleiro holandês aceitou e a ela entrou bem próximo ao centro da meta. No toma lá dá cá, quem marcou primeiro terminou rindo por último, apesar dos sustos.

Os ingleses emendaram duas chances em sequência. Primeiro, Sheringham escapou pela esquerda e chutou rasteiro, para defesa segura de Marchegiani. Depois, a exigência foi maior: em cruzamento na área, o baixinho Paul Scholes subiu sozinho e cabeceou bem, forçando uma excelente intervenção. No último lance da metade inicial, Salas saiu na cara do gol, mas se atrapalhou para finalizar. Ele acabou sendo derrubado por Van der Gouw. A arbitragem entendeu o forte contato como lance normal.

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A Supercopa foi a segunda competição Uefa vencida pela Lazio (Allsport)

No segundo tempo, os biancocelesti começaram em cima – e, na verdade, passaram a controlar o jogo quase sem oposição. Nedved voltou em outro nível: forçou uma defesaça do goleiro holandês em uma bomba de longe e, em outro lance, encontrou um passe magistral para Salas. Na sua terceira oportunidade de marcar, o chileno perdeu um gol inacreditável: driblou o arqueiro e, com a baliza aberta, errou o alvo. Stankovic ainda tentou completar, mas, já com a zaga fechando o ângulo, acertou a parte externa da rede.

Após isso, o duelo esfriou bastante e Eriksson resolveu fechar um pouco mais a casa, tirando Nedved e colocando Simeone para reforçar o meio-campo. As chaves do setor foram confiadas totalmente a Verón e, com sua classe, La Brujita, cozinhou a partida, girando a bola e ditando o seu ritmo – de modo que acabou sendo escolhido pela Uefa como o melhor da Supercopa. A última chance do jogo ainda foi dos laziale, que ameaçavam no contra-ataque. Em uma bela chapada de Mancini, Van der Gouw foi exigido de novo e evitou uma desvantagem maior. E ficou nisso.

O começo da temporada vitoriosa do centenário não poderia ser melhor. Triunfo sobre um gigante europeu e um título que daria um belo gás para outras conquistas históricas daquele ano. Em 2000, aquela incrível Lazio ainda foi capaz de fazer a dobradinha nacional, conquistando a terceira Coppa Italia da história da agremiação e o seu segundo scudetto, 26 anos após o primeiro.

Manchester United 0-1 Lazio

Manchester United: Van der Gouw; G. Neville, Berg, Stam (Curtis), P. Neville; Beckham (Cruyff), Keane, Scholes; Cole (Greening), Sheringham, Solskjaer. Técnico: Sir Alex Ferguson. Lazio: Marchegiani; Negro, Nesta, Mihajlovic, Pancaro; Stankovic, Verón, Almeyda, Nedved (Simeone); Mancini (Lombardo), Inzaghi (Salas). Técnico: Sven-Göran Eriksson. Gol: Salas (35’) Árbitro: Ryszard Wójcik (Polônia) Local e data: estádio Louis II, Mônaco, em 27 de agosto de 1999

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