Pandemia gerou estagnação na Championship e quem teve algum tipo de continuidade acabou se sobressaindo | OneFootball

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Trivela

·11 de maio de 2021

Pandemia gerou estagnação na Championship e quem teve algum tipo de continuidade acabou se sobressaindo

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A segunda divisão inglesa é uma longa maratona. Talvez seja a liga mais imprevisível da Europa. Era de se pensar que as circunstâncias da pandemia, sem a essencial fonte de renda da bilheteria, levariama a uma insanidade ainda maior, mas foi o contrário: gerou estagnação. Após 46 rodadas, a Championship pode terminar mais ou menos como estava ano passado. Dois dos três clubes rebaixados da Premier League já garantiram o acesso (Norwich e Watford) e o outro (Bournemouth) está classificado aos playoffs.


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Apenas como curiosidade, aliás, dois dos três promovidos na temporada passada já foram rebaixados (West Brom e Fulham). Apenas o Leeds escapou dessa. Lá para baixo, o cenário foi parecido. Wycombe Wanderers e Rotherham United voltaram à League One imediatamente. Apesar dos esforços do Derby County, o terceiro rebaixado foi o Sheffield Wednesday, com seis pontos deduzidos por irregularidades financeiras. O Coventry City se manteve. Rebaixado à Terceirona, o Hull City também retornou em apenas uma temporada, e o Charlton ficou fora dos playoffs no saldo de gols – o Wigan derreteu e brigou contra o rebaixamento.

As dificuldades financeiras generalizadas na pirâmide inglesa motivaram negociações para que houvesse um resgate dos clubes da Premier League e viraram álibi para tentativas de golpes de Estado como o Projeto Big Picture e a Superliga Europeia. Mas também significaram que mudar o panorama do seu clube por meio do mercado de transferências foi mais difícil. Para o bem, contratando reforços importantes, e para o mal, vendendo jogadores com mercado em times superiores.

Não foi impossível. A crise financeira pegou o Derby County de jeito. Após investir bastante para tentar chegar à Premier League, o dono Mel Morris cansou da brincadeira e colocou o clube à venda. De sexto colocado dois anos atrás, vencendo o Leeds de Marcelo Bielsa na semifinal dos playoffs, ficou a um ponto e uma não-vitória do Rotherham de ser rebaixado para a terceira divisão.

Mas a estagnação ajudou Watford e Norwich, por exemplo, a conquistarem o retorno imediato à Premier League. Alguns jogadores sempre sairão. No caso do Watford, foram Abdoulaye Doucouré e Étienne Capoue entre os mais importantes. Sobrou um elenco muito caro, acostumado a mordomias da Premier League, e que fez a diretoria suar frio. Os pagamentos de paraquedas, um auxílio financeiro da elite aos rebaixados, permitiram que pelo menos por uma ou outra temporada fosse possível manter um time acima das suas capacidades, por mais que não fosse sustentável em longo prazo.

Porque o outro lado da história é que o Watford disputou a Championship com jogadores super-qualificados. Ismaïla Sarr poderia ter defendido o Liverpool nesta temporada. Em vez disso, foi artilheiro do time com 13 gols. O garoto João Pedro teve estabilidade para se desenvolver. Will Hughes dominou meio-campos ao redor da Inglaterra, e outros dois jogadores (Kiko Fermenía e Craig Cathcart) que atuaram perto de 2.000 minutos foram titulares em Wembley contra o Manchester City na final da Copa da Inglaterra de 2019. Mais cinco estavam no banco de reservas e foram importantes nesta campanha do acesso.

O capitão e ídolo Troy Deeney seria outro, mas ele teve uma temporada bem ruim. Marcou apenas um gol com bola rolando – e seis de pênalti – em 19 jogos e sofreu com lesões. O Watford disparou para o acesso justamente no momento em que sua participação parecia ter se encerrado precocemente, em fevereiro. Acabou voltando na rodada final desde fim de semana, depois de 13 vitórias em 16 rodadas sem ele. Para variar, o Watford mais uma vez trocou de treinador no meio da campanha e tem sido cada vez mais proeminente no movimento de quem acredita que esse é um cargo superestimado no futebol. Subiu com o pouco conhecido Xico Muñoz, que mal fala inglês e tinha apenas um punhado de jogos na Georgia como experiência antes de substituir Vladimir Ivic.

O caso do Norwich é ao mesmo tempo similar e muito diferente. Diferente porque o trabalho segue em uma linha parecida desde antes do outro acesso, com Daniel Farke no comando e um perfil de reforços muito modesto. Similar porque também se beneficiou de um mercado menos aquecido do que o normal. Apesar de ter feito uma campanha fraca em resultados, muitos jogadores se destacaram, mas apenas dois foram negociados: Ben Godfrey com o Everton e Jamal Lewis com o Newcastle.

Todo o resto ficou e formou uma base muito boa para os padrões da Championship. Especialmente Emiliano Buendía, o craque do campeonato, com 15 gols e 16 assistências. Aos 24 anos, seria um alvo muito cobiçado do meio da tabela da Premier League em condições normais. Como Todd Cantwell e Max Aarons, ainda mais jovens e também cheios de potencial. Teemu Pukki entregou mais 26 gols, e veteranos como Tim Krul, Marco Stiepermann e Chris Zimmermann deram sua contribuição.

A continuidade é clara no Norwich, mas, de certa maneira, também no Watford. Além do elenco, trocar de treinador no primeiro sinal de oscilação é o que a família Pozzo faz desde que assumiu o clube. Talvez não seja a estratégia mais correta em médio ou longo prazo, mas não deixa de ser um tipo de estratégia e tem sido uma constante nos Hornets. Desta vez, produziu bons resultados. Chegando aos times dos playoffs, houve um racha muito maior no Bournemouth, com a saída de Eddie Howe, após oito temporadas.

A primeira aposta foi tentar manter a mesma filosofia. Jason Tindall, assistente de Howe desde sempre, foi promovido a treinador principal. Acabou demitido em fevereiro, após uma sequência ruim de resultados. Jonathan Woodgate comandou a arrancada final, incluindo sete vitórias seguidas, que valeu o sexto lugar com muita folga – sete pontos de vantagem para o sétimo colocado, tendo perdido as últimas três rodadas.

A debandada foi maior no Bournemouth. Além de Howe, perdeu jogadores como o goleiro Aaron Ramsdale, o zagueiro Nathan Aké, o artilheiro Callum Wilson e o seu principal garçom, Ryan Fraser. Mas, ainda assim, muita gente ficou. Entre os jogadores que mais atuaram pelo Bournemouth nesta temporada, há muitos nomes conhecidos do fã da Premier League: Asmir Begovic, Steve Cook, Jefferson Lerma, Dominic Solanke, Lloyd Kelly, Lewis Cook, Philip Billing, David Brooks, entre outros.

Sempre há um contingente que permanece após o rebaixamento, mas, em um momento em que o crescimento do resto da tabela ficou limitado pelas restrições financeiras da pandemia, não apenas nas receitas de bilheteria, mas também na chegada de novos investidores, isso acabou tendo um peso maior e também se reflete em outros dois classificados.

O Swansea não deixou a Premier League há muito tempo e chega aos playoffs pela segunda vez seguida, comandado pelo mesmo treinador, Steve Cooper. O Brentford tem o trabalho mais sólido e coerente de médio prazo da Championship e já vem batendo na trave do acesso há alguns anos. Disputará os playoffs pela terceira vez desde que subiu da League One, em 2013/14, e sempre ficou pelo menos na metade de cima da tabela.

O Barnsley é a exceção que confirma a regra. Na temporada passada, após bater e voltar na terceira divisão, ficou apenas em 21º lugar, a um pontinho de ser rebaixado. Contratou o treinador francês Valérien Ismaël, que colocou o LASK Linz na última fase preliminar da Champions League antes da frase de grupos, chegou às oitavas de final da Liga Europa e foi vice-campeão austríaco. Após começar muito mal, apenas uma vez ficou mais do que duas rodadas sem vencer, mas a compensou com uma sequência de sete vitórias e terminou um ponto à frente do Bournemouth.

Os playoffs são imprevisíveis. O Bournemouth tem jogadores com mais experiência e qualidade de primeira divisão. O Swansea e o Brentford estão mais familiarizados com esse tipo de jogo. E o Barnsley é o franco-atirador. Mas se o Bournemouth arrancar o acesso em Wembley em 29 de maio, a Premier League 2021/22 terá os mesmos participantes da edição 2019/20, com o Leeds no lugar do Sheffield United. Como se a competição tivesse sido congelada até que a pandemia passasse.

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