Trivela
·28 de setembro de 2022
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·28 de setembro de 2022
Rodrigo Palacio já tinha se afastado da elite do futebol nos últimos meses. O argentino defendeu o Brescia na temporada passada e deu sua contribuição para que os biancorossi alcançassem os playoffs de acesso da Serie B. Sem clube desde o fim de seu contrato, o argentino de 40 anos não encontrou um novo destino e, assim, se aposentou do futebol nesta semana. Encerra uma carreira respeitável, de grandes momentos com o Boca Juniors e também de longa trajetória no Calcio, além de duas Copas do Mundo pela seleção. E o novo momento já é curtido de uma maneira diferente por Palacio, depois que o veterano começou a defender um time da quarta divisão de basquete da Itália. Nascido em Bahía Blanca, a capital da bola laranja na Argentina, poderá se dedicar ao esporte de outra maneira e experimentar novas sensações numa modalidade pela qual também é apaixonado.
A carreira de Palacio começou de maneira bastante marcante. Afinal, o atacante não demorou a se tornar ídolo do Boca Juniors. O jovem rodou no início da carreira por Bella Vista de Bahía Blanca e Huracán de Tres Arroyos, empilhando gols nas divisões de acesso. Sua primeira grande chance aconteceu no Banfield, onde se destacou até ser pinçado pelos xeneizes em 2005. Tinha 22 anos e, levado como reposição a Carlos Tevez, se mostrou pronto para o tamanho do desafio, em tempos badalados dos boquenses nas competições continentais. Palacio se provaria como um novo protagonista, mesmo em equipes nas quais brilhavam lendas como Juan Román Riquelme e Martín Palermo. Com sua trancinha de padawan e um futebol de mais mobilidade, o novato dava ares de renovação à Bombonera e contribuiu a muitas taças.
Palacio faturou o Campeonato Argentino três vezes, com números expressivos entre Apertura e Clausura. Foram 53 gols em 125 aparições pela competição nacional. Entretanto, seu sucesso maior aconteceu além das fronteiras. Logo em seu primeiro ano de clube, o atacante fez a diferença na conquista da Copa Sul-Americana de 2005. Anotou uma tripleta contra o Internacional e deixou sua marca na decisão contra o Pumas UNAM. Mesmo assim, o feito que botou Palacio de vez na história xeneize é a Libertadores de 2007. Com Riquelme voando baixo, o atacante seria um excelente coadjuvante. Balançou as redes quatro vezes, decisivo especialmente nos mata-matas. O Grêmio seria uma de suas vítimas nas decisões dominadas pelos boquenses.
A saída de Palacio da Argentina aconteceu relativamente tarde, depois de receber sondagens de clubes de peso, como Barcelona e Chelsea. Atrapalhado pelas lesões nos meses recentes, o atacante já tinha 27 anos quando viveu sua primeira experiência na Europa, e até por isso não seguiu para um destino tão badalado. Vestiria a camisa do Genoa a partir de 2009/10. Entretanto, a idade não se tornou problema para o atacante se firmar como um dos melhores jogadores do Grifone nas temporadas seguintes. Os gols eram frequentes numa época em que o time chegava a frequentar a Liga Europa. Chegaria a anotar 19 gols na Serie A em 2011/12, em marca que se aproximava de suas melhores médias pelo Boca Juniors. O sucesso abriria portas no Calcio. Despediu-se dos genoveses com 38 gols e 23 assistências em 100 partidas.
Em 2012/13, Palacio assinou com a Internazionale. Aos 30 anos, virava alternativa para o ataque dos nerazzurri em meio a uma reconstrução penosa do clube. Reforçava o DNA argentino em Milão. Não eram tempos mais abastados para a torcida interista, mas não se nega que o veterano vestiu a camisa da equipe com dignidade. Foi titular em suas primeiras três temporadas e marcou gols com frequência. Chegaria a fazer 17 numa só edição da Serie A, em época na qual formava uma azeitada dupla com o ascendente Mauro Icardi. Nada suficiente, porém, para que jogasse a Champions com a Inter.
Ao menos, o bom futebol em Milão garantiu a principal sequência de Palacio com a seleção argentina. As primeiras convocações aconteceram ainda nos tempos de Boca Juniors, o que garantiu a presença do atacante como reserva na Copa do Mundo de 2006 e na Copa América de 2007. Depois disso, o jogador ficou mais de três anos longe das listas, até ser resgatado por Alejandro Sabella a partir de 2011. Virou uma figura notável saindo do banco durante as Eliminatórias para a Copa de 2014 e disputou o seu segundo Mundial no Brasil. Entrou no segundo tempo de cinco jogos na campanha, inclusive na decisão contra a Alemanha. Todavia, acabaria mais lembrado por um gol perdido diante de Manuel Neuer durante a prorrogação. Aos 32 anos, aquele foi seu último compromisso pela Albiceleste, num total de 27 partidas e três gols.
Palacio ainda rendeu bem na Inter durante a temporada 2014/15, mas aos poucos perdeu seu espaço. Deixou o clube com cinco temporadas completas, 169 jogos disputados e 58 gols marcados. Apenas pelo Boca Juniors atuou mais vezes. E para quem pensava que o final de carreira seria apagado, o veterano se deu bem no Bologna. Passava a vislumbrar outro patamar na tabela da Serie A, mas seria igualmente importante para a manutenção dos rossoblù na elite. Foram mais quatro temporadas ainda como titular, com bons números ofensivos. Balançou as redes 20 vezes e deu 17 assistências em 132 partidas, nada mal para quem já passava dos 35 anos quando apareceu no Estádio Renato Dall’Ara.
Durante a temporada passada, com sua despedida do Bologna, Palacio ainda não quis se afastar do futebol. O Brescia tinha acabado de ser rebaixado e oferecia outro nível na Serie B. O argentino embarcou na oportunidade e, mesmo geralmente vindo do banco, teve um desempenho razoável. Foram seis gols e quatro assistências em 30 aparições. Todavia, os problemas físicos custaram parte da reta final da campanha. Nos playoffs, a experiência do medalhão não seria suficiente nos duelos das semifinais contra o Monza. Ficaria sem contrato ao final da temporada, já com 40 anos.
As últimas semanas serviram para Palacio reavaliar se valia a pena se recolocar no mercado. Entretanto, chegou o momento de colocar um ponto final em sua trajetória, em que a chance de defender o Garegnano no basquete se sugeria mais atrativa. Será uma nova aventura aos 40 anos. E o veterano merece muito respeito por aquilo que construiu nos gramados. Vai ser daqueles jogadores mencionados entre os heróis das Libertadores do Boca Juniors, com um papel de destaque. Também receberá o carinho de três clubes tradicionalíssimos da Itália, pelos quais alcançou os 357 jogos pela Serie A, com 93 gols e 67 assistências. São números ótimos para quem não chegou ao Calcio tão jovem assim e atravessou a maior parte dessas 12 temporadas acima dos 30 anos. Somente Javier Zanetti e Roberto Sensini, entre os argentinos, atuaram mais pela competição. E se a seleção não oferece as melhores lembranças, figurar em duas Copas é uma ótima prova de qualidade para o atacante.
Por aquilo que Palacio fazia no Boca Juniors, talvez alguns acreditassem que o atacante pudesse ser maior na carreira. Nunca jogou a Champions e quase sempre figurou no meio da tabela na Serie A. Mesmo assim, foi capaz de construir uma ótima reputação e quase sempre entregou boas atuações aos times que defendia. Isso, por si, já deveria valer para mensurar uma ótima carreira. Em termos de talento, Palacio não se equipara com outros tantos compatriotas de seu tempo, apesar das doses de qualidade técnica. Contudo, a regularidade que teve em tanto tempo não é tão comum. E há motivos para que ele seja lembrado como um bom valor, mesmo sem ser um craque.
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