SPFC 24 Horas
·23 de janeiro de 2022
SPFC 24 Horas
·23 de janeiro de 2022
Por: Julia Robita (@juliarobita)
Foto: (Divulgação/ saopaulofc)
O jogo entre São Paulo e Palmeiras pela semifinal da Copinha 2022 já tinha tudo para ser marcante. Isso por toda rivalidade já comum em clássicos, pela ótima campanha dos times até ali e especialmente pelos bons jogadores dos dois lados, que geram muita expectativa das torcidas. Infelizmente, tudo isso ficou de lado e o que será lembrado quando mencionarmos, é um episódio que não foi protagonizado pelos atletas.
A partida, com torcida única são-paulina, estava nos minutos finais, quando algumas pessoas vindas da arquibancada invadiram o gramado. A intenção era resolver as coisas com violência e agredir os jogadores do adversário. Isso por si só já seria lamentável e absurdo, mas ainda teria um agravante: uma faca foi encontrada jogada no gramado. O pior não aconteceu porque os invasores foram contidos por jogadores do São Paulo, que num ato de coragem os afastaram para tentar acabar com a confusão e também defender os companheiros de profissão do outro time.
Muitas perguntas surgem, mas a principal delas é: como permitiram que alguém portando uma faca entrasse nas dependências do estádio? A resposta surgirá nos próximos dias, mas o que fica dessa situação, além da vergonha, é o medo. O que vai contra tudo o que o espetáculo do esporte tem de melhor. O futebol para o torcedor é parte importante da vida, move emoções, proporciona laços, vínculos e, mais do que tudo, apresenta um tipo de amor genuíno e quase inexplicável pelo seu time do coração.
Um sentimento que aumenta a cada ida ao estádio, propicia memórias e experiências únicas e que só cresce, mesmo nas dificuldades. No fim das contas, muito além das disputas, o futebol é amor e qualquer outro sentimento bom. Porém, episódios como os da invasão, só servem para afastar os torcedores reais do estádio, aqueles que vão torcer e apoiar. Amedrontar ainda mais os que já têm receio de ir por alguns casos de violência nesse ambiente e desestimular quem gostaria de frequentar mais vezes. No caso do torcedor são-paulino, a história é ainda mais complexa.
Nos últimos dias, várias brigas entre torcedores comuns e torcidas organizadas tomaram conta das redes sociais. A relação, que já não é das mais amistosas, teve mais problemas quando o apelido “trikas” – uma derivação simples e inofensiva de tricolor- foi adotado por alguns torcedores, o que irritou as organizadas mais influentes e torcedores menos tolerantes. Como quase tudo na internet, quanto mais sabem que irrita, mais vão usar. Foi o que aconteceu nesse caso e o termo ganhou muitos adeptos.
O que era pra continuar numa simples brincadeira de rede social se tornou uma troca perigosa de declarações que passou completamente do ponto. Acusações, supostas ameaças, medo e um clima hostil tomaram conta da torcida são-paulina. Esse é apenas um dos exemplos de acontecimentos nesse sentido, que por vezes saem do ambiente das redes sociais e chegam também nas arquibancadas. Certo é que tudo isso seria evitado se as pessoas respeitassem as individualidades umas das outras.
Ninguém pode impor suas vontades, muito menos se utilizando de artifícios totalmente inadequados – e que às vezes passam longe de um bom diálogo – para tal. As pessoas são livres para falar, vestir e frequentar o que quiserem e isso jamais deveria ser pautado por ninguém. Agir de forma autoritária e rude não é a melhor forma de se fazer ouvido, respeitado e nem de mudar a concepção de outras pessoas sobre nenhum assunto.
O São Paulo, apesar de seu ambiente político fechado e pouco participativo (e que ficará ainda menos participativo após as mudanças do estatuto), é de todos os torcedores. Ninguém é menos apaixonado por não seguir ideais antiquados. Para conseguir a harmonia e união entre todas as partes é preciso, antes de tentar mudar o outro, analisar a si próprio.
A única reivindicação realmente necessária deveria ser feita aos que comandam o clube, para que fizessem o melhor para a instituição. Mas na escala de prioridades de quem quer impor suas vontades a todo custo, isso por vezes parece ficar em segundo plano e ser menos importante que qualquer briga tosca de internet.
Por hoje é isso, pessoal.
Até a próxima!