Trivela
·05 de novembro de 2022
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·05 de novembro de 2022
A Salva de Prata do Campeonato Japonês virou assunto particular entre dois times nos últimos anos. E ainda que o número de conquistas recentes do Kawasaki Frontale seja maior, o Yokohama F. Marinos se prova como o único capaz de se intrometer no topo do pódio. Os dois times disputaram o título da J-League até a última rodada nesta temporada e deu Marinos, para recuperar o troféu que havia vencido anteriormente em 2019. Os tricolores entraram na rodada final dependendo apenas de si e cumpriram a missão, com a vitória por 3 a 1 sobre o Vissel Kobe fora de casa. O Frontale até arrancou uma sofrida vitória por 3 a 2 sobre o rival FC Tokyo, mas ficou dois pontos atrás dos novos campeões.
A hegemonia recente de Frontale e Marinos vem desde 2017. O Frontale conquistou dois títulos consecutivos, até ser desbancado pelo Marinos em 2019. Depois, seria mais um bicampeonato do Azzurro Nero, para os vizinhos de Yokohama quebrarem a sequência novamente nesta temporada. Tal sucesso de ambos se sustenta mesmo com mudanças sensíveis. O técnico Toru Oniki se mantém no Frontale desde 2017, mas perdeu vários jogadores com nível de seleção – como Kaoru Mitoma, Hidemasa Morita, Ao Tanaka e Reo Hatate. Já o Marinos teve sua principal perda com a saída de Ante Postecoglu, que fazia um trabalho tão bom que ganhou um convite para dirigir o Celtic. Daizen Maeda o acompanhou, enquanto Keita Endo, Edigar Junio e Thiago Martins foram outras lideranças que se despediram da torcida no Estádio Nissan.
Apesar da mudança de treinador no meio da temporada passada, o Yokohama F. Marinos já vinha de um vice-campeonato em 2021. A aposta se deu em outro australiano, Kevin Muscat, de longo trabalho à frente do Melbourne Victory em seu país – inclusive como assistente de Postecoglu. Com o novo técnico, o Tricolor manteve um bom ritmo na perseguição ao Frontale, mas perdeu fôlego na reta final e permitiu que os bicampeões selassem a conquista com sobras. A história seria diferente em 2022.
Esta foi uma edição mais equilibrada da J-League, com aproveitamentos menores em relação aos últimos campeões. Ainda assim, a briga até o final esteve restrita aos dois favoritos. O Marinos nem começou tão bem, com apenas duas vitórias nas primeiras sete rodadas. A recuperação viria na sequência, com uma série de vitórias que colocou o time na terceira posição rapidamente. E uma prova de força aconteceu neste momento: o Tricolor emplacou 3 a 0 no então líder Kashima Antlers fora de casa, antes de bater o vice-líder Frontale por 4 a 2. A escalada permitiu que o Marinos tomasse a ponta na última rodada do primeiro turno. Não sairia mais.
O bom início de segundo turno permitiu que o Yokohama F. Marinos abrisse sete pontos de vantagem. Entretanto, o Frontale deu o troco com a vitória no confronto direto em casa por 2 a 1 e reduziu as distâncias. A corrida parelha se sustentou semana após semana, mas o Marinos conseguiu preservar uma vantagem de pelo menos um ponto ao final de cada rodada. Para o último compromisso, a diferença era de dois pontos e ela se conservou graças ao triunfo tricolor diante do Vissel Kobe. Élber, Takuma Nishimura e Teruhito Nakagawa marcaram os gols que valeram a conquista do Marinos. O time fechou o campeonato com 68 pontos, contra 66 do Frontale, registrando ainda o melhor ataque (70 gols) e a melhor defesa (35 gols sofridos).
Kevin Muscat registra seu feito ao substituir Ante Postecoglu, mesmo que tenha aproveitado mecanismos de seu antecessor. E a base mudou bastante em relação àquela conquista de 2019. Dos 16 jogadores que participaram de pelo menos mil minutos na atual campanha, somente outros quatro eram do grupo titular no título anterior. Uma das referências é o capitão Takuya Kida, enquanto Teruhito Nakagawa foi uma fonte de gols importante no ataque. Já o camisa 10 Marcos Júnior deu uma contribuição muito menor do que na taça passada, mas serve de liderança à legião brasileira que auxiliou bastante a glória.
Seis brasileiros compõem atualmente o elenco do Yokohama F. Marinos. O zagueiro Eduardo tem longa experiência em clubes japoneses, inclusive como campeão no Frontale, e ajudou a ocupar a lacuna deixada pelo ídolo Thiago Martins. Marcos Júnior é opção no meio, enquanto os demais se concentram no ataque. Trazido do Bahia, o ponta Élber não demorou a se adaptar à J-League e contribuiu bem, com oito gols e cinco assistências. Um dos artilheiros do time, com 11 gols, foi o centroavante Anderson Lopes, de ampla bagagem nos times do Extremo Oriente. Quem também fez 11 gols foi Léo Ceará, trazido do Vitória na temporada passada e reserva de Anderson, mas que ajudou bastante num momento em que o companheiro estava suspenso por cuspir num adversário. Na reta final ainda chegou Yan, ponta trazido do Palmeiras.
Apesar do sucesso recente, o Yokohama F. Marinos não teve convocados à seleção japonesa para a Copa do Mundo. O Tricolor até compôs uma base importante na conquista recente do EAFF E-1, torneio tradicional no Extremo Oriente que reuniu também Coreia do Sul, Hong Kong e China. Contudo, ninguém ficou para a lista final do Mundial. Dentre os destaques locais do Marinos, Takuma Nishimura foi importante pelos gols marcados a partir do meio-campo. Mais atrás, Tomoki Iwata foi um dos mais frequentes do time como zagueiro ou volante.
Com o novo título, o Yokohama F. Marinos chega a cinco conquistas no Campeonato Japonês. Levou a primeira em 1995, antes da fusão com o antigo Yokohama Flügels. Depois veio um bicampeonato em 2003 e 2004, até os troféus recentes de 2019 e 2022. O Kashima Antlers é o maior vencedor com oito taças, enquanto o Kawasaki Frontale completa o pódio com quatro. Marinos, Frontale e Sanfrecce Hiroshima são os times da J1 classificados para a Champions Asiática, ao lado do Ventforet Kofu, surpreendente campeão da Copa do Imperador. Desde já, fica a expectativa sobre o que os próximos capítulos da rixa entre Marinos e Frontale vai gerar.