O vibrante Hugo Campagnaro teve seus melhores momentos sob a batuta de Walter Mazzarri | OneFootball

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Calciopédia

·01 de setembro de 2022

O vibrante Hugo Campagnaro teve seus melhores momentos sob a batuta de Walter Mazzarri

Imagem do artigo:O vibrante Hugo Campagnaro teve seus melhores momentos sob a batuta de Walter Mazzarri

A longa relação de Hugo Campagnaro com a Itália foi muito além dos campos. Durante quase 20 anos de militância na Velha Bota, o argentino foi tido como um dos preferidos das torcidas por conta de sua raça, o que já seria suficiente para considerar a sua trajetória como positiva. Além disso, contando com a confiança de Walter Mazzarri, com o qual pode trabalhar por três clubes diferentes, chegou a disputar uma Copa do Mundo e ficou eternizado numa pintura.

Hugo nasceu em Córdoba, na Argentina, e começou sua carreira na base do pequeno Deportivo Morón, clube da Grande Buenos Aires. Com a camisa alvirrubra do gallito, Campagnaro fez mais de 100 partidas entre a segunda e a terceira divisões do país, porém nunca chegou a disputar a elite nacional – o que o fazia um desconhecido do grande público portenho.


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Em 2002, após quatro temporadas entre os profissionais, o defensor despertou o interesse do Piacenza, então na Serie A italiana. Campagnaro chegou ao clube emiliano com 22 anos, e deu início a uma carreira longa e bem-sucedida, com mais de 400 partidas disputadas na Velha Bota.

O zagueiro chegou ao Piacenza a custo zero. O objetivo do trabalho do técnico Andrea Agostinelli era manter a equipe na elite do futebol italiano, mas o insucesso do time no início da temporada levou à sua substituição pelo experiente Luigi Cagni, que fez com que Campagnaro se tornasse beque pela direita. O argentino disputou apenas 16 partidas naquela campanha, com dois gols marcados, mas não pode evitar o rebaixamento dos lupi.

Hugo passou cinco anos no time biancorosso, pelo qual disputou 138 partidas – a grande maioria, pela Serie B, uma vez que a equipe emiliana emendou quatro campanhas medianas na segundona. A propósito, o Piacenza foi o clube em que Campagnaro mais vezes balançou as redes na carreira, com 11 gols marcados.

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O Piacenza foi a porta de entrada de Campagnaro no futebol italiano e foi pelo clube que ele se tornou um versátil zagueiro (imago/IPA Photo)

Sua garra e sua força física lhe renderam o apelido de “El Toro” e suas atuações na divisão inferior também resultaram numa transferência. Em 2007, o argentino chamou a atenção de Walter Mazzarri, então treinador da Sampdoria, que o indicou à diretoria. Campagnaro também tinha proposta do Genoa, mas parou no lado blucerchiato da capital da Ligúria. Ali, então, teve início uma relação de trabalho de pura confiança e grandes resultados.

Na Samp de Mazzarri, Campagnaro atuava como zagueiro pela direita no 3-4-2-1 do treinador. E, já no início do trabalho, na temporada 2007-08, teve papel importante pelos playoffs da Copa Uefa: fora de casa, contra o Hajduk Split, o argentino marcou o gol da vitória com menos de um minuto em campo, aos 44 da primeira etapa. O tento foi decisivo, e após empate por 1 a 1 no Luigi Ferraris, a equipe avançou na competição. No entanto, foi eliminada na fase seguinte.

Na temporada de estreia pela Samp, El Toro fez 30 partidas, sendo titular até sofrer uma lesão muscular na panturrilha direita, que o deixou de molho por cerca de dois meses. A equipe genovesa teve uma boa trajetória e terminou o ano na sexta posição da Serie A, garantido vaga na Copa Uefa mais uma vez.

Em sua segunda temporada pela equipe blucerchiata, Hugo foi atrapalhado novamente por sua panturrilha – teve duas recaídas da lesão e ficou quatro meses afastado no total, de modo que disputou apenas 16 jogos pela Serie A. O grande destaque do ano da Sampdoria foi a sua jornada na Coppa Italia. Após um estrondoso 3 a 0 sobre a Inter de José Mourinho na ida das semifinais, os dorianos seguraram a vantagem e foram para a final contra a Lazio. O título escapou nas penalidades: Campagnaro desperdiçou a sua cobrança e coube a Ousmane Dabo dar o troféu aos capitolinos.

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A duradoura parceria entre Campagnaro e Mazzarri teve início nos tempos de Sampdoria (imago/Gribaudi)

Após o biênio na Samp, o argentino se transferiu para o Napoli, então treinado por Roberto Donadoni. Contudo, o técnico foi demitido depois de um início de temporada claudicante e o time partenopeo fechou com Mazzarri. Assim, a parceria entre os dois teria continuidade e o zagueiro viveria os seus melhores anos aos pés do Vesúvio.

No primeiro ano em Nápoles, Campagnaro foi um dos maiores responsáveis por transmitir aos companheiros o agonismo típico dos times de Mazzarri e se encaixou numa retaguarda que ainda tinha Paolo Cannavaro e Salvatore Aronica. Com o modelo já consolidado, em 2010-11, ajudou os azzurri a alcançarem a terceira posição na Serie A – a melhor do clube desde os tempos de Diego Armando Maradona.

Pouco depois do grande feito, porém, Hugo teve um dos momentos mais intranquilos de sua passagem pelos azzurri. Em junho de 2011, o zagueiro, de férias na Argentina, se envolveu em um acidente automobilístico, que resultou em três mortes. Pela manhã, o jogador conduzia seu carro e colidiu com um veículo com dois ocupantes, que faleceram no local. A terceira vítima era o carona da picape de Campagnaro, seu amigo. O beque, que sofreu ferimentos leves após o choque, foi acusado formalmente de homicídio culposo pela promotoria de Córdoba, que julgou a sua direção como imprudente. Além da acusação, o defensor teve de pagar uma fiança de 2 milhões de pesos – 780 mil reais à época.

Ao voltar para Itália, o argentino afirmou que o carinho dos fãs foi fundamental para superar o ocorrido. O zagueiro, que sempre foi mais reservado, utilizou o tempo livre para ocupar a cabeça com a sua família. Campagnaro sempre foi um jogador mais fechado do que a média e se recusava até mesmo a dar entrevistas, chegando a passar meses sem falar com a imprensa. Nesse período, ficou ainda mais recluso.

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Sempre dedicado, o argentino deixava sangue em campo – literalmente (imago)

Após todo o turbilhão que viveu antes da temporada 2011-12, o zagueiro viveria ótimos momentos no restante da sua passagem pela Campânia. Consolidado como titular, geralmente pelo lado direito da defesa, mas também sendo capaz de atuar no setor esquerdo ou como lateral em ambos os flancos, Hugo pode estrear na Champions League e foi peça-chave na boa campanha do time na Serie A. Participou, por exemplo, do passeio partenopeo contra a Inter em pleno Giuseppe Meazza, abrindo o triunfo por 3 a 0. Naquele ano, o Napoli ainda bateu a Juventus na final da Coppa Italia e Campagnaro pode levantar o seu primeiro (e único) título.

Outro momento glorioso de sua trajetória pelo Napoli foi o gol de empate anotado nos minutos finais de uma partida contra a Lazio, pela Serie A 2012-13. Brigando pelas colocações de cima na tabela, os partenopei perdiam o jogo por 1 a 0 até os 87 minutos. Enquanto a defesa capitolina se preocupava com Edinson Cavani, em um escanteio a ser batido pelo lado direito, Campagnaro escapou da marcação, e num sem pulo, acertou um voleio no ângulo dos aquilotti. Com o empate, o time de Mazzarri se mantinha na briga pelo título italiano – no fim das contas, ficou com um honroso vice-campeonato. O golaço acabou sendo eternizado pelo pintor Cuono Gaglione, que havia conferido tal honra anteriormente apenas para Maradona. Hugo foi presenteado com o quadro.

Nesse período, Campagnaro ganhou um regalo muito importante: passou a ser convocado pela Argentina. Aos 31 anos, em fevereiro de 2012, ganhou as primeiras chances na gestão de Alejandro Sabella, e virou figurinha carimbada no ciclo da albiceleste para a Copa do Mundo de 2014. Tudo isso, segundo o defensor, só pode acontecer por causa do Napoli. “Tive um caso de amor repentino com o clube, com o povo. Meu filho [Andrés] nasceu em Nápoles. E, graças ao nível de desempenho que apresentei, consegui realizar o sonho de jogar pela seleção”, afirmou, em rara entrevista ao diário La Nación.

No verão europeu de 2013, Mazzarri se despediu do sul da Itália e rumou ao norte, para treinar a Inter. Campagnaro, que estava em fim de contrato, aproveitou a carona e se transferiu a custo zero para a equipe nerazzurra, deixando o Napoli após 143 jogos e quatro gols marcados. Seria a vez de atuar num time com enorme identificação com os argentinos.

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Após atingir seu ápice pelo Napoli, Hugo teve passagem regular pela Inter (imago/HochZwei/Syndication)

Campagnaro chegou a Milão com o status de titular da retaguarda nerazzurra, ao lado de Andrea Ranocchia e Juan Jesus. Novamente, seria o responsável por transmitir aos companheiros, ao pé do ouvido, os preceitos de Mazzarri. Com seu característico protetor bucal, utilizado para evitar que a garra que deixava em campo se voltasse contra si próprio, Hugo se firmou e teve um ano regular, ajudando a Inter, quinta colocada, a ter a terceira melhor defesa da Serie A.

Ao fim da campanha pela Inter, Campagnaro viajou para a América do Sul no intuito de representar a Argentina, na Copa de 2014, disputada em solo brasileiro. Na competição, disputou apenas a partida de estreia, contra Bósnia e Herzegovina, no Maracanã. Do banco do mesmo estádio, viu a albiceleste perder para a Alemanha, e ficar com o vice-campeonato. “Toda a experiência, até a decisão, foi inesquecível. Pessoalmente, foi um toque final quase perfeito para uma trajetória sacrificada e silenciosa. E o acolhimento que me deram na minha cidade, quando voltei com a medalha, é outra coisa que vou guardar para sempre”, afirmou ao La Nación.

De volta à Itália, Hugo passou a conviver com problemas físicos e desgastes com a diretoria. Além disso, viu sua parceria com Mazzarri se encerrar após a 11ª rodada da Serie A. No total, o argentino foi comandado pelo técnico por 216 partidas, em três clubes diferentes. “Foi com Mazzarri que atingi o melhor nível em minha carreira. Sem dúvidas, ele foi um treinador decisivo para mim”, relatou o jogador.

Em novembro de 2014, o futebol feio e sem criatividade que a Inter apresentou durante toda a gestão do técnico deu lugar ao jogo de posse de bola de Roberto Mancini, que preferia uma defesa com quatro peças. Campagnaro, já veterano, se tornou opção de banco e, quando utilizado, teve de se virar na lateral direita – função à qual teve dificuldades para se readaptar. No verão europeu de 2015, em fim de contrato, acabou deixando a agremiação após 39 partidas.

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Campagnaro se aposentou com a camisa do Pescara, após quase duas décadas no futebol italiano (imago)

O final da bela passagem do argentino pela Itália ainda contou com mais uma experiência nas divisões inferiores. Campagnaro se transferiu para o Pescara, já com 35 anos, e disputou a Serie B em 2015-16. Jogou pouco, devido a lesões, mas o time dos Abruzos sofreu apenas uma derrota quando esteve em campo. Hugo participou dos playoffs de acesso e foi fundamental para que os biancazzurri voltassem à primeira divisão.

Fragílimo, o Pescara não conseguiu se sustentar na elite: somou apenas 18 pontos e, com 26 derrotas e a pior defesa da Serie A, foi rebaixado. Campagnaro também já estava combalido e não conseguia mais fazer valer o epíteto de El Toro: passou metade da temporada lesionado e atuou em apenas 19 rodadas. No restante de sua trajetória pelos golfinhos, aliás, ajudou mais fora de campo, com sua experiência, do que dentro dele.

Campagnaro jogou até os 40 anos. Sua passagem pelo Pescara e sua carreira como profissional se encerraram no playout contra o Perugia, na luta contra o descenso para a terceira divisão. O argentino atuou em quase toda a partida, mas o corpo, já desgastado pelas lesões que começaram a ser companheiras na fase final de sua trajetória, lhe fez ser substituído aos 25 minutos da prorrogação. De fora, o beque assistiu seu time se salvar do rebaixamento nas penalidades.

Depois da aposentadoria, Campagnaro continuou morando com a família na Itália. Totalmente ambientado a Pescara, estabeleceu moradia na cidade litorânea e atuou tanto como técnico do time sub-17 biancazzurro quanto como assistente de Gianluca Grassadonia na formação profissional dos golfinhos. Hugo segue seus estudos e, em breve, poderemos ter mais um professor na área.

Hugo Armando Campagnaro Nascimento: 27 de junho de 1980, em Córdoba, Argentina Posição: zagueiro e lateral-direito Clubes: Deportivo Morón (1998-2002), Piacenza (2002-07), Sampdoria (2007-09), Napoli (2009-13), Inter (2013-15) e Pescara (2015-20) Título: Coppa Italia (2012) Seleção argentina: 17 jogos

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