O triunfo da Inter sobre a Lazio na Copa Uefa de 1998 fez Ronaldo festejar em Paris | OneFootball

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Calciopédia

·26 de março de 2021

O triunfo da Inter sobre a Lazio na Copa Uefa de 1998 fez Ronaldo festejar em Paris

Imagem do artigo:O triunfo da Inter sobre a Lazio na Copa Uefa de 1998 fez Ronaldo festejar em Paris

A carreira do brasileiro Ronaldo, ex-Inter e Milan, foi marcada por muitos gols, jogadas impressionantes e títulos, mas também por severos baques. Um dos maiores deles aconteceu em julho de 1998, quando sofreu uma convulsão horas antes da final da Copa do Mundo e não conseguiu render na acachapante derrota da Seleção para a França.

A queda em Saint-Denis, nos arredores de Paris, levou muita gente a crer que o Fenômeno não se dava bem quando passava pela capital francesa, mas não era bem assim. Aquela foi a única derrota de Ronaldo nos seis jogos de que participou em Île-de-France e, entre as quatro vitórias que somou na região, uma integra a lista de momentos mais marcantes de sua carreira: foi quando ele conduziu a Inter ao título da Copa Uefa, contra a Lazio, dois meses antes do Mundial.


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Ronaldo foi contratado pela Inter no mercado de verão da temporada 1997-98 para que os nerazzurri, então presididos por Massimo Moratti, pudessem dar um salto de qualidade. O Fenômeno, eleito como melhor do mundo pela Fifa e pela revista France Football em 1997, entregou o prometido. Como grande craque da Beneamata, liderou a equipe nas campanhas do vice-campeonato na Serie A e da conquista Copa Uefa, o seu único título com o time milanês.

Ronie foi vice-artilheiro das duas competições e, no torneio continental, só passou em branco contra o Lyon, na segunda fase. Marcou contra Neuchâtel Xamax (primeira fase), Strasburgo (oitavas de final), Schalke 04 (quartas), Spartak Moscou (semifinais; duas vezes) e Lazio (decisão).

Se o caminho da Inter até a final da Copa Uefa foi quase inteiramente marcado por Ronaldo, a Lazio foi conduzida pela dupla de ataque formada por Pierluigi Casiraghi (quatro gols) e Roberto Mancini (três). Mandante da decisão no Parc des Princes, em Paris, a equipe romana deixara para trás Vitória de Guimarães, Rotor Volgograd, Rapid Vienna, Auxerre e Atlético de Madrid.

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Endinheirada pelo patrocínio da Cirio, empresa do presidente Sergio Cragnotti, a Lazio tinha um ótimo elenco e era treinada por Sven-Göran Eriksson. O sueco armava a sua equipe num 4-4-2 clássico, no qual Casiraghi era a grande referência. Mancini encostava no centroavante, mas jogava um pouco mais recuado e dialogava com Vladimir Jugovic, articulador central dos celestes.

Por sua vez, Diego Fuser, pelo flanco direito, e Pavel Nedved, pelo esquerdo, eram agudos na busca pela linha de fundo, mas também tinham capacidade de centralizar as jogadas para buscar os arremates. Se Fuser ainda tinha a ajuda do jovem lateral Alessandro Grandoni, Nedved ficava mais isolado, já que Giuseppe Favalli atuava quase como um terceiro zagueiro.

Se o esquema da Lazio era tradicional, o da Inter até poderia ser considerado antiquado para a época. Para a final de Paris, o veterano Luigi Simoni montou a equipe nerazzurra com uma adaptação da chamada zona mista, módulo tático que esteve em voga nos anos 1970 e 1980. O time era baseado no 1-3-4-2, com Salvatore Fresi atuando como líbero no lugar do capitão Giuseppe Bergomi, que estava machucado. Fresi era o homem da sobra na defesa e podia, também, articular a saída de bola.

Completavam a retaguarda nerazzurra Taribo West e Francesco Colonnese, responsáveis pelos encaixes individuais sobre Casiraghi e Mancini, respectivamente, e Javier Zanetti. Sem a bola, o argentino fechava como zagueiro pela esquerda, bloqueando Fuser, mas tinha a liberdade de subir para o ataque no momento ofensivo nerazzurro, como se fosse um ala – no lado oposto, Aron Winter recebia mais liberdade.

No meio-campo, Diego Simeone e Zé Elias destruíam e construíam com competência, mas era Youri Djorkaeff quem tinha o poder de ligar o resto da equipe a Ronaldo e Iván Zamorano. Os sul-americanos trocavam bastante de posição para confundirem a marcação de Alessandro Nesta e Paolo Negro, sem dar referência fixa aos defensores da Lazio.

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Foi justamente numa dessas movimentações que a Inter abriu o placar logo aos cinco minutos. Como no rápido estalar de um gatilho, Bam Bam Zamorano se desgarrou de Negro e atacou o espaço nas costas de Nesta. Simeone viu a corrida do colega e lançou com perfeição, possibilitando que o chileno finalizasse de primeira, na saída do goleiro Luca Marchegiani.

Por ter saído atrás no placar muito cedo, a Lazio precisou se lançar ao ataque em busca do empate. Contudo, a Inter estava preparada para se defender e conseguiu neutralizar qualquer tentativa dos celestes. Mesmo quando Nedved, Mancini e Casiraghi buscavam alternativas fora do desenho inicial e ameaçavam desarrumar os encaixes da Beneamata, pouco acontecia. No fim das contas, o goleiro Gianluca Pagliuca mal trabalhou no Parc des Princes.

No primeiro tempo, inclusive, foi a Inter que levou mais perigo, em jogadas construídas pelos flancos, mas finalizadas no setor defendido por Giorgio Venturin. O volante era praticamente nulo na articulação laziale e, perdido na movimentação de Djorkaeff e Ronaldo, também tornava a sua região do campo a mais vulnerável da Lazio. Foi por ali que o Fenômeno apareceu para carimbar o travessão com uma linda finalização de trivela, ainda na etapa inicial.

A fragilidade de Venturin ficou ratificada logo no início do segundo tempo, quando o volante apenas observou um lance de extremo perigo da Inter. A defesa da Lazio já estava bem avançada quando Nesta deixou a sua posição para caçar o flutuante Ronie, mas o brasileiro não quis a bola: fez o pivô para Djorkaeff lançar Zamorano em profundidade no costado da zaga. Para a sorte dos romanos, o chileno voltou a acertar a trave. Eriksson, então, teve a chance de corrigir a sua equipe e sacou Venturin e Grandoni, dando espaço a Matías Almeyda e Guerino Gottardi.

Antes mesmo das mudanças feitas pelo treinador sueco surtirem efeito, a Inter marcou o segundo em jogada ensaiada. Aos 60 minutos, os nerazzurri tiveram falta lateral na intermediária e Ronaldo cobrou bem aberto, buscando Zamorano no segundo pau. O chileno escorou para a entrada da área, onde Zanetti – desmarcado por Fuser – apareceu para encher o pé e mandar no ângulo.

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Com uma vantagem bastante confortável no placar, a Inter passou a administrar ainda mais o jogo – intensificando, com as entradas dos descansados Benoît Cauet e Francesco Moriero nos lugares de Winter e Djorkaeff, um trabalho que já fazia desde o primeiro tempo. A Lazio, por sua vez, passou a jogar num 3-5-2, com Gottardi avançando pela faixa direita do gramado e Fuser trabalhando mais por dentro.

A mudança no desenho da Lazio, contudo, acabou se tornando absolutamente ineficaz porque a Inter matou o jogo aos 70 minutos. Recém-entrado, Moriero puxou contra-ataque e, aproveitando o fato de o time adversário estar totalmente desequilibrado, passou em profundidade para Ronaldo – levemente impedido – percorrer cerca de 40 metros em campo aberto, ficar cara a cara com Marchegiani, dar uma pedalada desconcertante para driblar o goleiro e marcar um dos gols mais antológicos de sua carreira.

Ainda houve tempo para West e Almeyda serem expulsos, mas não para a Lazio ameaçar a hegemonia da Inter em Paris. O sonhado primeiro título europeu do time celeste só viria em 1999, quando um elenco ainda mais forte abocanharia a última Recopa europeia de toda a história. Naquele dia, a festa seria dos nerazzurri, que enterravam o trauma da perda da Copa Uefa anterior para o Schalke 04, nos pênaltis, em Milão.

Ao apito final, o lesionado Bergomi entrou em campo para levantar a taça juntamente a Pagliuca, que herdara a braçadeira na decisão. O título era o terceiro dos nerazzurri no torneio e ainda representava não só a primeira conquista de Massimo Moratti como presidente do clube como o fim de um jejum de quatro temporadas sem celebrações. A Beneamata nada vencia desde levar a própria competição continental em 1994, ante o Salzburg.

Ronaldo, por sua vez, abria um sorriso daqueles em Paris e desfilava pelo Parc des Princes com a bandeira brasileira. No primeiro ano pela Inter, já comemorava um título internacional e entrava para a lista de ídolos do clube. Dois meses depois, porém, vivenciaria uma fortíssima decepção na França e iniciaria um calvário com duração de quase quatro anos. Uma sequência de acontecimentos que levaria o Fenômeno a ser protagonista de um arco de redenção marcado pelo reencontro com as glórias só depois da superação de seus próprios limites psíquicos e físicos. Final feliz.

Lazio 0-3 Inter

Lazio: Marchegiani; Grandoni (Gottardi), Nesta, Negro, Favalli; Fuser, Venturin (Almeyda), Jugovic, Nedved; Casiraghi, Mancini. Técnico: Sven-Göran Eriksson. Inter: Pagliuca; Fresi; Colonnese, West, Zanetti; Winter (Cauet), Zé Elias, Djorkaeff (Moriero), Simeone; Ronaldo, Zamorano (Sartor). Técnico: Luigi Simoni. Gols: Zamorano (5′), Zanetti (60′) e Ronaldo (70′) Cartões vermelhos: Almeyda; West. Árbitro: Antonio López Nieto (Espanha) Local e data: Parc des Princes, Paris (França), em 6 de maio de 1998

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