O time do Flamengo é bom. Mas com um lateral-direito seria ainda melhor | OneFootball

Ter problemas na lateral-direita não é exatamente uma novidade para o torcedor rubro-negro. Isso porque, ainda que um dos maiores jogadores da história da posição tenha vestido preto e vermelho, com Leandro na mágica geração de 81, o que vivemos depois disso foram alguns breves períodos de alegria – Jorginho, Léo Moura, até mesmo Charles Guerreiro – seguidos de longos e tenebrosos períodos de sofrimento – Maurinho, Luciano Baiano, Everton Silva, Galhardo, Thiago Ennes, Wellington Silva e até mesmo China, o jogador indicado por um olheiro cego.

Até que, após alguns anos em que fomos vítimas do verdadeiro processo de tortura psicológica que foi o Paradoxo de Rodinei/Pará, em que quando Rodinei jogava você sentia falta do Pará e quando o Pará jogada você sentia falta do Rodinei, Rafinha desembarcou no Rio de Janeiro e, ao lado de Felipe Luís, ofereceu algo que possivelmente o Flamengo não vivia desde os melhores momentos da dupla Léo Moura/Juan: a sensação de ter dois bons laterais no mesmo time ao mesmo tempo.

De boas intenções o inferno e o Rodinei estão cheios. Foto: Paula Reis / Flamengo

Mas como foi previsto por Caetano Veloso ao falar da “força da grana que ergue e destrói coisas belas”, Rafinha concluiu que era mais interessante ir para o futebol grego receber alguns trocados a mais do que continuar no Flamengo, plano que não deu exatamente certo para ele, que hoje é reserva no São Paulo, e também não deu tão certo para o Flamengo, que após a saída do ex-lateral do Bayern contratou Isla, uma espécie de Pará latino com medo de encostar a cabeça na bola e que saiu sem deixar saudades.

E então o ciclo recomeçou. O Flamengo novamente não tinha um lateral-direito titular absoluto, o Flamengo novamente decidiu dar uma chance para Rodinei, Rodinei novamente começou a revezar a posição com um outro lateral que parecia promissor (Matheuzinho) mas vem progressivamente se mostrando mais e mais um Rodinei do multiverso, sendo incapaz de ganhar a posição.

Jogador promissor mas não sabemos que tipo de promessa. Marcelo Cortes / Flamengo

Porque Rodinei segue sendo Rodinei. Rodinei segue um touro fisicamente, segue desenvolto no terço ofensivo, segue sendo capaz de oferecer opções de jogada para Everton Ribeiro. Mas também segue sendo Rodinei na impressionante falta de capacidade defensiva, seja ao perder quase todos os duelos individuais, seja pela comovente ausência de qualquer senso tático, que faz com que Rodinei várias vezes pareça não apenas não saber quem marcar como nem quem ele mesmo é.

E no empate desta quarta-feira diante do Internacional, em que mesmo sem ser o único problema de um Flamengo que enfrentou dificuldades para furar a retranca colorada, Rodinei conseguiu se destacar ao permitir que 80% das boas jogadas do time adversário fossem pelo seu lado, tivemos mais um lembrete de como, ainda que um remendo bem intencionado e até com grandes momentos, o jogador e digital influencer não pode ser naturalizado como solução para a lateral-direita rubro-negra.

Uma noite em que Léo Pereira estava cruzando melhor que alguns laterais. Marcelo Cortes / Flamengo

Então que, ainda que talvez não seja possível uma troca imediata, o Flamengo comece a preparar da melhor maneira possível as opções que tem dentro do elenco. Seja avaliando com atenção a situação de Matheuzinho (tem como evoluir? precisa de empréstimo para ganhar experiência?), seja preparando Varela para estar em campo quando necessário, a realidade é que se o seu plano A se chama Rodinei, você não só precisa ter um plano B já à mão, como com certeza precisa aprender a se planejar melhor. O rubro-negro já sofreu muito com esse lado, é hora de voltar a ter um pouco de paz.

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