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·12 de abril de 2024

O que aconteceu com o Paulista de Jundiaí?

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É hora de falar sobre o Paulista de Jundiaí, que foi uma das maiores zebras da Copa do Brasil e ganhou até do River Plate na Libertadores, mas hoje está no ostracismo.


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No texto anterior falamos sobre o Tupi, outro clube que ascendeu até a Série B e, assim como o Paulista, está sem divisão.

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História

A história do Paulista é bastante antiga. Sabe-se que o clube foi fundado em 17 de maio de 1909 por funcionários da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo. A equipe sucedeu outro time, o Jundiahy Foot Ball Club, que durou de 1903 e 1908, sendo extinto após a morte de seu fundador.

Inicialmente, o Paulista disputou apenas campeonatos amadores, estreando no Campeonato Paulista do Interior somente em 1919, quando filiou-se à APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) e foi campeão.

Indo para a década de 50, foi em 1957 que o clube inaugurou o seu estádio, o Estádio Dr. Jayme Cintra. Nos anos 60, o Paulista conseguiu o acesso para a elite estadual ao vencer a Série A2 de forma invicta. No ano seguinte, o Dr. Jayme Cintra recebeu Pelé em seu gramado, em um jogo histórico no qual o Paulista foi vencido pelo Santos por 2 a 1, mas sem gols do camisa 10.

Nos anos 70 e 80, foram alguns altos e baixos, incluindo novas quedas e acessos entre a Série A1 e a Série A2. Na década de 90, em crise financeira, o Paulista caiu pela primeira vez à Série A3, mas é nesse momento que as coisas começam a mudar para melhor.

Em 1995, o Paulista tornou-se um clube empresa financiado pela Lousano, empresa de fios e cabos elétricos, e passou a se chamar Lousano Paulista. Com a nova parceria, o clube trouxe reforços como Toninho Cerezo e Walter Casagrande para a Série A3, conseguindo o acesso para a A2 naquele ano. Em 1997, o Lousano Paulista venceu a Copa São Paulo de Futebol Júnior (Copinha), marcando uma reestruturação do clube.

Em 1998, novas mudanças: A Lousano desfez a parceria com o clube e a Parmalat entrou em seu lugar, dando origem ao Etti Jundiaí, desagradando muitos torcedores. Apesar disso, os resultados vieram: o novo time venceu a Copa Paulista de 1999 e a Série A2 e a Série C do Brasileirão em 2001.

No ano de 2002, mais uma reviravolta: em meio a escândalos na sede na Itália, a Parmalat retirou seus investimentos no futebol, e o Etti Jundiaí voltou a se chamar Paulista. Mesmo sem seu mecenas, o Paulista continuou ascendendo no futebol. Em 2004, sob o comando do ex-goleiro Zetti, o Galo da Japi foi vice-campeão estadual, perdendo para o São Caetano de Muricy Ramalho.

Eis que chegamos ao ano de 2005. Na Copa do Brasil, os jundiaienses surpreenderam. Passaram por Inter, Cruzeiro, Botafogo e outros clubes tradicionais até chegarem à final contra o Fluminense. Após uma vitória por 2 a 0 em Jundiaí, o Paulista segurou o empate por 0 a 0 no jogo de volta e conquistou o maior título de sua história, além de uma vaga na Libertadores de 2006. A equipe foi comandada por Vagner Mancini e tinha jogadores como Réver, Márcio Mossoró e o goleiro Victor em seu plantel.

2006 foi o último ano de glória do Paulista. Na Libertadores o time foi lanterna do grupo 8 com 6 pontos, mas protagonizou uma vitória épica contra o gigante River Plate por 2 a 1. Na Série B, não conseguiu o acesso para a A por muito pouco, ficando na 5ª colocação e perdendo a vaga para o América-RN no número de vitórias. Naquela edição, um jogo chamou a atenção: uma goleada de 9 a 0 contra o Paysandu, a maior da história do torneio.

A crise

A partir de 2007, o Paulista entrou em declínio absoluto. Naquele ano, o time já caiu na Série B ao fazer 45 pontos e terminar na 17ª colocação. Sem conseguir o acesso na Série C, disputou a Série D em 2009 pela campanha no estadual, mas não conseguiu o acesso. Essa foi a última vez que o clube teve divisão nacional.

Em âmbito estadual, o Paulista venceu a Copa Paulista em 2010, mas não teve grandes feitos no Campeonato Paulista, sendo rebaixado à A2 em 2014 com míseros 4 pontos em 15 jogos. Em 2016, caiu para a Série A3 e, já no ano seguinte, caiu para a Segunda Divisão (equivalente à quarta), sendo campeão desta em 2019. Apesar disso, caiu novamente na A3 no ano seguinte.

A crise financeira do clube é muito antiga. Em 2014, inspirado no PSV, da Holanda, o grupo Novo Paulista FC propôs um projeto para recuperar as finanças do Paulista contando com a ajuda de toda a cidade de Jundiaí, desde micro-empresas a grandes empresários. Naquela época, o passivo estimado do clube era de 10 a 20 milhões de reais, o que é bastante, considerando que o time praticamente não tinha renda.

No ano de 2019, a Red Bull tentou uma parceria envolvendo o Oeste e o Paulista. Segundo reportagem do ge, a RB incorporaria o Oeste e usaria o Jayme Cintra em seus jogos. Em troca, a empresa financiaria as atividades do Paulista. Porém, não houve acordo.

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Arte de um suposto escudo do Red Bull Paulista/ Reprodução

Durante a pandemia, a dívida do Paulista chegou aos R$ 22 milhões. Nesse contexto, o clube ficou sem presidente por mais de um mês, já que, em abril de 2020, Rogério Levada, então mandatário, renunciou ao cargo, e a Torcida Uniformizada Raça Tricolor assumiu o comando preventivamente. Em maio, o Paulista leiloou medalhas comemorativas da Copa do Brasil de 2005 e vendeu máscaras para tirar o caixa da instituição do zero.

Ainda em 2020, o Paulista foi investigado por um esquema de manipulação de resultados na A3, e foi suspenso preventivamente pela FPF. Além disso, o Jayme Cintra, avaliado em 35 milhões de reais, foi leiloado naquele ano pela Justiça do Trabalho de Campinas para quitar dívidas trabalhistas, mas não houve ofertas.

Atualmente

No fim de 2022, o Paulista iniciou o processo para tornar-se uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) e passou a analisar possíveis ofertas de empresas dispostas a assumir o clube. Inicialmente, a Two Me Participações Ltda., de Jundiaí, demonstrou interesse na SAF. Porém, a empresa não pagou a primeira parcela até fevereiro deste ano, data estipulada para o pagamento. Até a data de publicação deste texto, não foram encontradas atualizações sobre o processo.

Em meio a isso, o Jayme Cintra está sendo usado pela equipe feminina do Palmeiras após um acordo feito entre as equipes para tal. Por isso, a torcida do Paulista fez alguns protestos contra a medida, dizendo que “Quem manda aqui é o Galo e não o Palmeiras”. O acordo dura até o fim de 2024 e prevê o remanejamento de datas caso partidas ou compromissos fiquem no mesmo dia.

Por fim, no ano de 2023, o Paulista foi rebaixado na Segunda Divisão e disputará a quinta divisão paulista em 2024, que começará no próximo dia 21.

Conclusão

Com longa história e tradição, o Paulista de Jundiaí passa por uma grave crise financeira e política até hoje. Vítima de más gestões, a equipe não parece ter um horizonte promissor e dificilmente voltará ao seu antigo patamar.

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