O polivalente Júlio Baptista não se firmou na Roma após um primeiro ano positivo | OneFootball

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Calciopédia

·12 de junho de 2020

O polivalente Júlio Baptista não se firmou na Roma após um primeiro ano positivo

Imagem do artigo:O polivalente Júlio Baptista não se firmou na Roma após um primeiro ano positivo

Júlio Baptista, devido a sua grande versatilidade, era responsável por uma dor de cabeça que todo treinador gosta de ter. Volante, meia armador ou até atacante: o brasileiro atuou em todas essas posições na carreira, que desenvolveu em três das maiores ligas da Europa. Na Itália, o jogador teve uma breve experiência como atleta da Roma, na qual chegou a dar a impressão de que iria deslanchar pela equipe. Porém, durou pouco tempo na capital italiana.

Paulistano de nascimento, Júlio começou sua carreira de jogador no São Paulo e integrou uma grande geração nas categorias de base, que também contava com Kaká e Luis Fabiano. Juntos, eles levaram a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2000. Baptista se profissionalizou no mesmo ano e, em quatro anos de Tricolor, ainda conquistou um Torneio Rio-São Paulo e um Supercampeonato Paulista. No total, participou de 114 jogos e fez 19 gols pelo clube.


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Baptista mal tinha começado sua carreira como jogador quando, no início de 2001, foi convocado para defender a Seleção no Sul-Americano sub-20, competição vencida pelo Brasil. O bom desempenho de Júlio como meia central lhe rendeu espaço tanto no Mundial da categoria quanto a estreia no time principal, alguns meses depois, na disputa da Copa das Confederações.

O são-paulino fez sua estreia na melancólica participação canarinho no torneio: o Brasil ficou apenas com o quarto lugar. Depois da troca de Emerson Leão por Luiz Felipe Scolari, ficaria de fora da Copa do Mundo no ano seguinte. Júlio Baptista só voltou à Seleção em 2003, mas sua contribuição à amarelinha estava longe de terminar.

Em julho de 2003, justo quando voltou a vestir verde e amarelo, na campanha do vice brasileiro na Copa Ouro, o jogador se transferiu para o Sevilla. O treinador Joaquín Caparrós viu a possibilidade de usar Júlio mais ofensivamente e acertou em cheio: o brasileiro virou, rapidamente, La Bestia. Na primeira temporada como atacante, Baptista marcou 24 gols; na segunda mais 23, sendo 20 e 18 por La Liga, respectivamente.

Seu excelente desempenho não só colocou os rojiblancos duas vezes na Copa Uefa como o colocou em definitivo no radar de Carlos Alberto Parreira. Como reserva da Seleção, Júlio Baptista faturou tanto a Copa América de 2004 quanto a Copa das Confederações no ano seguinte. O brasileiro também chamou a atenção de grandes clubes, como Arsenal, Tottenham e Real Madrid. Os merengues se aproveitaram do fato de que Júlio desejava permanecer mais um ano na Espanha para conseguir o passaporte europeu e saíram vencedores dessa disputa.

Em 2005, o Real Madrid adquiriu também Robinho, Antonio Cassano, Cicinho e Sergio Ramos. Apesar de jogar em várias posições, no time blanco Júlio foi usado como ponta-esquerda. Por isso, seu desempenho foi bem abaixo do esperado, com apenas nove gols marcados em 45 partidas. Por sua fase negativa, La Bestia perdeu espaço como reserva do “quadrado mágico” e não foi para a Copa do Mundo de 2006.

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No fim da janela de transferências de 2006, o Arsenal finalmente pode levar o brasileiro para Londres: fechou um empréstimo de um ano, em troca por José Antonio Reyes. Baptista recebeu a camisa 9 de Arsène Wenger e algumas vezes era usado na função habitualmente ligada ao número.

La Bestia deixou uma boa impressão na Inglaterra, sobretudo pela performance na partida contra o Liverpool, pelas quartas de final da Copa da Liga Inglesa: marcou quatro gols e poderia ter feito cinco, se não tivesse perdido pênalti na vitória dos Gunners por 6 a 3 em pleno Anfield. O time londrino queria exercer a opção de compra, mas como o preço pedido pelo Real Madrid era muito alto, Júlio voltaria para a Espanha.

Em meados de 2007, a Era Dunga já durava um ano na Seleção e Baptista era nome certo nas convocações – todos os seus cinco gols pela amarelinha ocorreram sob as ordens do técnico. Três deles foram anotados durante a Copa América daquele ano, inclusive o primeiro na final vencida por 3 a 0 contra a Argentina.

Pouco após o torneio, já em Madri, Júlio foi utilizado como meia por Bernd Schuster e teve um desempenho melhor do que na primeira passagem. Seu melhor momento pelos blancos foi um gol marcado no Camp Nou, decisivo para que os madrilenhos fossem campeões nacionais. O jogo ficou lembrado por ter valido a segunda derrota caseira do Barcelona no confronto em 24 anos.

Baptista, porém, não continuava nos planos do Real Madrid ou sequer tinha se valorizado de forma significativa. A Roma, então, viu ali uma oportunidade de mercado e, em 14 de agosto de 2008, acertou com o jogador, que estava prestes a completar 27 anos. Contratado por 9 milhões de euros, La Bestia  chegou à capital e logo teve uma atribuição insólita: carregar, junto com os novos companheiros de time, o caixão do presidente Franco Sensi, falecido três dias após a finalização do acordo.

O brasileiro fez a sua estreia na Supercopa Italiana, torneio que a Roma perdeu nos pênaltis para a Inter – Júlio converteu o seu. Baptista se adaptou rapidamente ao futebol italiano e marcou alguns golaços, como o decisivo contra o Torino (de meia-bicicleta, nos acréscimos) e o petardo contra o Genoa, depois de driblar dois defensores e bater colocado de fora da área. O mais importante dos 12 tentos que anotou, porém, foi o que valeu a vitória por 1 a 0 sobre a Lazio, no clássico.

O jogador caiu nos braços da torcida e, pelo fato de Francesco Totti nem sempre jogar – por questões físicas ou rusgas com Luciano Spalletti –, ele tinha lugar quase cativo no time titular. Ainda em 2008-09, Baptista reencontrou o Arsenal nas oitavas de final da Champions League e até poderia ter evitado a disputa de pênaltis, se não tivesse perdido uma chance clara de gol. Júlio converteria sua penalidade depois, mas a Roma acabou eliminada. Na Serie A, a Loba foi apenas sexta colocada.

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Se na primeira temporada Baptista demonstrou qualidade suficiente para ser um jogador importante na Cidade Eterna, na subsequente ele parecia ter perdido sua motivação. Apagado em campo, foi perdendo espaço com o técnico Claudio Ranieri e, mesmo com um dos maiores salários do elenco, só iniciou quatro partidas pela Serie A e mais quatro pela Copa Uefa.

Júlio chegou a ter sua saída especulada em janeiro de 2010, mas permaneceu. Apesar disso, continuou mal, virou alvo de críticas do narrador romanista Carlo Zampa e, no inverno de 2011, deixou a capital. Pela Roma, o brasileiro fez 76 partidas e 16 gols – apenas quatro nos últimos 18 meses de clube.

Mesmo em fase negativa, o atacante era querido por Dunga. Quando ainda vinha bem, La Bestia disputou a Copa das Confederações de 2009, sendo campeão, e garantiu sua presença no elenco do Brasil para a Copa do Mundo de 2010. Baptista disputou uma partida na competição, contra Portugal, e não voltou mais a ser chamado por Mano Menezes, sucessor do capitão do tetra na Canarinho.

Na descendente da carreira, Júlio Baptista acertou com o Málaga, clube espanhol que acabara de ser comprado pelo xeique Abdullah Al Thani. O catariano abriu a carteira, contratou treinadores como Jesualdo Ferreira e Manuel Pellegrini, além de jogadores como Salomón Rondón, Joaquín, Jérémy Toulalan, Ruud van Nistelrooy, Santi Cazorla, Nacho Monreal, Isco, Martín Demichelis, Willy Caballero, Roque Santa Cruz, Javier Saviola e Enzo Maresca.

O time logo alcançaria um quarto lugar em La Liga e disputaria a Champions League. Baptista era reserva, mas o Málaga fez história ao liderar um grupo que tinha Milan, Anderlecht e Zenit; passar nas oitavas pelo Porto e só cair nas quartas para o Borussia Dortmund, no último (e polêmico) lance de uma partida que entrou para a historia da competição. Depois disso, o time blanquiazul foi suspenso de competições europeias por conta do Fair Play Financeiro, o que fez com que vários jogadores saíram do clube. Em 2013, então, Júlio voltou ao Brasil para jogar no Cruzeiro.

No clube mineiro, La Bestia fez parte de um elenco com um grande número de opções ofensivas: Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Borges, Dagoberto, Élber, Willian e Marcelo Moreno, por exemplo. Júlio Baptista fez parte do rodízio estabelecido por Marcelo Oliveira e foi bicampeão brasileiro. Depois disso, o atacante voltou a dividir os gramados com Kaká, no Orlando City para encerrar a carreira e, após oito meses, entrou num período de inatividade. Em 2017, porém, voltou ao futebol europeu: mais precisamente, à Romênia, pelo Cluj. Mas foi uma decepção: disputou somente três partidas, totalizando 43 minutos em campo, se aposentou e virou técnico dos juvenis do Valladolid, time espanhol comprado por Ronaldo.

Júlio Baptista sempre foi querido pelos torcedores por onde passou, por sua postura profissional e por alguns lances que tirava da cartola devido a sua força física. Apesar dessa postura, o tanque poderia ter escrito uma história mais duradoura na Roma, se tivesse mantido a forma da temporada 2008-09.

Júlio César Baptista Nascimento: 1 de outubro de 1981, em São Paulo (SP) Posição: volante, meia e atacante Clubes: São Paulo (2000-03), Sevilla (2003-05), Real Madrid (2005-06 e 2007-08), Arsenal (2006-07), Roma (2008-11), Málaga (2011-13), Cruzeiro (2013-16), Orlando City (2016) e Cluj (2018) Títulos: Copa São Paulo de Futebol Júnior (2000), Torneio Rio-São Paulo (2001), Sul-Americano Sub-20 (2001), Supercampeonato Paulista (2002), Copa América (2004 e 2007), Copa das Confederações (2005 e 2009), La Liga (2008), Campeonato Brasileiro (2013 e 2014) e Campeonato Mineiro (2014) Seleção brasileira: 48 jogos e 5 gols

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