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·18 de novembro de 2022

O orgulho albanês na comemoração da Suíça em 2018

Imagem do artigo:O orgulho albanês na comemoração da Suíça em 2018

O sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2022 criou no público a expectativa por confrontos marcados por tensões políticas. A principal delas, possivelmente, seria a partida entre Irã e Estados Unidos, válida pela terceira rodada do Grupo B – um duelo que já aconteceu em 1998, cheio de tensão prévia e lembrado por uma das mais belas demonstrações de fair play da história do torneio.


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Mas o confronto cheio de tensão prévia em 2022 é outro. Não por conta de uma questão diplomática propriamente dita, mas por um gesto feito por dois jogadores, quando as seleções em questão se enfrentaram na Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

Trata-se do jogo entre Suíça e Sérvia, válido pela terceira rodada do Grupo G, o mesmo do Brasil.

A Suíça é uma nação que, ao longo dos anos, notabilizou-se pela neutralidade em relação a diversas questões geopolíticas. O país, localizado no centro da Europa, mantém-se neutro desde o Congresso de Viena, em 1815, abstendo-se de participar da União Europeia e da ONU (Organização das Nações Unidos). Mesmo assim, em 2022, os suíços anunciaram sanções contra a Rússia em resposta à invasão russa da Ucrânia.

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Apesar de neutra, a Suíça possui uma seleção de futebol com jogadores de diversas origens e etnias. Desde jovens atletas como Breel Embolo, camaronês naturalizado suiço, e Kevin Mbabu, futebolista suiço filho de mãe congolesa, até os mais experientes, como Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri, atletas com origens albanesas. São este dois os personagens do gesto realizado na partida de 2018.

Kosovo ou Sérvia?

A região de Kosovo fica dentro do território da Sérvia e declarou independência de forma unilateral em 17 de fevereiro de 2008. Os sérvios não reconheceram esse ato e ainda consideram Kosovo como parte do país – diferentemente de outros países, como a Albânia por exemplo.

Esse conflito foi mais um motivo de tensão para a partida de 2018 entre Suíça e Sérvia, em Kaliningrado. Tanto que o atacante sérvio Aleksandar Mitrovic chegou a questionar por que Shaqiri, Xhaka e Behrami não defendem a seleção do Kosovo.

Na ocasião, Xhaka chegou a responder à provocação em carta aberta dizendo que a Fifa havia avisado que, ao jogarem pela Suíça na Euro de 2016, teriam perdido o direito de fazer a mudança. O meia ainda garantiu que vai seguir tentando defender a seleção kosovar no futuro.

As comemorações

Na segunda rodada do Grupo E da Copa do Mundo de 2018, Suíça e Sérvia entraram no gramado do Estádio de Kaliningrado buscando um resultado positivo, para que assim tivessem uma maior chance de avançar para a segunda fase do Mundial – na rodada inaugural, os suiços haviam empatado com o Brasil, enquanto a Sérvia venceu a Costa RIca por 1 a 0.

Aos 5 minutos do primeiro, após belo cruzamento de Tadić, o camisa 9 sérvio, Mitrovic, o mesmo que havia falado anteriormente dos jogadores suíços, acertou bela cabeçada no canto direito para abrir o placar.

Mas a seleção da Suíça voltou para o segundo tempo focada na virada. Logo aos 8 minutos, em sobra na grande área, o camisa 10 Granit Xhaka acertou um belo chute no canto esquerdo da meta sérvia.

A comemoração da estrela da seleção foi um gesto com as mãos simbolizando uma águia. Na transmissão da Rede Globo, o narrador Cléber Machado chegou dizer ser algo relacionado a paz; contudo, era uma representação da bandeira da Albânia, país que os pais de Xhaka nasceram e tiveram que fugir no meio do conflito da Iugoslávia, história parecida a de Shaqiri.

E quis o destino que o gol da virada – e da vitória – da seleção suíça viesse dos pés de Shaqiri. Nos instantes finais da partida, em lançamento de Gavranović, Shaqiri arrancou em disparada em direção ao gol e, com um toque sútil, rolou a bola por baixo das pernas do goleiro, virando e fechando o placar em 2 a 1.

Na comemoração, o camisa 23 tirou a camisa e saiu fazendo o mesmo gesto de Xhaka, com as mãos simbolizando uma águia.

Punições disciplinares

Após a repercussão das comemorações de Xhaka e Shaqiri, a Fifa acabou instaurando procedimentos disciplinares contra os atletas – além do capitão Lichtsteiner, que mesmo sem ter origem Albanesa ou Kosovar, também fez o gesto da águia.

Além disso, a entidade máxima do futebol mundial também abriu processos disciplinares contra a Associação de Futebol da Sérvia por atos da torcida e declarações do presidente da federação, além do treinador da seleção, Mladen Krstajic.

Os jogadores autores dos gols foram punidos pela Fifa em 10 mil francos, cerca de R$ 38 mil em valores da época, e o capitão da seleção suíça, 5 mil francos, R$ 19 mil, mas continuaram jogando normalmente as partidas seguintes.

A Suíça empatou na sequência com a seleção da Costa Rica e acabou garantindo a classificação para as oitavas de final, em segundo lugar no Grupo E, enquanto que a Sérvia perdeu para o Brasil e foi eliminada. Nas oitavas de final, a Suiça encarou a Suécia, mas foi eliminada ao perder por 1 a 0.

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