Última Divisão
·14 de agosto de 2024
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O currículo de Guillermo Héctor Álvarez Cuevas como jogador de futebol não foi dos mais brilhantes. Na década de 1970, ele foi atacante do Cruz Azul Hidalgo nas divisões inferiores do futebol mexicano. Como o nome indica, o time – que fechou as portas em 2021 – era uma filial do Cruz Azul, uma das potências históricas da elite esportiva do México.
Mas Billy Álvarez, como ficou conhecido, deu um pouco mais de sorte. Ele era filho de Guillermo Álvarez Macías e María del Carmen Cuevas Saldaña.
O pai era funcionário da Cemento Cruz Azul, na qual começou como mecânico de automóveis ainda na década de 1920. Na época, a empresa da cidade de Jasso começava a investir no esporte como opção de recreação para os funcionários. Inicialmente, em 1925, criou um time de beisebol; dois anos depois, mudou de ideia e estabeleceu uma equipe de futebol.
Com o passar dos anos, Guillermo Álvarez cresceu na Cemento Cruz Azul. Na década de 1950, como gerente geral, liderou o processo que transformou a companhia em uma cooperativa, com grande impacto também em Jasso: a reformulação da Cemento Cruz Azul incluía escolas, restaurantes e cinemas. Foi sob a gestão de Álvarez que a cimenteira criou projetos semelhantes em outras cidades – incluindo Hidalgo, onde o time de futebol ganhou uma filial.
E foi nesta filial que Billy Álvarez tentou, sem sucesso, a carreira como jogador. Não deu certo, mas ganhou protagonismo fora de campo. Em 1986, tornou-se presidente do clube. Dois anos depois, virou presidente também da empresa cimenteira. Com o prestígio conquistado, elegeu-se deputado federal para, entre 1994 e 1997, representar um dos distritos eleitorais de Hidalgo.
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Foi um período de relativa bonança para o Cruz Azul. Com Billy Álvarez à frente, o clube conquistou três vezes a Copa dos Campeões da Concacaf (1996, 1997 e 2014), além de diversos torneios nacionais. Mas tudo iria ruir em 2020.
Em 28 de maio daquele ano, a Unidade de Inteligência Financeira, uma divisão da Secretaria de Finanças e Crédito Público do Governo do México, congelou as contas bancárias de Billy Álvares e de outros dois dirigentes do Cruz Azul. O trio era acusado de extorsão e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, transferindo valores para empresas de fachada no exterior. O montante operado no esquema entre 2013 e 2020 era de mais de 1,2 bilhão de pesos mexicanos, ou US$ 60 milhões de dólares.
Como reflexo da investigação, o Cruz Azul sofria com a ameaça de desfiliação junto às autoridades esportivas mexicanas. Mas os tribunais agiram tarde: em fevereiro daquele ano, Billy Álvarez fugiu sem deixar rastros. Em 1º de agosto de 2020, em seu último ato, o dirigente deixou a presidência do clube após 32 anos.
Nos anos seguintes, Billy Álvarez entrou na lista de procurados da Interpol. Mesmo foragido, seguiu sendo um nome atuante no Cruz Azul, mandando recados e fazendo cobranças nas redes sociais. Em raras entrevistas, alegou ser inocente das acusações e prometeu levantar provas para tentar uma nova investigação.
Em março de 2024, quatro anos após a última aparição pública de Billy Álvares, as autoridades mexicanas suspenderam provisoriamente a ordem de prisão contra o ex-dirigente. Resta saber se, com a decisão, o mistério do paradeiro do ex-presidente do Cruz Azul está perto de chegar ao fim.
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