O Liverpool dos 9×0 no primeiro turno tomou o troco do Bournemouth, num 1×0 de muita valentia | OneFootball

O Bournemouth tinha um desafio e tanto dentro do Estádio Vitality. As Cerejas recebiam a visita do Liverpool, com péssimas lembranças recentes. Os Reds vinham de peito inflado pelos 7 a 0 sobre o Manchester United, mas também haviam vencido o Bournemouth por 9 a 0 no primeiro turno. A beleza do futebol, porém, está na imprevisibilidade. E numa temporada oscilante do time de Jürgen Klopp, os oponentes deram a volta por cima com uma baita vitória – que ainda premia a equipe que tanto tinha dificultado ao líder Arsenal na rodada passada. O Bournemouth segurou a pressão do Liverpool no primeiro tempo e foi muito bem nos contra-ataques, para construir o triunfo por 1 a 0. Já no segundo tempo, as Cerejas administraram até bem a vantagem, ajudadas por um pênalti bisonhamente perdido por Salah. Ouattara causou pesadelos nos visitantes, enquanto Neto realizou algumas boas defesas para segurar o triunfo, que tira seu time do Z-3.

Foi um primeiro tempo disputado em altíssimo ritmo. O Liverpool tomou a iniciativa. Apresentava alternativas ofensivas e rondava o gol. Aos seis minutos, depois de uma cobrança de escanteio, Virgil van Dijk cabeceou e Jefferson Lerma salvou o gol certo em cima da linha, de forma espetacular. Mas, apesar da pressão dos Reds, o Bournemouth não demorou a mostrar que poderia ser perigoso nos contra-ataques. Aos dez minutos, Dango Ouattara escapou pela direita e até driblou Alisson, mas chutou pelo lado de fora da rede. Apesar disso, o abafa era dos visitantes. Neto faria uma ótima defesa em batida rasteira de Andy Robertson, enquanto um gol de Cody Gakpo foi anulado por impedimento aos 13.

Faltava mais precisão nas conclusões do Liverpool. E o time também estava exposto. Cada contra-ataque do Bournemouth representava um grande perigo, com muita velocidade dos rubro-negros nas subidas. Os lances se tornaram mais frequentes a partir dos 20 minutos. E o empate saiu aos 28, em mais uma estocada de Ouattara. Acionado por um lançamento longo ao campo de ataque, o burquinense escapou de novo pelas costas da zaga, deixou dois comendo poeira e invadiu a área. Só rolou para a conclusão de Philip Billing nas redes. Os Reds precisavam de uma resposta.

O Liverpool, porém, perdeu fôlego com o gol. A equipe encontrou mais dificuldades de construir suas jogadas, especialmente porque o Bournemouth estava bem organizado na defesa. E os anfitriões podiam fazer mais nos contra-ataques. Ouattara entregaria um presentaço a Dominic Solanke, que errou o domínio e desperdiçou. Uma rara resposta dos Reds veio num escanteio, mas Virgil van Dijk cabeceou para fora. Já na reta final da primeira etapa, as Cerejas continuaram mais próximas do segundo. Solanke mandou com perigo para fora aos 43, enquanto houve a reclamação de um pênalti não marcado em Billing.

Jürgen Klopp decidiu deixar o Liverpool mais ofensivo para o segundo tempo, com Diogo Jota no lugar de Harvey Elliott. O português não demorou a apresentar seu cartão de visitas, num chute colocado que Neto buscou no canto. A pressão dos Reds se restabelecia e Gakpo aparecia muito bem na movimentação. Darwin logo teria uma tentativa para fora, mas impedido. Da mesma forma, os Reds não pareciam tão expostos aos contragolpes do Bournemouth. As Cerejas só voltaram a assustar aos 15, num escanteio que Marco Senesi não conseguiu conectar direito. Billing ainda teria uma furada na área após cruzamento de Ouattara.

Aos 20, o Liverpool realizou três mudanças, com as entradas de Roberto Firmino, Jordan Henderson e James Milner – Darwin entre os sacados. Logo no primeiro lance depois disso, Diogo Jota cabeceou e Adam Smith desviou a bola com o braço. Pênalti, que Mohamed Salah desperdiçou aos 24. O atacante mandou uma pancada inacreditavelmente longe da trave, num erro até grotesco. E o lance teve impacto no ânimo dos Reds. O time corria muito e produzia pouco, sem penetrar na área. O Bournemouth até voltou a ficar mais com a bola e a conseguir avanços esporádicos, mas sem a mesma contundência do primeiro tempo.

A reta final voltaria a ser disputada nos arredores da área do Bournemouth. Porém, o Liverpool era pobre na hora de apresentar alternativas. Tentava levantar a bola na área e não conseguia chances claras para arrematar. O Bournemouth lutava bravamente, com consistência na defesa e sem brincadeira na hora de rifar a bola da área. O time não queria reviver a frustração do sábado passado, contra o Arsenal. Os Reds passaram impressionantes 21 minutos sem uma finalização sequer, desde o pênalti. Os últimos suspiros viriam com Gakpo, que queimou um chute por cima do travessão aos 49. A comemoração do Bournemouth seria digna do tamanho do resultado.

O Bournemouth ganha quatro posições na tabela com a vitória, ainda que espere o restante dos concorrentes na rodada. As Cerejas saltam da lanterna para o 16° lugar, com 24 pontos, dois acima da zona de rebaixamento. É um resultado massivo. Já o Liverpool lamenta bastante. O triunfo poderia recolocar os Reds provisoriamente no G-4. Porém, a equipe fica na quinta posição, com 42 pontos, a três do Tottenham. Ainda corre o risco de cair duas posições neste final de semana.