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·04 de julho de 2025

O jogador que precisou fugir do Al-Hilal para salvar a própria vida

Imagem do artigo:O jogador que precisou fugir do Al-Hilal para salvar a própria vida

Em 1976, o inglês Eamonn O’Keefe fez história ao se tornar o primeiro jogador europeu a atuar na Arábia Saudita. Aos 22 anos, o atacante trocou o frio de Manchester pelo calor escaldante do deserto ao assinar com o Al-Hilal. A proposta era irrecusável: salário livre de impostos, apartamento, carro, telefone (algo para época considerado um luxo) e viagens internacionais com tudo pago.

Porém, por trás do contrato milionário e das regalias, uma situação inesperada levou o jovem a tomar uma decisão drástica: fugir do país para proteger sua vida e a de sua família por causa de um amor não correspondido.


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O convite e a chegada ao Oriente Médio

O’Keefe jogava pelo modesto Hyde United, de uma liga amadora na Inglaterra, quando recebeu uma ligação de George Smith, seu ex-treinador, e que havia aceitado comandar o Al-Hilal recentemente.

Pouco depois, O’Keefe embarcou para um período de testes. Apesar de preocupado com o calor intenso e as diferenças culturais, seu desempenho foi convincente. Em duas semanas, os dirigentes sauditas decidiram contratá-lo.

Na hora de assinar o vínculo, ouviu a seguinte frase do príncipe Abdullah bin Nasser, então presidente do Al-Hilal e neto do fundador da Arábia Saudita: “Escreva o que você quiser”. O’Keefe pediu um apartamento, um carro e uma passagem aérea para resolver pendências na Inglaterra. Tudo foi concedido na hora, sem qualquer imposição do príncipe.

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Eamonn O’Keefe (E), Abdullah bin Nasser e uma das mulheres do príncipe em Londres, em 1976 –  Crédito reprodução

Declaração de amor em um elevador

Porém, a vida de luxo logo se transformou em um cenário de tensão. O’Keefe foi convidado pelo príncipe para fazer uma viagem ao lado de uma de suas mulheres. Começaria pela Inglaterra e depois fariam um giro, passando pela França, Itália e Tunísia. No entanto, certo dia, após uma noitada em um cassino em Nice, na França, os dois estavam em um elevador panorâmico e O’Keefe foi surpreendido por uma confissão: “Sou fã, eu te amo.”

Desconcertado, o jogador retrucou: “Como um irmão?”. A resposta foi clara: “Não. Não como um irmão.” O’Keefe disse gentilmente que não estava interessado. O príncipe disse, então, que voltariam a ter uma relação apenas de “presidente e jogador”.

O’Keefe, então, percebeu que estava em uma situação complicada. Precisava, entretanto, agir com cautela. De volta à Arábia Saudita, revelou a história ao treinador George Smith. Contudo, a orientação foi clara: “Você não pode mais ficar aqui. O príncipe não vai aceitar um não como resposta.”

Inventando que o pai estava doente, o atacante pediu autorização para viajar à Inglaterra às pressas. O príncipe, porém, hesitou, mas permitiu o embarque. Com roupas para apenas uma semana — para não levantar suspeitas —, O’Keefe deixou o país junto com a família e nunca mais voltou.

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Time do Al Hilal de 1976 com O’Keefe, segundo da direita para a esquerda – Crédito reprodução

Fuga às pressas para a Inglaterra

De volta à Inglaterra, mas com medo de ser perseguido, ele pediu ajuda da Federação Inglesa (FA) para se desvincular oficialmente do contrato com o Al-Hilal.

Porém, para cortar os laços de vez, foi orientado pelos dirigentes a dizer a seguinte frase ao príncipe: “Contei à minha mulher o que aconteceu e ela ficou horrorizada. Não volto mais.” Quando Abdullah ligou, O’Keefe repetiu a frase. Não houve resposta do outro lado da linha. Foi a última vez que teve contato com o dirigente.

Assim, livre do contrato, o atacante seguiu a carreira na Europa, defendendo clubes como Everton e a seleção da Irlanda, país que optou por sua ascendência.

Em entrevista recente à rede de TV britânica BBC, O’Keefe disse que ainda recorda com carinho os companheiros sauditas e lamenta não ter se despedido deles. “Eles eram fantásticos. Sem mulher e filhos, talvez eu tivesse ficado. Mas naquele momento, senti que minha vida estava em risco”, afirmou.

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