O jejum, a invencibilidade e mais: 10 motivos que tornam o título do Sporting tão especial | OneFootball

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Trivela

·12 de maio de 2021

O jejum, a invencibilidade e mais: 10 motivos que tornam o título do Sporting tão especial

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Uma geração inteira de torcedores do Sporting sabia apenas o que era desilusão. Os leoninos completavam 19 anos de desengano sem conquistar o Campeonato Português, em que assistiam aos dois grandes rivais tomarem conta do país. Crises, talentos desperdiçados, cobranças desmedidas: o ambiente também não contribuía a uma instabilidade que parecia não ter fim. Até que, nesta temporada, o Sporting tenha compensado todo o sofrimento e conquistado um título para ficar na história. A campanha dos alviverdes é impecável, conta com um treinador que desponta entre os mais promissores da Europa e vê um grupo de jovens destaques colocar o coletivo acima de tudo.

Foram seis rodadas para que o Sporting tomasse a liderança do Campeonato Português de 2020/21. Seis rodadas para que os leoninos mostrassem suas credenciais ao título, ainda que muitos desconfiassem, ainda que o próprio discurso interno evitasse o alarde. Mas, rodada após rodada, os sportinguistas foram engrenando. Não era apenas a liderança confortável, era a impressionante caminhada invicta. Ninguém parecia capaz de derrubar os alviverdes, com sua garra imensa em campo, assim como pitadas de sorte sempre a sorrir. Mesmo quando os principais rivais apareciam pela frente ou quando o fôlego parecia acabar, o Sporting não perdeu seu objetivo.


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A vitória sobre o Benfica na virada dos turnos foi um marco, com o gol no apagar das luzes. O Sporting fechou a primeira metade do Campeonato Português com uma vantagem de seis pontos. E a distância sobre os concorrentes aumentava, muito por seus méritos, mas também pelas oscilações dos outros. Nesta reta final, os sportinguistas não deixariam escapar uma gordura que chegou a dez pontos. Reergueram-se quando os empates viravam rotina, quando o Porto tentava se aproximar. Ganharam do Braga num jogo gigante, com um a menos desde os 18 do primeiro tempo. Aquele resultado mostrava que a festa era questão de tempo. Ela veio nesta terça, com o triunfo por 1 a 0 sobre o Boavista, mais que suficiente para consumar o troféu com duas rodadas de antecedência.

Com seus atuais 82 pontos, o Sporting apresenta um aproveitamento maior que 16 dos 20 campeões nacionais neste século – e ainda pode igualar dois deles, caso vença seus últimos dois compromissos. É um desempenho fantástico, com a grandeza que tanto se cobrava no clube, e que traz ainda mais elementos para este feito ser inesquecível. Abaixo, listamos dez motivos que tornam a façanha sportinguista tão grande.

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Os 19 anos de jejum

A virada do século foi um momento prolífico ao Sporting. O clube vinha de um jejum de 18 anos quando conquistou o troféu em 1999/00. Revelou bons talentos naquele intervalo de seca e teve seus craques, mas sem competir com os dois maiores rivais. A festa se repetiria em 2001/02, com a histórica dobradinha numa equipe estrelada por Jardel e João Pinto. Entretanto, a era vitoriosa não se estenderia, sobretudo pela ascensão do Porto sob as ordens de José Mourinho. Os leoninos viraram coadjuvantes e atravessaram um jejum ainda maior que aquele dos anos 1980 e 1990.

Neste intervalo desde 2002, o Sporting terminou na segunda colocação seis vezes e em nove foi o terceiro. O fundo do poço aconteceu em 2012/13, com um modestíssimo sétimo lugar, mas é difícil encontrar um momento mais doloroso que o tetra vice de 2006 a 2009 – com todos os troféus perdidos ante o Porto. Quando foi para alguém quebrar a hegemonia portista, coube ao rival Benfica, em 2010. O Sporting até levou quatro títulos da Taça de Portugal e três da Taça da Liga no período de 19 anos. Pouco ao que se pedia, ainda que a Taça da Liga desta temporada tenha servido de prenúncio ao sucesso.

Vale lembrar ainda que o Sporting teve inúmeros talentos em seu elenco nestes 19 anos. Os alviverdes eram reconhecidos exatamente pelo futebol ofensivo, mas tantas vezes insuficiente para resultar em regularidade no Campeonato Português. Cristiano Ronaldo, Nani, Liédson, João Moutinho, Rui Patrício, William Carvalho e Bruno Fernandes foram alguns ídolos que passaram pelo Alvalade neste período, sem levar a liga uma vez sequer. Treinadores como Fernando Santos, Paulo Bento, Carlos Carvalhal, Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus também não deram jeito no problema. Qualidade e capacidade não faltavam. Mesmo assim, não bastaram ao fim da espera, o que mudou desta vez.

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O fim do caos interno

Uma das razões para o Sporting não conseguir ser campeão nos últimos 19 anos foi a má gestão do clube. Pior do que a troca constante de presidentes, sete no total durante o período, foi a maneira como a crise institucional tomou conta dos leoninos. O período mais caótico aconteceu sob as ordens de Bruno de Carvalho. Não necessariamente por aquilo que ocorria em campo, mas pelo inacreditável episódio de violência no CT alviverde. Com a permissão de alguém de dentro, um grupo de torcedores violentos invadiu a sede do clube e agrediu jogadores. Nove atletas rescindiram seus contratos. Bruno de Carvalho foi apontado como mentor da ação, indiciado por 56 crimes – incluindo terrorismo, sequestro e ameaça agravada. Acabou absolvido de participação direta pela justiça portuguesa, mas, dentro do clube, perdeu até a carteirinha de sócio.

Novas eleições foram realizadas em 2018 e Frederico Varandas acabou escolhido como o novo presidente, após sete anos como médico do Sporting. Ainda levaria um tempo para que o clube colocasse ordem na casa, com mudanças de treinadores e falta de consistência dentro de campo. Além disso, jogadores importantes também saíram, em especial Bruno Fernandes – que rendeu uma fortuna, parcialmente gasta em reforços discutíveis como Luciano Vietto e Jesé. Apesar da saída de uma figura nefasta como Bruno de Carvalho, os leoninos pareciam ainda caminhar em areia movediça desde a troca na presidência. Varandas, entretanto, conseguiu reavivar as esperanças dos sportinguistas a partir da aposta em Rúben Amorim. A contratação do treinador por €10 milhões, valor de sua multa rescisória no Braga, parecia um negócio arriscado e foi criticada por muitos. O mandatário, porém, foi certeiro em sua escolha e conseguiu oferecer um ambiente bem mais leve para que o novo comandante realizasse sua revolução. Uma transformação completa nesta temporada.

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O peso do treinador

Rúben Amorim, sem dúvidas, é o principal nome da conquista do Sporting. E um herói inusitado, para dizer o mínimo. O ex-meio-campista tinha uma carreira muito breve quando chegou ao Alvalade. Tinha dirigido o modesto Casa Pia, ficou três meses no Braga B e acabou pinçado numa emergência para o time principal do Braga. Apesar da mínima amostragem, Amorim emendou sete vitórias consecutivas em seus primeiros jogos à frente dos arsenalistas, conquistando a Taça da Liga, com o próprio Sporting eliminado na semifinal. Era um início empolgante, mas suficiente para pagar a alta multa rescisória? Para muitos não, até considerando o passado benfiquista nos tempos de jogador. A torcida chiou quando a escolha foi feita.

O momento, de certa maneira, ajudou Rúben Amorim. Ele assumiu o Sporting sem perspectivas além da quarta colocação no Campeonato Português de 2019/20 e logo depois de seu primeiro jogo aconteceu a paralisação por conta da pandemia. Os meses apenas treinando foram importantes para que o novo técnico implementasse suas ideias. Conseguiu dar uma liga no 3-4-3 que serviu de base ao longo da campanha do título, com uma equipe que sabe exercer a pressão sem a bola e também aproveitar os espaços de quem chega de trás. O time só perdeu os clássicos na reta final da liga em 2019/20, mas chegou a ficar oito partidas sem perder com o novo treinador. O sinal de alerta só foi ligado mesmo em outubro, no início da atual temporada. Goleado pelo LASK Linz por 4 a 1, o Sporting deixou a Liga Europa ainda nas preliminares.

A eliminação, no fim das contas, não seria tão ruim. Deixaria suas lições e permitiria que o Sporting não dividisse as atenções com as competições continentais. Era uma realidade diferente da vivida por Porto, na Champions como atual campeão, e por Benfica, ainda mais cobrado depois dos altíssimos investimentos na volta de Jorge Jesus. Longe dos maiores holofotes, os leoninos foram comendo pelas beiradas. E, neste sentido, Rúben Amorim teve um papel central. O treinador causou seu impacto pela forma como o time se tornou ainda mais funcional, absorvendo bem jogadores surgidos da base e reforços sem muito renome. Mas há também um trabalho mental por trás.

Rúben Amorim é elogiado por suas capacidades psicológicas. Diferentes jogadores ressaltam a maneira como o treinador uniu o clube e conseguiu incutir uma mentalidade vitoriosa, pensando jogo a jogo. Mesmo em momentos de maior provação, como a sequência de empates nesta reta final, os sportinguistas ainda mantinham um empenho notável dentro de campo e logo se reergueram. Além disso, Amorim chamava muito a responsabilidade para si durante as entrevistas e as coletivas de imprensa. Tinha uma postura calma e até descontraída, que contrastava com Jorge Jesus e Sérgio Conceição nos rivais. Isso pareceu criar um clima favorável para que seus jogadores focassem no trabalho. Foi essencial, ainda mais num clube cheio de traumas durante as últimas décadas.

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A liderança de Coates

Em campo, o grande destaque do Sporting foi Sebastián Coates. O capitão viveu uma temporada transformadora em sua carreira. O uruguaio nem sempre foi unanimidade, mesmo no Alvalade, muitas vezes criticado pela insegurança e pelos gols contra. Nesta temporada, o zagueiro virou um símbolo do sucesso da equipe. Encaixou-se muito bem no esquema com três zagueiros e passou a representar a solidez de um time que dificilmente era vazado. E, ainda mais notável, começou a contribuir ofensivamente com os sportinguistas. Foram sete gols ao longo da campanha, alguns deles nos minutos finais, que valeram vitórias agônicas. Quando necessário, o beque parecia incorporar o espírito de luta leonino da melhor forma.

Jogador experiente em sua seleção, Coates transferiu tal rodagem ao elenco. Aos 30 anos, ascendeu como uma liderança, especialmente após a aposentadoria de Jérémy Mathieu. E conseguiu ser o fiel representante do que pedia Rúben Amorim aos seus comandados. Sem muitas vaidades, era um jogador empenhado, e que conseguia se tornar repetidamente decisivo. Ao lado da contratação de Antonio Adán e do retorno de João Mário, o capitão também tinha outros companheiros para ajudar na condução de um elenco essencialmente jovem. Não se nega seu papel, seja pela firmeza ou pela forma como chamou a responsabilidade inclusive nas provações.

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Uma campanha impecável

O desempenho do Sporting neste Campeonato Português é histórico não apenas pelo fim do jejum. Os alviverdes também debulham recordes na competição. O time de Rúben Amorim está invicto há 32 partidas. É um recorde do clube e também da liga em uma única edição. Embora Porto e Benfica tenham títulos invictos em edições com 30 rodadas, o Leão pode ser o primeiro a fazê-lo numa caminhada com 34 rodadas. São 25 vitórias e sete empates até o momento, com um aproveitamento ligeiramente melhor como visitantes do que como mandantes. Os leoninos também não tremeram nos clássicos, com uma vitória sobre o Benfica (aguardando o clássico na Luz durante a próxima rodada), além de dois empates contra o Porto.

E numa campanha de números tão expressivos, vale exaltar o altíssimo rendimento da defesa. O Sporting sofreu míseros 15 gols em 32 partidas, média inferior a um tento tomado a cada dois compromissos. É o melhor desempenho defensivo de um campeão no Campeonato Português desde 2012/13, quando o Porto também levou o troféu de maneira invicta. A atual equipe sportinguista passou nada menos que 20 de seus 32 jogos sem ser vazada. Além disso, não tomou mais que dois tentos num mesmo jogo durante toda a caminhada na liga. Mesmo com três zagueiros, a linha defensiva de Rúben Amorim sempre via um homem se soltar para ajudar no combate. Apesar de certo pragmatismo, havia um dinamismo que permitiu tamanho impacto.

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As vitórias emocionantes

Ainda que o Sporting tenha sobrado na tabela, não foram poucas as vitórias que os leoninos conquistaram de maneira emocionante. Não foi um campeão de aplicar muitas goleadas, com apenas dois triunfos com mais de dois gols de diferença no placar – dois 4 a 0 ainda no início do primeiro turno. Em compensação, os alviverdes apresentaram um espírito de luta imenso. Nada menos que 20 pontos foram conquistados com gols anotados já depois dos 35 minutos do segundo tempo. Uma diferença e tanto, que permitiu aos sportinguistas levarem a taça. Foram duas viradas garantidas com esses gols tardios, dois empates e seis igualdades que acabaram se transformando em vitórias.

Alguns desses jogos se tornam emblemáticos. Contra o Gil Vicente, na primeira rodada do returno, o Sporting perdia até os 38 do segundo tempo. Sebastián Coates marcou dois gols para a virada por 2 a 1, o segundo deles aos 46. Já a partida em que a invencibilidade mais pareceu ameaçada aconteceu já no fim de abril, contra o Belenenses SAD, que vencia por dois gols de diferença até os 38 do segundo tempo. Coates fez mais um e o tento do empate foi garantido por Jovane Cabral aos 51. Ainda houve um 2 a 2 contra o Porto buscado aos 42 do segundo tempo, o 1 a 0 sobre o Benfica que saiu aos 47 e o 1 a 0 contra o Braga fora de casa aos 36, com um homem a menos. Tais números reforçam a capacidade mental dos sportinguistas, bem como o preparo físico para atropelar no fim.

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Boas apostas no mercado

O Sporting abriu mão de vários jogadores na atual temporada. Wendel saiu para o Zenit, Marcos Acuña assinou com o Sevilla, Luciano Vietto foi para o Al Hilal, Matheus Pereira acionou sua cláusula de rescisão para ficar no West Brom. Apenas na janela de verão, o Sporting garantiu mais de €40 milhões em vendas. E isso não resultou em apostas desmedidas nas compras. Pelo contrário, os leoninos garimparam muito bem as possibilidades e fizeram contratações iniciais que custaram menos de €13 milhões.

Pedro Gonçalves foi a compra mais cara, trazido do Famalicão por €6,5 milhões. Valeu cada centavo, virando um dos melhores jogadores do campeonato. O meia de 22 anos se encaixou bem no esquema tático, com muito dinamismo, e aproveitou sua capacidade de definição para virar o artilheiro alviverde. São 18 gols na liga, além de quatro assistências. Outro grande negócio ao setor ofensivo foi Nuno Santos, ponta de 26 anos que vinha de boa campanha com o Rio Ave. Guardou seis gols e deu seis assistências, outro que tomou a posição como titular. Pedro Porro chegou emprestado do Manchester City e virou um dos melhores laterais direitos do campeonato, a ponto de ser convocado pela seleção espanhola.

Mesmo os medalhões contratados valeram demais. Antonio Adán era reserva do Atlético de Madrid, com uma carreira que incluía passagens mais lembradas por Betis e Real Madrid. O espanhol virou um paredão e terminou a campanha como o melhor arqueiro da competição. Zouhair Feddal veio do Betis, com uma carreira debruçada entre La Liga e Serie A, também tomando conta de seu espaço na zaga. No meio, João Mário voltava para casa depois de quatro anos, emprestado pela Internazionale, e recuperou seu futebol. E mesmo a janela de inverno foi proveitosa ao Sporting. Se a reclamação era de que faltava um goleador, os leoninos tiraram Paulinho do Braga por €16 milhões. O impacto do atacante foi até menor que o esperado, mas rendeu exatamente o gol do título. Matheus Reis foi outro que chegou neste momento e aumentou o escopo na ala esquerda.

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A utilização da base

O Sporting possui uma das bases mais prolíficas do futebol europeu. E as canteras que já revelaram Luis Figo ou Cristiano Ronaldo também foram importantes na reconquista do Campeonato Português. Dez jogadores do elenco atual foram formados pelos níveis inferiores alviverdes, alguns deles centrais no sucesso desta temporada. A maior revelação é o lateral esquerdo Nuno Mendes, de 18 anos. Em sua primeira campanha completa como profissional, o garoto teve uma influência imensa no estilo de jogo do time, até pela liberdade como ala. O sucesso foi tamanho que, na última Data Fifa, já tomou posição como titular da seleção portuguesa.

Ainda na defesa, Gonçalo Inácio ganhou o posto como um dos três zagueiros. João Palhinha era mais rodado, mas voltou de empréstimo do Braga para virar um dos motores no meio-campo, incansável e muito combativo. O brasileiro Matheus Nunes, por sua vez, veio do Estoril para o time sub-23 e virou uma espécie de 12° jogador do time principal nesta temporada. Marcou gols fundamentais contra Benfica e Braga. Já no ataque, Tiago Tomás foi uma alternativa recorrente e também deu sua contribuição. Por fim, Jovane Cabral serviu como uma arma no segundo tempo, com gols importantes sobretudo nesta reta final da campanha.

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A ansiedade da torcida

A torcida do Sporting conviveu com os sucessos dos principais rivais nos últimos anos. Viu o Benfica emendar sua série de títulos no Campeonato Português, bem como chegar à final da Liga Europa. Presenciou o Porto estabelecer uma hegemonia até maior na liga nacional, se distanciando dos alviverdes na tabela histórica, bem como levando Champions e Liga Europa neste ínterim. Havia uma ansiedade clara entre os alviverdes, que não se contentavam com a Taça de Portugal ou a Taça da Liga. E isso criava também uma pressão sobre o clube, com muitos jogadores encontrando dificuldades para lidar com as cobranças e as insatisfações nas arquibancadas. Neste sentido, até ajudou o estádio vazio, sem nada que tirasse a concentração do elenco de Rúben Amorim. Mas, no fim, todos jogavam para dar aquele título à massa ensandecida, pronta a explodir na comemoração.

A terça-feira inesquecível provocou um terremoto nas ruas de Lisboa – mesmo com as restrições da pandemia. Os arredores do Estádio José Alvalade abrigaram uma multidão. Nas ruas, mais gente saiu depois da vitória sobre o Boavista. Foram registrados confrontos com a polícia e detenções, que mancham a alegria depois de tanta espera. Uma pena que, em tempos de restrições, muitos leoninos tenham precisado se contentar com a celebração longe dos amigos e em suas próprias casas. Mas tal erupção, mesmo que contida ao que realmente poderia ser, torna-se uma marca.

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O troféu do novo Alvalade

O José Alvalade foi inaugurado em 1956, mas acabou reconstruído do zero a partir de 2001. O novo estádio seria um dos principais palcos à Eurocopa de 2004 e indicava uma nova era ao Sporting. Sua inauguração aconteceu em 2003, exatamente um ano após a última conquista leonina no Campeonato Português. E foram quase duas décadas até que a moderna praça esportiva recebesse os festejos sportinguistas na liga. Aconteceram algumas dores por lá, em especial a decisão da Copa da Uefa de 2005, quando o Sporting alcançou a final previamente endereçada ao seu próprio estádio e perdeu o troféu para o CSKA Moscou. Depois disso, de qualquer maneira, os alviverdes seguiram atolados sem reconquistar o título português. Por enquanto, as bancadas estão vazias. Mas, quando os portões forem abertos, o recomeço do Alvalade cheio será inesquecível.

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