O golaço de Otávio e a apoteótica classificação do Porto ficaram ofuscados pelo caso de racismo contra Pepe na Taça de Portugal | OneFootball

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·04 de maio de 2023

O golaço de Otávio e a apoteótica classificação do Porto ficaram ofuscados pelo caso de racismo contra Pepe na Taça de Portugal

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O Porto se classificou à decisão da Taça de Portugal com um nível de emoção no talo. Depois da vitória portista por 2 a 1 na ida, o Famalicão deu o troco no Estádio do Dragão também por 2 a 1. A partida seguiu para a prorrogação e estava indo para os pênaltis, até que os alviazuis buscassem a classificação nos acréscimos do segundo tempo extra. Foi com estilo: Otávio soltou uma bomba e anotou um golaço, com o tiro potente entrando direto no ângulo. Evanílson ainda fez mais um depois, para decretar a vitória de virada por 3 a 2. Foi um resultado simbólico para o Porto, não só pela forma como aconteceu ou pela vaga na final, mas também pela resposta na bola aos insultos racistas que Pepe teria sofrido de um jogador adversário. Um caso que precisa ser investigado na esfera esportiva e também na criminal, até pela passividade do árbitro Gustavo Correia, que estava ao lado do veterano no momento e não tomou qualquer atitude para protegê-lo.

A situação do Porto parecia encaminhada, com a vitória por 2 a 1 em Vila Nova de Famalicão. No entanto, os visitantes causaram problemas no Estádio do Dragão. O Famalicão abriu o placar aos 21 minutos, com Jhonder Cádiz desviando de cabeça uma falta alçada para a área. O empate do Porto não tardou, aos 28, graças a um pênalti convertido por Galeno. E a virada também poderia ter vindo, com um gol anulado por impedimento. O Famalicão, de qualquer maneira, tentava a classificação e mandou bola na trave no segundo tempo. Já aos 30 da etapa final, os pequeninos devolveram o placar da ida. Iván Jaime anotou o gol que forçou a prorrogação.


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O incidente de racismo aconteceu no fim do segundo tempo. Santiago Colombatto estava no chão para atendimento médico, quando Pepe se aproximou. Foi neste momento que o português teria sido chamado de “mono” (macaco) pelo argentino. O zagueiro se revoltou e acabou contido pelo árbitro, que estava próximo da discussão e não agiu para coibir o jogador do Famalicão. O veterano continuou inconformado, conversando com o quarto árbitro e com o banco de reservas portista, além de alguns adversários. A partida permaneceu paralisada por alguns minutos, diante da reação do alagoano. No fim das contas, o técnico Sergio Conceição tomou um amarelo e Colombatto foi substituído de imediato.

O Porto buscava mais o ataque na prorrogação, mas precisou esperar até os acréscimos do segundo tempo para selar a classificação. O gol de empate saiu no 121° minuto, quando se cumpriam os dois de acréscimos. Otávio pegou na veia uma sobra na entrada da área: um petardo que teve o rumo perfeito na gaveta. Golaço com raiva. A classificação já estava nas mãos. Por fim, num contra-ataque, os portistas saíram com a vitória. Evanílson se infiltrou na área e finalizou rasteiro, na saída do goleiro.

Depois da partida, Pepe comentou o episódio: “Triste isso acontecer entre atletas deste nível. Infelizmente, o árbitro não teve coragem, é mesmo assim, porque ouviu que ele chamou-me de mono. Toda a gente sabe o que é. Eu não saí do campo por respeito às pessoas que vieram cá e que pagaram, às pessoas que estão em casa a ver jogo de futebol, que pagam a televisão e que fazem que o desporto seja bonito. Entre jogadores isso acontecer é lamentável, ainda mais na frente do árbitro. Ele ouviu. Ele estava tão atrapalhado que dizia que não foi mono, que foi monada. Eu espero que o VAR escute”.

“Vou agora falar com as pessoas do Porto porque quero denunciar isso. É lamentável acontecer esse tipo de coisa. Com todo o respeito. Eu sou capitão do Porto, capitão da seleção, respeito esta profissão. Sou o que sou hoje por causa desse desporto e temos de dar exemplo, independentemente de ganhar e perder, temos de dar exemplo. Quando perdemos, é chato, mas não podemos humilhar o próximo. É inadmissível no dia de hoje, num campo de futebol onde há muitas câmeras, onde há o árbitro, que estava ali e ouviu… não teve coragem de parar o jogo e de dar repreensão. Se o árbitro não tem coragem, quem vai ter? Espero que as pessoas olhem para isso e tomem decisão. É inadmissível acontecer hoje num campo de futebol, onde há crianças. Disse ao árbitro que estava decepcionado com ele. Não o cumprimentei por causa disso. Não merece. Tinha autoridade e provas para mudar uma história negra e não teve coragem. É inadmissível”, complementou o zagueiro.

João Pedro Sousa, técnico do Famalicão, acusou Pepe de ser mentiroso: “Sejam jogadores, sejam treinadores, dirigentes, quem disser que o Colombatto ofendeu alguém, é mentira. É mentira. Não importa quem foi. Se alguém disse, é mentiroso ou percebeu mal. Há que ter cuidado com a forma como se acusam as pessoas. O Santiago é um senhor. É um grande profissional. Deixa tudo no campo e não é na competição, é no treino, antes do treino e depois. No fundo, é um senhor. Só lhe perguntei uma vez e se ele tivesse, por alguma razão, feito o que o acusam, com o carácter que tem, ele assumia rapidamente e disse-me que é mentira. Se alguém o diz, treinadores, jogadores ou dirigentes, se dizem isso são mentirosos”.

Já Sérgio Conceição rebateu o colega e disse confiar na decisão da justiça desportiva: “Confio plenamente no Pepe. Há áudios do árbitro e o Conselho de Arbitragem há de perceber o que o jogador do Famalicão chamou ao Pepe. O Pepe é o capitão da seleção, um dos jogadores portugueses com mais títulos… faltou ao respeito ao Pepe. Isso é ser mal-educado. Ele [João Pedro Sousa] não estava lá para ouvir o que o Pepe ouviu”.

O adversário do Porto na decisão será o Braga, que na outra semifinal bateu o Nacional da Madeira. A final acontecerá em 4 de junho, no Estádio Nacional de Oeiras. O Braga tinha sido o responsável por eliminar o Benfica nas quartas de final. Já o Sporting tinha caído logo na primeira fase do torneio, eliminado pelo Varzim, da terceira divisão.

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