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·29 de setembro de 2022

O Feitiço da Vila

Imagem do artigo:O Feitiço da Vila

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória

Uma prova incontestável de que Feitiço foi um dos melhores jogadores que atuaram na equipe do Santos foi a homenagem que esportistas da Cellula Mater da nacionalidade prestaram a ele fundando um clube que durante vinte e dois anos marcou sua presença no futebol do Litoral Paulista.


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Fundado no dia 21 de abril de 1928, o Feitiço Atlético Clube teve o nome mudado para São Vicente Atlético Clube no início do ano de 1950. Queriam os seus adeptos que o clube tivesse uma identificação maior com a cidade praiana.

Mesmo com a mudança do nome, Feitiço permanece na lembrança de todos os esportistas, pois sua passagem no mundo do futebol jamais será esquecida devido aos gols que marcou e pela sua marca de artilheiro insaciável.

Filho de Luís Fernandes Macedo e de dona Florisbela Pedro Macedo, Luís Macedo nasceu no dia 29 de setembro de 1901, um domingo, na região central de São Paulo, hoje conhecida como Bexiga, atual Bela Vista. O apelido de Feitiço ele ganhou de uma vizinha de nome Helena que assistia aos jogos do jovem no bairro e dizia que “o Luizinho parece um feitiço quando está com a bola nos pés”.

Feitiço ainda adolescente começou jogando na equipe do Jaceguai do Bexiga depois jogou em um time de várzea chamado Ítalo Luzitano de Pinheiros e passou a assinar as fichas como Luís Matoso, e foi atuando na equipe do São Bento na segunda divisão do campeonato paulista que se destacou chamando a atenção dos dirigentes dos grandes clubes da capital.

Hábil com a bola nos pés tinha o faro do gol e uma ótima visão de jogo, não era um jogador técnico, mas se sobressaia pela garra, pela coragem e principalmente por marcar gols principalmente de cabeça ou de bico.

Seu desempenho fez que o chamassem de “El Tigre da Segunda Divisão”, numa comparação com Friedenreich, o craque do Paulistano. Foi artilheiro por três vezes consecutivas no campeonato paulista em 1923 (18 gols), 1924 (14 gols) e 1925 (10 gols).

Emprestado ao Palestra Itália em março de 1925 para a primeira excursão internacional do clube à Argentina e Uruguai, participou de quatro jogos e marcou três gols. De volta ao São Bento, ajudou o clube a ser campeão e algumas de suas façanhas o transformaram em um astro do futebol paulista.

No Santos viveu os melhores momentos da carreira

Convidado por um dos fundadores do Santos, Antônio de Araújo Cunha, ele aceitou o convite para jogar no time do bairro da Vila Belmiro e fez sua primeira partida vestindo a camisa do Alvinegro Praiano no dia 3 de abril de 1927, em partida amistosa, no Parque Antártica, cuja renda do encontro seria destinada para os cofres de uma sociedade beneficente de nome “Cruz Azul”. O adversário foi o Palestra Itália.

O Santos venceu pelo placar de 3 a 2, com gols de Araken, Feitiço e Camarão. A equipe santista era dirigida pelo Diretor Geral de Esportes, Urbano Caldeira, que mandou a campo a seguinte formação: Ballio, David e Américo; Alfredo, Júlio e Hugo; Evangelista, Camarão, Feitiço, Araken e Siriri.

Onze dias depois de sua estreia o Santos enfrentou o Vasco na inauguração do estádio de São Januário, o maior da América Latina. E Feitiço teve uma atuação brilhante e de cabeça marcou um golaço de cabeça, na vitória do Alvinegro por 5 a 3, trazendo para Santos o bonito troféu “A Vitória”.

No Campeonato Paulista de 1927 só terminaria no início de março de 1928, o time santista estava realizando uma excelente campanha com homéricas goleadas diante de seus adversários, na Seleção Paulista, Feitiço era um dos destaques da equipe.

E no domingo, 13 de novembro daquele remoto ano, no estádio de São Januário, a Seleção Paulista enfrentou a Seleção Carioca e aconteceu um fato que culminou com sua suspensão do time do Santos. Os jogadores paulistas comandados por Feitiço e pelo goleiro Tuffy não deixaram que o time carioca batesse uma penalidade máxima a seu favor. Foi quando um emissário do presidente Washington Luiz, presente nas tribunas do estádio, entrou no gramado e deu a ordem presidencial para que a infração fosse cobrada.

Foi então que Feitiço falou para o emissário que “o presidente manda no Palácio do Catete, mas na Seleção Paulista mandamos nós”. Ocorreu que na sequência os jogadores paulistas saíram de campo e o pênalti que deu o título ao Rio de Janeiro foi batido com o gol paulista vazio.

Quanto a Feitiço, não participou da fase final do Campeonato Paulista, no início de 1928, quando sua ausência se revelou fatal para o Alvinegro, mas acabou voltando ao clube em julho e continuou sendo um destaque do time até 1932.

Artilheiro máximo no Campeonato Paulista nos anos de 1929 (12 gols), no ano de 1930 (36 gols) e no ano de 1931 (38 gols), o ídolo deixou o time santista no ano de 1932 após ter jogado com a camisa do Alvinegro 151 partidas e marcando 215 gols.

Ele é o quinto maior artilheiro do Santos. Pela Seleção Brasileira jogou quatro partidas e marcou seis gols. Foi um dos expoentes do ataque praiano que ficou conhecido como o “Time do ataque dos 100 gols” que durante o Campeonato Paulista de 1927 marcou exatos sem gols em 16 partidas, com uma média de 6,25 gols por partida.

Saindo da Vila Belmiro atuou no Corinthians, e depois foi jogar no Peñarol no Uruguai, voltou ao Santos em 1936, disputou apenas uma partida e jogou também no Vasco da Gama, no Palestra Itália até encerrar a carreira no São Cristóvão/RJ.

Seu companheiro de equipe no demolidor ataque santista, Araken Patusca, sempre enalteceu o companheiro afirmando que Feitiço foi o melhor centroavante que ele viu jogar.

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