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·30 de agosto de 2021

O elegante Mauro Ramos de Oliveira

Imagem do artigo:O elegante Mauro Ramos de Oliveira

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória

Natural da turística estância hidromineral de Poços de Caldas, a estância preferida pelos santistas, no Estado de Minas Gerais, Mauro Ramos de Oliveira nasceu em um sábado, 30 de agosto, no politicamente conturbado ano de 1930.


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O clássico e eficiente zagueiro Mauro ganhou jogando pelo time do Santos 17 títulos oficiais entre os anos de 1960 e 1967.

Com uma estatura de 1,80 e 76 quilos, o elegante Mauro tinha uma postura de líder e era super educado ao tratar de assuntos diversos com os interlocutores, o que lhe valeu o apelido de “Martha Rocha”, a bonita baiana eleita miss Brasil no ano de 1954.

Mauro, antes de chegar ao Santos, foi o protagonista de um acidente não intencional envolvendo o atacante santista Vasconcelos, no dia 9 de dezembro de 1956, pelo segundo turno do campeonato paulista, na Vila Belmiro. O Santos perdeu para o São Paulo por 3 a 1 jogando sob um gramado molhado, e num lance sem nenhuma intenção de ferir o atacante do Peixe, o zagueiro Mauro, que defendia as cores tricolores, machucou seriamente o jogador santista.

Em consequência da jogada, Vasconcelos fraturou a tíbia e dessa data em diante nunca mais voltou a jogar como jogava antes.

O Santos ficou com o título de Bicampeão Paulista, mas perdeu o seu maior ídolo na época. Quis o destino, porém, que com a grave contusão do titular da equipe surgisse como seu suplente imediato um garoto que viria a ser melhor ainda do que o ídolo ferido. Seu nome, Edson Arantes do Nascimento, Pelé.

O apelido, que Mauro carregou por toda a carreira, em nada diminuiu sua virilidade, pois quando era preciso sabia impor sua presença sem se intimidar, como demonstrou ao enfrentar os jogadores do Milan, na final do Mundial Interclubes de 1963, vencido pelo Santos.

Mauro se notabilizou na defensiva do Peixe, atuando em dupla com o gaúcho Calvet, na fase mais profícua em conquistas pelo Alvinegro mais famoso do mundo. Nesse período ele era o grande capitão da equipe.

Sabia desarmar sem cometer faltas, sempre jogando de cabeça erguida, dominava a bola com uma tranquilidade de causar invejas nos jogadores adversários. Era o sustentáculo da defesa que marcou época no futebol brasileiro.

Em 1962 ele ganhou com justiça os títulos de campeão mundial jogando pelo Santos e pela Seleção Brasileira. Foi também nesse ano, campeão paulista, brasileiro e sul-americano.

Poços de Caldas o começo da carreira fantástica

Mauro iniciou jogando em equipes de sua cidade natal, como o Caxias, antes de sua passagem pela Esportiva Sanjoanense, de São João da Boa Vista, e pela Associação Atlética Caldense.

Em 1948 foi contratado pelo São Paulo. Viajou na suplência, para as Copas do Mundo de 1954, na Suíça, e em 1958, na Suécia, enquanto defendia o time tricolor da capital.

Em 1960, chegou a Santos contratado por cinco milhões de cruzeiros. Apesar da idade, 29 anos, ele já era por muitos considerado um jogador veterano. Sua contratação foi analisada pela torcida praiana como sendo uma contratação de risco. Na sequência da carreira ele desfez essa dúvida.

Sua primeira apresentação na zaga do Peixe foi em um domingo, 27 de março de 1960, no Pacaembu, pelo Torneio Rio-São Paulo, em um empate de 2 a 2 com o Palmeiras. Nesse dia o técnico Luiz Alonso Perez, o Lula, escalou o time com Lalá, Getúlio, Mauro e Zé Carlos; Formiga e Zito; Dorval, Mario, Ney, Coutinho (depois Tite) e Pepe.

Com o parceiro, o discreto quarta zaga Raul Donazar Calvet, que fez sua primeira partida no Santos logo em seguida, Mauro formou uma dupla de zaga respeitada e de muito sucesso no futebol brasileiro.

Pelo Santos, Mauro jogou 352 partidas, ou 65% do total de 542 partidas disputadas pelo Santos entre os anos de 1960 e 1967, não tendo marcado nenhum com a camisa do clube praiano.

Ganhou cinco vezes o campeonato brasileiro nos anos de 1961 a 1965, além de ter sido bicampeão da Copa Libertadores do Mundial Interclubes nos anos de 1962/63 e foi também campeão paulista nos anos de 1960/61//62/64 e 1967.

Na Seleção Canarinho, enquanto esteve no Santos, disputou 15 partidas e foi o capitão e bicampeão mundial pela na Copa do Mundo no Chile, em 1962.

México, primeiro depois a volta ao Alvinegro

O México, terra do humorista Cantinflas, grande amigo dos jogadores do Peixe, foi onde Mauro jogou depois que deixou o Alvinegro no ano de 1967. No Toluca, onde esteve até 1968, ele iniciou a carreira de treinador dirigindo o Deportivo Oro.

Quando Antônio Fernandes, o técnico Antoninho, saiu do comando do time do Santos, Mauro foi convidado a dirigir a equipe da Vila Belmiro. Como treinador foram 78 partidas, vencendo 39, empatando 24 e perdendo 115, deixando o cargo no ano de 1972, quando assumiu Pepe por duas partidas depois como efetivo entrou Jair Rosa Pinto.

Entre fevereiro de 1973 e março de 1974, treinou o Club Jalisco do México e lá deixou em definitivo o mundo da bola, retornando à sua terra natal, a mineira Poços de Caldas. Lá na sua querida cidade tem uma estátua do “Capitão do Bi” lembrando o ápice de sua carreira esportiva, quando ergueu a taça Jules Rimet, no Chile, em 1962.

“Jogar no Santos representou para mim o maior prêmio que um atleta poderia receber em sua carreira. Agradeço a Deus por ter jogado naquele time” falou se referindo a sua passagem pelo Peixe.

Vítima de câncer no estômago, o elegante zagueiro ícone da zaga santista, Mauro Ramos de Oliveira veio a óbito, aos 72 anos, em uma quarta-feira, 18 de setembro, na sua amada Poços de Caldas.

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