O desespero de Leicester e Everton promoveu uma partidaça, mas com um empate que é ruim para os dois | OneFootball

O temor do rebaixamento é claro para Leicester e Everton. Os dois clubes fazem temporadas sofríveis na Premier League e parecem até se esforçar para cair. O fechamento da rodada contou com o confronto direto, num clima de tensão no Estádio King Power. O encontro resultou num jogaço, em que o placar de 2 a 2 poderia ser maior, pela quantidade de chances criadas. Os Toffees eram superiores e abriram o placar, mas tomaram a virada e sofreram com a fúria de Jamie Vardy. As Raposas poderiam ter feito mais, com bola no travessão e pênalti perdido, mas também contavam com os milagres do goleiro Daniel Iversen. No segundo tempo, o Everton arrancou o empate e qualquer um dos times poderia ter vencido, em contagem que não mais se alterou. E se a satisfação com o resultado não é plena a ninguém, pelo menos o Leicester deixa o Z-3.

O Leicester até buscou mais o jogo nos primeiros minutos, o que não durou muito. O Everton passaria a ditar as ordens e a forçar a defesa das Raposas. O goleiro Daniel Iversen foi decisivo já aos oito minutos, numa batida de Alex Iwobi que tinha endereço e parou numa defesaça do arqueiro. Do outro lado, quando James Maddison arriscou, não deu o mesmo trabalho para Jordan Pickford. De qualquer maneira, o momento era mesmo dos Toffees e a equipe ganhou um pênalti aos 14 minutos, numa falta de Timothy Castagne. Dominic Calvert-Lewin chutou no meio do gol e abriu o placar.

A partida continuou na mesma toada depois do gol. O Everton seguia com muita energia. Botava intensidade nas divididas e jogava bastante pelos lados do campo. O Leicester não tinha o mesmo volume de jogo, mas conseguiu dar uma resposta cedo e empatou aos 22 minutos. A bola parada faria a diferença. Wout Faes aparou o cruzamento pelo alto e a linha de impedimento deu bobeira, o que habilitou Çaglar Söyüncü para anotar. A partida pegava fogo. Mas não que o Everton perdesse a iniciativa. Os Toffees ainda distribuíam as cartas e buscavam mais o ataque. Só não conseguiam ser tão incisivos.

Em termos de qualidade técnica, porém, o Leicester tinha mais recursos. Isso ficava claro com a participação de Maddison, com bons lances individuais. O meia chegou a testar Pickford aos 32, antes de criar o gol da virada aos 33. Num passe de Alex Iwobi que Youri Tielemans interceptou, Maddison acertou um lançamento em profundidade cirúrgico para Jamie Vardy. Do jeito como o artilheiro gosta: disparou em velocidade e não titubeou contra Pickford. Driblou o goleiro e bateu às redes vazias. O Everton, em dois descuidos, jogava fora o placar e a superioridade.

A reta final do primeiro tempo, então, virou uma trocação. O Everton seguia mais à frente e parava em Iversen. O goleiro realizou mais uma excelente defesa contra Dwight McNeill. Já aos 43, veio uma sequência inacreditável. Calvert-Lewin recebeu sozinho na pequena área e fez o mais difícil: carimbou Iversen, que sequer estava na melhor posição. Foi um gol perdido inadmissível. Pior, o Leicester encaixou o contragolpe e quase anotou o terceiro. Vardy ziguezagueou contra o marcador e deu um toquinho por cima de Pickford, mas a bola bateu no travessão. Nesta sequência, os Toffees perderam o lesionado Seamus Coleman, numa cena horrível em que o veterano pareceu torcer o joelho. E, como se não bastasse, nos acréscimos, as Raposas ganharam um pênalti. Maddison poderia assinalar o terceiro, mas resolveu bater no meio. Pickford foi muito inteligente e esperou, para uma defesa que mantinha a esperança dos visitantes.

O segundo tempo voltou com a mesma temperatura elevada. O Leicester chegou primeiro e Vardy ficou a um triz de completar um cruzamento de Castagne, que atravessou a área. Logo depois, a resposta do Everton parou em outro milagre de Iversen, salvando com o pé o chute rasteiro de Calvert-Lewin. Contudo, os Toffees arrancaram o empate aos nove minutos. Num cruzamento da esquerda que a zaga não cortou, Iwobi aproveitou a bola viva no segundo pau e bateu de primeira, rasteiro, para superar Iversen. Mas não que as Raposas tenham se abalado com isso. Quase o terceiro gol surgiu em seguida, numa bola alçada na área. Vardy cabeceou da pequena área e, sabe-se lá como, James Tarkowski realizou o corte quase em cima da linha.

Só então as emoções se reduziriam um pouco. O Leicester ficou mais ofensivo aos 16, quando trocou Wilfred Ndidi por Patson Daka. A posse de bola das Raposas se tornava enorme, mas sem encontrar espaços na linha defensiva do Everton, mais recuada neste momento. O duelo virava um jogo de nervos, até porque os Toffees não conseguiam acertar seus contra-ataques, com muitos erros de passes. Uma nova sequência de lances perigosos aconteceria somente aos 31. Iversen foi preciso para cortar uma bola que chegava limpa a Calvert-Lewin, após a furada de Söyüncü. Logo depois, Harvey Barnes disparou na esquerda e chutou mal, sem direção.

Os times despertaram para a reta final da partida. O Everton resolveu sair mais ao ataque, o que criava espaços para o Leicester. Numa dessas, aos 35, Vardy foi acionado em velocidade. Pickford se antecipou fora da área, mas se enroscou e acabou desarmado por Barnes. A sobra ficou com Vardy, que tentou aproveitar o goleiro fora da meta e chutou de longe, mas não acertou o alvo. Pickford até se benzeu depois disso. Os Toffees voltavam a ter mais volume, mas não com o gás das Raposas, sempre com Vardy aceso. E quem seguia pegando demais era Iversen. Aos 41, quando Abdoulaye Doucouré soltou a pancada da meia-lua, o goleiro buscou no cantinho. Só os acréscimos que ficaram devendo, com um perde e ganha que não deu resultados. Ficou o empate.

O Leicester pelo menos deixa a zona de rebaixamento. As Raposas chegam aos 30 pontos, no 16° lugar. Com isso, ultrapassam Leeds e Nottingham Forest – este, agora na zona de rebaixamento. O Everton é o penúltimo colocado, com 29 pontos. Só está na frente do desenganado Southampton, que soma 24 pontos.