O Bournemouth aprendeu o caminho à Premier League e, após vencer a decisão com o Forest, confirma o acesso | OneFootball

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·04 de maio de 2022

O Bournemouth aprendeu o caminho à Premier League e, após vencer a decisão com o Forest, confirma o acesso

Imagem do artigo:O Bournemouth aprendeu o caminho à Premier League e, após vencer a decisão com o Forest, confirma o acesso

O Bournemouth demorou 116 anos de sua história para disputar a primeira divisão do Campeonato Inglês pela primeira vez, em 2015/16. Seriam cinco temporadas consecutivas na elite, com campanhas de destaque no meio da tabela e bons jogadores revelados. O rebaixamento em 2019/20 encerrou também o ciclo de Eddie Howe no Estádio Vitality e iniciou um processo de reformulação. Apesar disso, a equipe já conhecia o caminho das pedras e não demorou a retornar à Premier League. Nesta terça, o Bournemouth comemorou o acesso depois de duas campanhas na Championship. O time dirigido por Scott Parker venceu uma “decisão” contra o Nottingham Forest, com o triunfo por 1 a 0 no confronto direto já valendo a promoção com uma rodada de antecedência.

O período mais relevante na história do Bournemouth é exatamente o atual. O clube historicamente vagou pelas divisões de acesso e só chegou à segundona pela primeira vez no fim dos anos 1980. A grande escalada das Cherries, de qualquer maneira, aconteceu a partir de 2009/10. Foi quando o time, já dirigido por Eddie Howe, conquistou o acesso na quarta divisão. O treinador saiu brevemente ao Burnley, mas voltou para subir também na terceirona em 2012/13, encerrando um hiato de 23 anos longe da segunda divisão. Isso até que a promoção inédita para a Premier League ocorresse em 2014/15. Considerando as limitações ao redor do Bournemouth, passar cinco anos na primeira divisão já era louvável. Melhor ainda pelo futebol competitivo apresentado pela equipe, muitas vezes causando problemas aos gigantes da liga.


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O rebaixamento do Bournemouth em algum momento aconteceria. Era um processo compreensível, diante das diferenças dentro da liga. E não deveria ser encarado como o fim do mundo, até considerando as benesses financeiras que o clube teria na Championship, ao manter valores mais polpudos em suas receitas. Eddie Howe saiu de cena após oito anos seguidos no comando e as Cherries tiveram dificuldades para encontrar um caminho em 2020/21. O antigo assistente Jason Tindall assumiu o cargo, mas não durou além de seis meses no cargo e Jonathan Woodgate terminou a Championship como interino. Após um período na zona de acesso direto, o Bournemouth teve que se contentar com os playoffs e sucumbiu diante do Brentford na semifinal.

Para 2021/22, o Bournemouth apostou na chegada de Scott Parker para o comando técnico. O ex-volante vinha de um início de carreira promissor, ao conquistar um acesso com o Fulham, por mais que tenha caído na temporada seguinte. E o novo treinador conseguiu emplacar também no novo time. As Cherries venderam Arnaut Danjuma para o Villarreal, mas investiram no elenco, trazendo vários jogadores com nível de Premier League – muitos deles emprestados pelos próprios clubes da elite. Também é fundamental a permanência de vários atletas que disputaram a PL com o clube. Do elenco atual, nada menos que dez jogadores estão na equipe desde os tempos de primeira divisão. O nível de manutenção do grupo foi alto, mesmo que outros destaques como Nathan Aké, Callum Wilson e Aaron Ramsdale também tenham saído logo após o rebaixamento.

O Bournemouth pecou pelo excesso de empates nas cinco primeiras rodadas, mas logo disparou e se colocou como candidato ao acesso. A equipe permaneceu invicta nas 15 primeiras partidas, com 11 vitórias no período. Naturalmente passou a ocupar a liderança, chegando a abrir nove pontos de vantagem no G-2. As Cherries lidariam com a má fase a partir de novembro, com apenas uma vitória numa sequência de oito rodadas. Isso, combinado com a ascensão do Fulham, deixou o time de Scott Parker na segunda posição. De qualquer forma, existia uma gordura acumulada que manteve os rubro-negros na zona do acesso direto.

Oscilando mais, o Bournemouth deixou o G-2 por um breve período em janeiro, mas a resposta veio com uma nova série invicta. A recuperação do time nesse momento foi essencial, especialmente quando o Nottingham Forest disparava mais abaixo na tabela. E mesmo que alguns empates mais recentes tenham adiado a confirmação do acesso, as Cherries permaneciam na zona de classificação. Para completar o serviço, não poderiam bobear nesta terça, com o confronto direto diante do Forest – em duelo atrasado pela competição. A vitória dos visitantes no Estádio Vitality deixaria os dois times igualados na tabela, mas o Bournemouth fez o dever de casa para ganhar por 1 a 0 e confirmar a promoção, ao abrir seis pontos de vantagem na segunda posição.

A torcida do Bournemouth entendeu perfeitamente o caráter decisivo do embate e criou um clima de decisão, vibrando a cada lance de sua equipe. O Nottingham Forest, entretanto, mandou bola no travessão e veria outra salva em cima da linha durante o primeiro tempo – além de um pênalti negado sobre o qual os visitantes reclamaram bastante. As Cherries melhoraram apenas na segunda etapa, criando mais chances, até que o gol do acesso saísse aos 38 do segundo tempo. Numa cobrança de falta ensaiada, Philip Billing rolou na esquerda e Kieffer Moore definiu com espaço, em chute cruzado que acabou nas redes.

Ao apito final, uma comemoração massiva tomou o gramado do Estádio Vitality. Até mesmo um cadeirante apareceu no campo, em cena desde já icônica. Outro personagem importante na festa era o ponta David Brooks. Diagnosticado com câncer em outubro, o jogador de 24 anos deu uma grande notícia ao anunciar que está curado da doença. As boas novas certamente motivaram os companheiros antes que a bola rolasse e Brooks esteve presente na celebração. Ao Forest, restará agora disputar os playoffs, já confirmado nos mata-matas ao lado do Huddersfield Town. Outras duas vagas seguem em aberto.

A grande figura do Bournemouth no acesso foi o centroavante Dominic Solanke. Um dos remanescentes da Premier League, o atacante de 24 anos viveu grande ano e guardou 29 gols ao longo da campanha. Outro jovem que rendeu bem no setor foi o ponta Jaidon Anthony, cria da casa, enquanto Ryan Christie emplacou após desembarcar do Celtic. Kieffer Moore, por sua vez, chegou em janeiro do Cardiff City e sofreu uma fratura no pé. Retornou exatamente no momento decisivo para ser herói, com gols importantes. O meio-campo se valeu do entrosamento oferecido por velhos conhecidos da torcida – como Jefferson Lerma, Lewis Cook e especialmente Philip Billing. Já na defesa, enquanto Gary Cahill foi titular no primeiro turno, Nathaniel Phillips chegou do Liverpool para fazer a diferença na segunda metade da campanha. Os jovens Lloyd Kelly (eleito um dos melhores zagueiros do campeonato) e Jordan Zemura são outros que pedem passagem.

No papel, o Bournemouth indica capacidade para almejar a permanência na Premier League. O ponto de partida das Cherries é bom e reforços pontuais poderão melhorar ainda mais o equilíbrio já existente no atual grupo rubro-negro. Todavia, é importante ter consciência de que a estruturação do trabalho que se via com Eddie Howe não se preserva totalmente. Por mais que Scott Parker surja como um técnico promissor, a relação é diferente do que se tinha antes, com Howe sendo um profissional altamente identificado no Estádio Vitality. Por isso mesmo, permanecer por cinco anos na elite agora parece missão mais difícil. Ainda assim, celebrar um novo acesso já deve ser considerado algo grande às Cherries. Para quem atravessou a maior parte de sua história nas divisões de acesso, reaparecer na primeira em tão pouco tempo é bem mais que muitos torcedores sonhavam.

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