Santos FC
·01 de outubro de 2024
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Guilherme Guarche, Centro de Memória
Foi num dia 1º de outubro, um sábado festivo na América do Norte, que o eterno Rei do Futebol, Edson Arantes do Nascimento, dava adeus em definitivo ao mundo mágico da bola. Portanto lá se vão 47 saudosos anos, desse adeus do melhor jogador de futebol de todos os tempos.
O Rei se despedia com muita pompa no país onde ele fora semear o futebol, tarefa cumprida de maneira espetacular. Em 28 de agosto daquele ano, Pelé tinha sido campeão norte-americano após o seu NY Cosmos ganhar por 2 a 1, da equipe do Sounders no Civic Stadium, em Portland, um estádio de beisebol adaptado para o futebol.
No jogo despedida com o Santos, transmitido para vários países e para todo o Brasil, Pelé vivia mais um momento mítico. Entre os 75 646 espectadores que lotaram o Giant Stadium estavam o lendário campeão mundial de boxe Muhammad Ali (Cassius Clay), o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger.
Ficou acertado que Pelé jogaria um tempo para cada equipe, a começar pelo Cosmos. Ou seja, no segundo tempo, os times mudariam de lado, menos ele. O técnico do Santos, Otto Glória, escalou o time com Ernâni, Fernando, Joãozinho, Alfredo e Neto; Carlos Roberto, Zé Mário e Ailton Lira; Nilton Batata, Reinaldo (depois Juary) e Rubens Feijão (Bianchi).
O Cosmos dirigido pelo técnico Eddie Firmani com Messing (Yasin), Nelsi (Hunter), Roth (Mike), Carlos Alberto (Bob Smith) e Rildo (Formoso); Garbett (Vitor) e Beckenbauer; Tony Field (Ord), Chinaglia, Pelé (Miflin) e James Hunt (Oliveira).
O Peixe era um time que não agradava muito aos seus torcedores, o grupo tinha problemas em algumas posições, mas mesmo assim mostrou personalidade e logo no início buscou o ataque. Ailton Lira enfiava passes para Rubens Feijão e Reinaldo, que estavam se entendo bem.
Aos 14 minutos o goleiro Firmani saiu jogando errado, Neto cortou, passou a Feijão, que deixou Reinaldo em ótima condição para chutar e abrir o marcador.
A vantagem santista contra o campeão americano era justa. Mas, aos poucos, o Cosmos tomou a iniciativa em busca do empate.
Quase ao final do primeiro tempo, Alfredo cometeu falta dura e feia para parar um bom ataque do Cosmos. Em meio às vaias da torcida para o zagueiro santista, Pelé se preparou para cobrar a infração. A distância era longa e o goleiro Ernani pediu apenas dois jogadores na barreira. Pelé chutou forte, rasteiro, no canto esquerdo do goleiro santista, que nem conseguir tocar na bola.
Aquele gol, a apenas 22 dias de Pelé fazer 37 anos, dava a impressão de que Ele era mesmo uma espécie de extra terrestre. Só os santistas é que não gostaram muito do gol, claro. Mas ainda havia o segundo tempo.
Na segunda etapa, Pelé entrou no lugar de Ailton Lira. Percebia-se que Ele corria e se esforçava bastante. Participou de vários lances de perigo para a meta do Cosmos, tabelou, chutou, mas o empate não veio. Só que, àquela altura, o gol, realmente, seria apenas mais um detalhe.
Ao final da partida, acompanhado de jogadores dos dois times, Pelé deu uma volta olímpica segurando bandeiras dos Estados Unidos e do Brasil. No seu discurso, como fizera após o gol 1000, em 1969, pediu atenção dos governantes para as crianças e gritou alto: Love, Love, Love.
Em um momento da solenidade, o pugilista Muhammad Ali, que costumava repetir nas entrevistas que era “o maior do mundo”, abraçou Pelé no centro do gramado e segredou-lhe ao ouvido: “Nós somos os maiores do mundo”.
Pelé jogou pelo Santos entre os anos de 1956/1974/75 e 1977 exatas 1116 partidas e marcou 1091 com a camisa 10 do Alvinegro mais famoso do mundo.