Nutrição com DNA de jogo: No Ituano, Uriel Morais revela os bastidores da alimentação no futebol profissional | OneFootball

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·05 de agosto de 2025

Nutrição com DNA de jogo: No Ituano, Uriel Morais revela os bastidores da alimentação no futebol profissional

Imagem do artigo:Nutrição com DNA de jogo: No Ituano, Uriel Morais revela os bastidores da alimentação no futebol profissional

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No futebol de alto rendimento, cada detalhe conta. A alimentação, muitas vezes deixada de lado nos bastidores, é peça-chave no desempenho, recuperação e longevidade dos atletas. No Ituano, esse trabalho tem nome e sobrenome: Uriel Morais. Nutricionista esportivo e coordenador do setor de nutrição do clube, ele atua diariamente ao lado do elenco profissional, acompanha treinos, jogos, dentro e fora de casa, e comanda a estrutura nutricional que atende também às categorias de base.


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– Sou responsável por tudo que se refere à alimentação e suplementação dos atletas, desde a base até o profissional. Acompanho os treinos do dia a dia, as viagens e os jogos. Tenho ao meu lado uma nutricionista que cuida da base para garantir que todo o clube fale a mesma língua nutricional – afirmou o nutricionista, em conversa com o Esporte News Mundo.

Perguntado sobre o maior desafio da profissão, Uriel afirma que a diversidade de costumes é um dos principais temas.

– É lidar com a individualidade dentro de um grupo tão diverso, sem perder a eficiência coletiva – pontuou.

Ele se refere a algo que vai muito além de calorias e macronutrientes, a cultura alimentar de cada atleta, suas crenças, rotinas, momentos emocionais e até resistências.

– São hábitos muitas vezes enraizados e que o atleta sequer percebe. O trabalho é de transformação, mas precisa ser respeitoso, humano e adaptado – destacou.

Esse equilíbrio entre personalização e praticidade, segundo o nutricionista, exige um olhar atento, escuta ativa e constante adaptação. E tudo isso dentro da rotina caótica do futebol, com jogos em sequência, viagens longas, mudanças climáticas e alta pressão por resultados.

– Esses fatores afetam o apetite, o sono, o emocional e claro, a alimentação. Por isso o trabalho multidisciplinar é fundamental. Todos os departamentos precisam ter o atleta como centro – ressaltou.

Embora existam orientações nutricionais gerais para atletas de futebol como o tipo, o tempo e a quantidade ideal de nutrientes, Uriel destaca que, ao receber um jogador, realiza uma entrevista detalhada para montar um plano individualizado, se necessário. Essa personalização se reflete também nos momentos estratégicos da temporada.

A alimentação sofre ajustes antes, durante e depois dos jogos. Na véspera da partida, a prioridade é abastecer os estoques de energia, com aumento de carboidratos como arroz, massas e batata. Já no dia do jogo, a alimentação é pensada para ser leve, de fácil digestão e com foco total na performance.

– Nada de comidas novas ou pesadas. O corpo tem que estar pronto para correr, pensar e aguentar o jogo todo. A recuperação pós-jogo também recebe atenção especial. Proteínas são essenciais para regeneração muscular, e os carboidratos ajudam a recompor o glicogênio. Além disso, hidratação é prioridade, repor líquidos e sais perdidos é crucial – comentou.

Com formação inicial em Gastronomia, influenciado pelo pai chef de cozinha, Uriel encontrou na nutrição esportiva um caminho onde uniu ciência, saúde e paixão pelo esporte. Começou a trajetória no próprio Ituano, como estagiário, e esse mês completa seis anos no clube. Na bagagem, muitos aprendizados, e um em especial que ele leva como filosofia de trabalho.

– Nutrição não é só cardápio no papel, é conexão. A adesão do atleta acontece quando ele sente que você está ali pra somar, não pra impor – lembrou.

Segundo ele, no futebol, cada jogador é um universo, com suas crenças, medos e preferências. Por isso, o relacionamento diário, o olhar empático e a capacidade de adaptação fazem tanta diferença quanto qualquer protocolo alimentar.

– Aprendi que ser flexível, saber agir rápido e manter o emocional no lugar são habilidades essenciais no futebol. Tudo muda o tempo todo, e você precisa estar pronto para mudar junto sem perder a essência do trabalho bem feito – relatou.

Por último, Uriel também levanta uma reflexão importante sobre o espaço que a nutrição ocupa no futebol brasileiro. Segundo ele, a área vem ganhando mais reconhecimento nos clubes, mas ainda carece de estrutura, visibilidade e valorização, especialmente por parte das entidades que regulam o futebol nacional.

– Falta muito. Ainda estamos em fase de construção do nosso espaço. A nutrição precisa ser enxergada como parte estratégica dentro dos clubes, e isso nem sempre acontece. O reconhecimento está vindo, mas o caminho ainda é longo – dissertou.

Como forma de resistência e colaboração, muitos profissionais de nutrição esportiva criam redes de apoio entre si, trocando experiências em grupos de WhatsApp com informações sobre viagens, hotéis, restaurantes e estratégias que garantam o melhor para os atletas, mesmo fora de casa.

– É uma rede de apoio que faz a diferença. São colegas de outros clubes trocando ideias para que tudo aconteça da melhor forma possível. O futebol é coletivo dentro e fora de campo, e com a nutrição não é diferente – finalizou.

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