Stats Perform
·27 de abril de 2021
In partnership with
Yahoo sportsStats Perform
·27 de abril de 2021
A novela colombiana envolvendo o meia Yeison Guzmán, Envigado e Cruzeiro está longe de um capítulo final e agora tem um novo personagem: a Fifa. É que o presidente do clube da Colômbia, Ramiro Ruiz, em entrevista ao programa “Gente, Pasión y Fútbol”, do canal Telemedellín, contou que o time mineiro enviou uma notificação pedindo para que o jogador se apresente na Toca da Raposa 2, em 15 dias. Caso o jogador não apareça, uma punição na entidade máxima do futebol não está descartada. Enquanto isso, outros clubes monitoram a situação do meia habilidoso.
Apesar de ainda não admitir oficialmente, essa é uma estratégia traçada pelo Departamento Jurídico do Cruzeiro nos bastidores: levar o caso a Fifa para que ela decida sobre o processo. O clube mineiro busca algum tipo de reparação pela desistência de Yeison Guzmán em viajar para Belo Horizonte, fazer exames e jogar pelo time celeste, após acertar salário e contrato até dezembro de 2025.
No mercado da Bola, o nome de Guzmán teria sido indicado ao técnico Tiago Nunes, do Grêmio, mas, em contato com a Goal, a diretoria do time gaúcho negou interesse. Guzmán foi oferecido ao Flamengo, mas teve o nome descartado no rubro-negro carioca.
Em novembro do ano passado, o Vasco chegou a enviar proposta de empréstimo ao atleta, que se destaca pela boa chegada na área e criatividade na criação de jogadas ofensivas, além de bolas paradas. Coincidência ou não, o diretor de futebol do Cruzeiro, André Mazzuco, responsável pela quase contratação do meia colombiano no clube celeste, integrava a direção do time carioca, à época.
O meia chegou a assinar a anuência – que pode ter efeito vinculante –, mas, por pressão do empresário colombiano, Kormac Valdebenito, agente do jogador, que estaria insatisfeito com os moldes da negociação, Guzmán optou por não aceitar a transferência.
Na entrevista ao programa colombiano, o presidente do Envigado, Ramiro Ruiz, disse que o Cruzeiro considera o acordo válido mesmo sem o contrato finalizado entre as partes. “São várias interpretações de um tema jurídico. Mandaram uma carta pedindo que ele se apresentasse (no Cruzeiro) em 15 dias. Estamos com um advogado e é possível que, caso ele não se apareça, tenha uma reclamação (na Fifa)”, disse Ruiz.
O presidente ainda garantiu que o Envigado está do lado de Guzmán e o jogador segue nos planos da equipe. “Ele continua fazendo parte da família Laranja. E tem contrato com o Envigado até 2024. Nós achamos que ele não foi bem assessorado. Obviamente que este contrato envolve o Envigado e as negociações entre os clubes”, lembrou.
Caso a Fifa dê razão ao Cruzeiro, o valor da indenização poderá ser repassada ao clube que contratar o meia no futuro e até dividida com o Envigado. “Se outro clube contratá-lo, o Envigado será solidário, e assim fará na Fifa, se houver a demanda”, disse o presidente.
O presidente do Envigado chegou a publicar uma nota em conjunto com a diretoria do Cruzeiro na última quarta-feira (21), dizendo que considera o clube mineiro uma das maiores equipes do mundo. “Seguimos acreditando que o Cruzeiro era a melhor opção para o Yeison Guzmán. Esperamos que em um futuro próximo, por nossa boa relação, sigamos fortalecendo nossos vínculos”, declarou.
Porém, Ramiro Ruiz tinha dito em outra entrevista na Colômbia desta vez à uma rádio colombiana que Guzmán apenas aceitou proposta salarial em um primeiro momento, mas não assinou pré e nem contrato.
Em nota na quinta-feira passada (20), o Cruzeiro afirmou que o caso está sob os cuidados do Departamento Jurídico. “É importante frisar que a negociação foi formalmente concluída na semana passada entre Cruzeiro, Envigado e Guzmán, após aceite do jogador e formalização da proposta do Clube, com assinatura do atleta na documentação oficial enviada, dentro dos parâmetros determinados pela Fifa, mesmo que, devido às restrições da Covid-19, os representantes dos clubes não tenham tido a oportunidade de se reunirem presencialmente, uma vez que a entrada de brasileiros na Colômbia está proibida a partir das normas sanitárias da pandemia”, dizia a nota repassada à imprensa.
O Cruzeiro ainda informou que já estava tomando todas as medidas jurídicas, resguardado por documentação e arquivos comprobatórios.
O empresário Gianfranco Petruzziello, em entrevista à Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, disse que o agente de Guzmán, Kormac Valdebenito, entrou no negócio para mostrar serviço para o jogador e querendo ganhar a parte dele em uma operação que estava 98% encaminhada com todos os documentos assinados.
“Conversamos várias vezes com o Envigado e nos deixaram claro que a figura do Kormac não poderia participar da operação. O próprio jogador disse que o agente não o representava mais e que tudo relacionado ao contrato era para ser tratado com ele”, explicou.
Segundo Petruzziello, a dúvida levantada pelo agente do jogador foi quanto ao salário CLT e o direito de imagem. “Existiam os descontos trabalhistas normais, o que foi explicado ao jogador. A grande dúvida era em relação ao direito de imagem, onde a gente não tem a exatidão de quanto vai ser descontado porque o atleta não tem uma empresa formalizada no Brasil”, reiterou.
Sofrendo uma grande crise financeira desde 2019, que culminou com o rebaixamento para Série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro teria a ajuda de um parceiro para adquirir o jogador que assinaria até 2025 com cláusula de metas de jogos. O meia custaria US$ 1,2 milhão (aproximadamente R$ 6,5 milhões). Desse valor, US$ 500 mil (R$ 2,8 milhões) seriam pagos à vista.
Yeison Guzmán chegou a gravar um vídeo celebrando a contratação, o que causou ainda mais expectativas na torcida, por estar usando uma camisa azul com a logomarca do fornecedor de material esportivo do clube.