Nos Açores para fugir da Linha | OneFootball

Foi uma tarde de muitos (e bons) golos, mas no final foi o Estoril Praia a sorrir, vencendo o Santa Clara, sensação da primeira volta do campeonato, por 2-3 e aproveitando para se afastar da linha de água, a zona de despromoção.

O arranque da segunda volta passava também pelos Açores, onde a sensação Santa Clara recebia o Estoril Praia. Do lado açoriano, o técnico Vasco Matos promovia quatro mexidas no onze inicial, dando a titularidade a Luís Rocha, Matheus Pereira, Safira e Pedro Ferreira. Do lado canarinho, por sua vez, o técnico Ian Cathro mexia em duas peças e chamava ao onze inicial André Lacximicant e Pedro Amaral.

Eficácia vs apatia

Com o sol a marcar presença e as bancadas pintadas pelos adeptos açorianos - além de cerca de duas dezenas de adeptos do Estoril -, o jogo começou a todo o gás e o Estoril Praia aproveitou a passividade açoriana a abrir para marcar logo aos 2 minutos: Pina serviu João Carvalho fora da área e este atirou a contar para o 0-1. De resto, os da casa demoraram algum tempo a saber lidar com o estilo do árbitro Miguel Fonseca, que foi tendo um critério largo e deixando jogar, e perderam a larga maioria dos duelos durante a primeira metade da primeira parte.

Depois do golo marcado, o Estoril Praia manteve-se ativo pelas suas alas e foi conseguindo potenciar as permutas e diagonais de Begraoui e Laxcimicant, mas acabou por assumir a descida das suas linhas - ligeiramente - com o passar dos minutos, dando a iniciativa ao Santa Clara, para explorar o espaço que surgisse. A opção acabou por correr de feição e, aos 30 minutos, os comandados de Ian Cathro voltaram a celebrar, numa jogada muito bem conseguida, construída a partir de Joel Robles, onde Laxcimicant foi desmarcado nas costas da defesa por João Carvalho e serviu, de cabeça, Begraoui para o 0-2.

Vasco Matos estava claramente insatisfeito pela falta de agressividade, com e sem bola, da sua equipa e, nesse mesmo minuto, colocou em campo Klismahn, retirando o central Frederico Venâncio - Adriano Firmino passou a fazer a missão de equilibrar a defesa quando sem bola. Isto passou a mensagem à equipa da forma esperada e os açorianos cresceram claramente, acelerando processos e conseguindo colocar cada vez mais elementos em posições adiantadas - aproveitando as tais linhas baixas. O golo da casa era uma questão de tempo e surgiu aos 36 minutos, por Vinícius Lopes, numa bela jogada pela direita.

Só vale golaços

Com tudo em aberto para a segunda parte, o Santa Clara manteve a toada da ponta final da primeira parte, entrando intenso e com um forte dinamismo criado pelos seus elementos mais adiantados, aos quais se juntavam um Calila endiabrado na direita. O Estoril Praia ia-se aguentando, embora tivesse cada vez menos capacidade de ter bola, com o desgaste dos seus avançados, mas o empate parecia inevitável e chegou aos 63': grande passe na meia esquerda, Klishman arrastou Bouma e com um toque sublime de calcanhar isolou Gabriel Silva na esquerda da área, que atirou para o 2-2.

O ascendente era claramente do Santa Clara e tudo podia acontecer na ponta final, mas, mais uma vez, apareceu o capitão. Aos 68 minutos, num lance aparentemente inofensivo, João Carvalho apanhou a bola no ar fora da área e, de primeira, fez mais um golaço para aquecer a tarde nos Açores. Obrigado, mais uma vez, a reagir, o Santa Clara fez pela vida. Vasco Matos tentou potenciar a equipa e deu-lhe qualidade no último terço, com a entrada de Ricardinho.

O Estoril Praia voltava a ser obrigado a recuar linhas e praticamente só respirou na ponta final com algumas arrancadas de Gonçalo Costa na esquerda e momentos mais cerebrais do seu miolo - Xeka e João Carvalho inteligentes a gerir -, tendo que sofrer para se aguentar. Os bravos açorianos fizeram pela vida, tentaram criar de diversas formas e podiam mesmo ter empatado aos 90+7, num cabeceamento de Ricardinho, mas Joel Robles brilhou e segurou os três pontos para o Estoril Praia fugir da Linha de água, a zona de despromoção.