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·31 de maio de 2025

Noite de caos no Parque São Jorge: entenda movimentos que podem recolocar Augusto Melo na presidência do Corinthians

Imagem do artigo:Noite de caos no Parque São Jorge: entenda movimentos que podem recolocar Augusto Melo na presidência do Corinthians
  1. Por Fabio Luigi e Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

O início da noite deste sábado, 31, foi de caos no Parque São Jorge. Acompanhado de apoiadores, o presidente afastado do Corinthians Augusto Melo foi à sede do clube, onde ainda permanece, para reivindicar seu retorno ao cargo, baseado em uma série de eventos que ocorreram praticamente em paralelo e culminaram no afastamento de Romeu Tuma Júnior da presidência do Conselho Deliberativo (CD) e na anulação do afastamento cautelar do próprio Augusto Melo, ocorrido por decisão dos conselheiros em reunião na última segunda-feira, 26.

A Central do Timão teve acesso aos documentos que embasaram estas decisões. O primeiro é um documento chamado “Decisão Interpretativa Vinculante”, assinado pelos conselheiros Mario Mello Junior, Paulo Juricic e Ronaldo Fernandes Tomé. Todos são membros da CED e, em 9 de abril, votaram pelo afastamento cautelar de Tuma da presidência do CD – decisão que jamais foi notificada ao mesmo e, por isso, não havia produzido efeitos.


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Foto: Rodrigo Oliveira/Central do Timão

Afastamento de ofício

Em seu texto, o documento resgata a decisão votada pelo órgão há quase dois meses, determinando de ofício o afastamento cautelar de Tuma da presidência do CD, anulando ainda todas as “decisões e atos” praticados pelo mesmo desde 10 de abril. Isso significa, na prática, que os três conselheiros não anularam apenas o afastamento de Augusto Melo, mas também a votação das contas de 2024 do Corinthians, ocorrida em 28 de abril.

Além disso, os conselheiros afirmam que “caberá ao Presidente do Conselho de Ética ou a quem estiver no exercício das suas funções” cumprir tais determinações, sem especificar quem seria essa pessoa, já que o presidente do órgão Roberson de Medeiros, o “Dunga” está ausente por licença médica. Finaliza afirmando que o descumprimento das decisões constituiria “infração disciplinar grave”.

Chama atenção, porém, que o documento não possui qualquer identificação que permita afirmar que se trata de um parecer da Comissão de Ética enquanto órgão do clube. Também não está categorizado nem numerado. Nenhum dos três signatários assinou como presidente temporário do órgão. Além do próprio Dunga, licenciado, outro que não assinou o texto é Rodrigo Bittar, membro do CED e que, em abril, se opôs ao afastamento cautelar de Tuma.

Se declarou presidente

Em decorrência deste documento, a conselheira e aliada de Augusto Melo, Maria Angela de Sousa Ocampo, que é secretária do Conselho Deliberativo e primeira na linha de sucessão do mesmo após Roberson de Medeiros, acatou a decisão e se declarou presidente interina do órgão, assinando um documento de duas páginas, ao qual a Central do Timão também teve acesso.

O texto, que também não é timbrado nem numerado, o que permitiria identificá-lo como material oficial do CD, faz uma série de considerações, reconhecendo a decisão proferida pelos três membros da Ética, assumindo o comando do Conselho, defendendo a “legalidade interna” do clube e criticando a prevalência de “interesses políticos ou pessoais” sobre os interesses do Corinthians.

Além disso, Maria Angela também minimiza em sua declaração a obrigatoriedade estatutária de que Tuma fosse notificado da decisão da CED de afastá-lo. Para ela, “desde o momento em que o afastamento (…) tornou-se um fato amplamente amplamente divulgado e notório, tal afastamento deve ser considerado como plenamente eficaz para todos os fins que se fizerem de direito”.

A conselheira ainda critica Tuma, acusando-o de exercer, deliberadamente, a função de presidente do CD de forma irregular, elencando ainda supostas irregularidades que teriam sido cometidas durante o processo de impeachment. Vale lembrar que o rito do impeachment foi alvo de diversos questionamentos na Justiça desde dezembro de 2024, e em todas as decisões, seja em primeira ou segunda instância, foi atestado que os procedimentos seguiram o estatuto do Corinthians.

Por fim, Maria Angela profere as seguintes determinações: suspensão dos efeitos de todas as decisões de Tuma no CD desde 9 de abril; recondução de Augusto Melo à presidência do Corinthians; suspensão do processo de impeachment até o final do inquérito policial do caso VaideBet, modificando ainda parte do rito adotado anteriormente; anulação da Assembleia Geral marcada para 9 de agosto; e comunicação a todos os conselheiros do Corinthians destas decisões.

Chama atenção que, embora o afastamento de Tuma do cargo de presidente do Conselho seja cautelar, segundo a votação feita pelo CED em abril, Maria Angela não determinou a marcação de qualquer reunião do próprio Conselho Deliberativo para apreciar e votar a validade deste afastamento. Também não faz qualquer citação à votação das contas de 2024, cujas decisões a mesma anulou, deixando o clube irregular perante suas obrigações fiscais, em tese.

“Golpe de quinta categoria”

Romeu Tuma Júnior se manifestou sobre o caso. Ele tratou o caso como um “golpe de quinta categoria”, contesta a decisão e reafirmando que nunca foi notificado sobre o afastamento cautelar decidido pela Ética. Sua defesa também se sustenta no fato de que não há previsão estatutária para a medida tomada.

“Primeiro: não fui notificado. Segundo: não reconheço meu afastamento. Pelos documentos publicados pela imprensa, vi que a ata não tem a assinatura do presidente, Roberson de Medeiros. Terceiro: a decisão tem que ser do colegiado, não do relator. Nesse sentido, quem tem que me notificar é o presidente da Ética, não o relator do caso. Quarto e mais importante: pedi para a secretária do Conselho para ter acesso aos processos da Comissão de Ética. Os processos contra mim não estão no clube! Sumiram!”

“Tentativa de Golpe institucional perpetrado por um ex-Presidente afastado por um processo legítimo que tramitou dentro das regras estatutárias e convalidado pela Justiça. Lamento profundamente que até hoje, o ex-presidente que já foi indiciado pela Polícia por diversos crimes, dentre os quais ter furtado o Corinthians, consiga junto com alguns seguidores aloprados, continuar a manchar a história centenária e democrática do SCCP. Golpistas não passarão!!!”

Até o fechamento desta matéria, ainda não havia um desfecho para o imbróglio. O presidente interino Osmar Stabile resiste a acatar as decisões citadas acima, e o quinto andar da sede do Corinthians, onde fica a sala da presidência, está trancada. A polícia está presente no local e tenta auxiliar em uma resolução. A Central do Timão seguirá acompanhando as repercussões desta noite de crise no Corinthians.

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