No caminho para o scudetto: a campanha do líder Napoli através dos números | OneFootball

Líder absoluto da Serie A após 20 rodadas transcorridas, o Napoli nada de braçadas rumo ao terceiro scudetto de sua história. Com um aproveitamento de 88% na atual edição (17 vitórias, dois empates e uma derrota), os comandados de Luciano Spalletti podem quebrar uma marca de 32 anos sem títulos na competição. Os dois troféus dos azzurri foram conquistados no final da década de 1980, embalados pelo talento de uma inesquecível geração regida por Diego Armando Maradona.

São 48 gols marcados, oito a mais do que a vice-líder Inter, também segunda colocada neste quesito. Com 38,3 de gols esperados a favor do time (xG), os azzurri mostraram uma alta taxa de eficácia na hora de aproveitar as chances de gol. Em outras palavras, trata-se de uma equipe letal.

Os partenopei vêm se mostrando dominantes também quando protegem a própria meta e têm a defesa menos vazada da Serie A. Até aqui, foram 15 gols sofridos, um a menos do que a Lazio, dona da segunda melhor retaguarda. Levando em conta os 17,9 de gols sofridos esperados (xGA, métrica que segue a mesma lógica do xG, mas sob o aspecto defensivo), o Napoli sofreu quase três tentos a menos do que “deveria ter sofrido”, segundo os números.

Gols e chutes em profusão

O Napoli tem uma média de 2,4 gols por partida e 14 dos seus 48 tentos foram marcados por Victor Osimhen, artilheiro isolado da competição. Ninguém gerou mais situações de chutes do que os partenopei, que tiveram 610, com uma diferença considerável para a Fiorentina, segunda colocada na lista (559). Dessas 610 situações de finalizações, 87 foram consideradas chances claras de gol – mais do que qualquer outra equipe –, o que dá uma média de 4,35 momentos por jogo em que os azzurri puderam ir às redes.

Tal volume ofensivo é refletido nas finalizações da equipe. Ao todo, foram 334 tentativas de chutes, sendo 117 na direção do gol. O Napoli lidera em ambas as estatísticas, mas tem um aproveitamento levemente inferior (35%) ao da Lazio (37,3%). Detalhe: os partenopei chutaram quase 120 vezes a mais do que os biancocelesti.

Para além do poder de fogo nos arremates a gol, outra qualidade dos líderes da Serie A reside em um artifício poderoso na construção ofensiva: o drible. Predominante no fundamento, o Napoli é o time que mais arrisca o duelo no um versus um (334), promovendo uma boa disputa com o Milan, que leva vantagem no aproveitamento (41,4% contra 36,4%).

Candidato a craque da competição e indubitavelmente a melhor contratação da atual temporada em termos de custo-benefício, o georgiano Khvicha Kvaratskhelia, adquirido junto ao Dinamo Batumi por 10 milhões de euros, é o jogador que mais gerou situações de gol (15) e trava boa batalha com o rossonero Rafael Leão nos dribles. Ambos possuem médias de mais de oito tentativas de dribles por partida, com vantagem para o português, que obtém sucesso em 60% das tentativas, enquanto o camisa 77 napolitano leva a melhor em 47,32% das ocasiões.

A arte do passe

A trinca de meio-campistas, formada por Stanislav Lobotka, André-Frank Zambo Anguissa e Piotr Zielinski, garante ao Napoli solidez defensiva, mobilidade e fôlego nas transições ofensivas. Responsáveis por fazer o jogo acontecer, os três colaboraram diretamente para a equipe ser a que mais tentou passes (12.448) e que os acertou (10.672), tendo o maior percentual de conversão (85,7%).

De nada adiantaria ter tais números de passe se o Napoli não tivesse a quantidade de gols que tem. O diferencial do time se dá justamente por aproveitar esses bons números. No quesito assistências, o grande destaque individual é Kvaratskhelia, que divide o posto de principal assistente com Sergej Milinkovic-Savic (oito). No total, são 39 assistências distribuídas pelo elenco, o que mostra que quase todos os gols marcados do Napoli pela Serie A (48, lembramos) surgiram de um passe, transpondo os 24,1 de assistências esperadas (xA, novamente seguindo a lógica do xG).

Defender para atacar

Defensivamente, o Napoli se sobressaiu nos desarmes realizados no último terço do campo, e isso faz sentido uma vez que estamos acostumados a vê-los povoando o campo adversário, subindo as linhas e reduzindo os espaços. Isso acaba sendo uma via de mão dupla: por gostarem de ter a bola (média de 61% de posse) e apresentarem tamanha intensidade no ataque, os azzurri têm a menor taxa de interceptações dentre os times – o que se torna uma preocupação para os adversários.

Uma defesa não se resume apenas aos jogadores que compõem a primeira linha, mas, no caso do Napoli, a zaga é digna de elogios. Reposição para a saída do ídolo Kalidou Koulibaly, Kim Min-jae vem se mostrando um dos defensores mais sólidos atualmente em solo italiano, e forma uma forte dupla com Amir Rrahmani.

É importante ressaltar que os números não trazem uma verdade absoluta, mas são ferramentas úteis na hora de se avaliar o desempenho de uma equipe ou de um jogador em específico. Na avaliação da performance do Napoli, eles ajudam a entender por que o clube do sul da Itália faz uma campanha praticamente irretocável e caminha a passos largos para alcançar um scudetto depois de tanto tempo. Restam 18 rodadas.