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·09 de maio de 2018
Nasce Pelé, Nilton Santos transforma os laterais e Bellini cria um gesto: como o Brasil venceu a Copa de 58

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·09 de maio de 2018
A Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia, marcou o surgimento de Pelé, o maior jogador de todos os tempos. Não foi, no entanto, durante o mundial que o rei do futebol assumiu a titularidade na Seleção.
O então garoto, era titular absoluto no time do técnico Vicente Feola durante a preparação para o Mundial, mas em um desses jogos amistosos antes de embarcar para a Europa, ele sofreu uma lesão, ficando impossibilitado de entrar em campop or algumas partidas.
"O Pelé sofreu uma entrada violenta do Ari Clemente, teve de sair do jogo e ficou algum tempo sem poder atuar. Tanto que ficou de fora dos amistosos que fizemos depois na Itália, contra Fiorentina e Internazionale. Quem jogou foi o Dida, que, na verdade, era reserva", confessou Pepe ao site da CBF.
O garoto de 17 anos voltou ao time titular diante da União Soviética, no terceiro jogo da Canarinho naquele mundial, não apenas para começar a escrever a sua história, mas também para conduzir o Brasil ao primeiro título mundial.
Antes, porém, o Brasil encarou na estreia, no dia 8 de Junho, a Áustria, vencendo por 3 a 0, com gols de Mazzola(2) e Nilton Santos. Três dias depois, entrou em campo para enfrentar a Inglaterra, e empatou em 0 a 0.
PELÉ NASCE PARA O MUNDO
Contra a União Soviética, já com Pelé em campo, o Brasil teve uma grande atuação e derrotou o adversário com dois gols de Vavá. Desde então, começava a ser escrita a história do rei do futebol e uma parceria de sucesso ao lado de Garrincha.
Mas apesar da eternidade da dupla formada por Pelé e Garrincha, o Brasil contou também com uma verdadeira solidez defensiva para faturar o primeiro mundial de sua história e uma força psicólogica dos jogadores que foi fundamental para superar o trauma de 1950 e a derrota para a Hungria em 1954.
A Canarinho levava consigo o estigma de sempre falhar nos momentos mais decisivos, aquele "complexo de vira-lata" tantas vezes expressado por Nelson Rodrigues em suas imortais crônicas. O Brasil não conquistava o mundo porque não conseguia decidir na hora "H".
Mas foi exatamente em 1958 que toda essa história foi por terra. Com Gilmar Neves no gol, o Brasil tinha ainda sua linha defensiva formada por De Sordi, Bellini(capitão), Orlando e Nilton Santos. Os cinco foram responsáveis por um recorde histórico, a Seleção não sofreu gols nas quatro partidas da Copa do Mundo, algo que só seria repetido em 1974.
NILTON SANTOS TRANSFORMA OS LATERAIS
E engana-se quem pensava que o Brasil jogava na famosa retranca, Nilton Santos, por exemplo, que havia sido atacante e estava atuando na lateral, fez historia ao abandonar a defesa e se lançar ao ataque, não à toa o colocam como o revolucionário desta posição.
Contra a Áustria, o ídolo do Botafogo, pegou a bola e partiu em velocidade ao ataque, tabelou com Mazolla e encheu o pé para ampliar o placar, Vicente Feola, que era contra as "loucuras" de seu lateral-esquerdo ficou em êxtase com o golaço.
Essa atitude de Nilton Santos mudou a história porque até então os laterais eram praticamente zagueiros que atuavam pelos lados do campo, eles geralmente eram mais fortes e quase nada habilidosos como os meias e os atacantes, a função era apenas conter o avanço adversário, mas graças ao brasileiro, hoje os laterais não só defendem como também apoiam muito e desfilam habilidade e técnica vide Marcelo, que representará a Canarinho na Rússia.
Contra a Inglaterra, rival temido por seu vigor físico, o Brasil se mostrou forte mas não o suficiente para sair do 0 a 0. Para o jogo seguinte, contra os Soviéticos, Vicente Feola decidiu mudar a equipe com Dino Santi machucado, ele colocou Zito no meio-campo e com Pelé recuperado, sacou Mazzola para a entrada do rei do futebol.
No mesmo passo, Garrincha foi deslocado para o lugar de Joel, na tentativa de abrir a marcação adversária. As trocas surtiram efeito e a Seleção deu um verdadeiro show, o placar de 2 a 0 não contou perfeitamente o que foi o jogo.
Contra País de Gales, na rodada seguinte, o Brasil contou mais uma vez com a força de seus zagueiros, Bellini e Orlando foram essenciais para evitar os chuveirinhos dos galeses, que investiam na jogada no melhor estilo inglês.
O GOL EMBLEMÁTICO
Com a defesa garantida, coube a Pelé paralisar o mundo ao marcar um dos gols mais simbólicos da história. Ele deu dois chapéus nos defensores e encheou o pé para estufar as redes garatindo o Brasil na semfinal da Copa do Mundo da Suécia diante da França.
Na semi, um grande adversário, os franceses eram até então o melhor ataque da Copa do Mundo com 15 gols. Nos 10 minutos do segundo tempo a partida já estava em 1 a 1, com Vavá marcando para os brasileiros e Fontaine empatando para a França. Antes do intervalo Didi marcou o segundo deixando o Brasil em vantagem para a segunda etapa.
No segundo tempo, ninguém menos que Pelé, o garoto de 17 anos, brilhou e fez parecer fácil liquidar a partida diante dos franceses, ele marcou três gols e nem mesmo o tento de Piantoni aos 38 foi capaz de colocar pressão no Brasil que carimbava sua segunda final de Copa do Mundo.
HORA DE SUPERAR O COMPLEXO DE VIRA-LATA
Na grande decisão, a Canarinho tinha pela frente os donos da casa, era o momento de superar os fantasmas do passado. Mas logo aos quatro minutos do primeiro tempo, praticamente todos os brasileiros achavam que o fracasso se repetiria. A Suécia abriu o placar, era a primeira vez que o Brasil precisaria virar um jogo naquele mundial.
DIDI E BELLINI: ATITUDES QUE MUDARAM A HISTÓRIA
Mas embaixo de um frio de 10 graus, algo incomum para os brasileiros, Didi pegou a bola no fundo da rede, colocou embaixo do braço e correu para o meio de campo, um gesto simples mas fundamental para acalmar a equipe. Na posição para reiniciar a partida ele diria em alto e bom som "vamos acabar com esses gringos".
Dali em diante o Brasil deslanchou a partida e aplicou cinco a dois, placar que havia feito diante da França. Os gols foram marcados por Vavá(2), Pelé(2) e Zagalo. Depois da partida, dois gestos que encataram o mundo, o Brasil deu volta olímpica com a bandeira da Súecia e a pedido dos jornalistas o capitão Bellini levantou a taça para ser fotograda. Desde então, algo que jamais havia acontecido antes, ficou consagrado e se tornou marca registrada dos vencedores da maior competição do mundo.
OS HOMENS DO PRIMEIRO TÍTULO BRASILEIRO
Os 22 jogadores que levaram o Brasil a conquista da primeira Copa do Mundo de sua história foram: Gilmar (Corinthians) e Castilho (Fluminense); os defensores Bellini (Vasco), De Sordi (São Paulo), Djalma Santos (Portuguesa-SP), Mauro (São Paulo), Nilton Santos (Botafogo), Oreco (Corinthians), Orlando (Vasco) e Zózimo (Bangu); os meias Dino Sani (São Paulo), Didi (Botafogo), Moacir (Flamengo), Zito (Santos); e os atacantes Dida (Flamengo), Garrincha (Botafogo), Joel (Flamengo), Mazzola (Palmeiras), Pelé (Santos), Pepe (Santos), Vavá (Vasco) e Zagalo (Flamengo).
A partir desse momento a história do Brasil mudou, do medo do fracasso na hora "H" a Seleção com o maior número de conquistas de Copa do Mundo na história do futebol. O Brasil era campeão do mundo pela primeira vez.