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·09 de agosto de 2024
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De protagonista a coadjuvante. De uma temporada para outra, o campeão soberano Napoli, de 16 pontos de frente para o vice-líder, se tornou uma equipe de meio de tabela no Campeonato Italiano. Acabou não apenas destronado, mas afastado dos grandes momentos. Com planos de recuperar os holofotes, como se buscasse a inspiração de um roteiro hollywoodiano no qual o herói, renegado, renasce das cinzas, os Azzurri contam com a chegada do técnico Antonio Conte e com uma postura agressiva no mercado para voltar a brigar pelo scudetto na nova temporada.
A escolha pelo técnico Antonio Conte, por si só, já mostra ambição. Conte é quatro vezes campeão da Serie A, campeão inglês, ex-técnico da Azzurra. Sempre busca trabalhos que o permitam lutar por títulos. Embora tenha se frustrado nos dois anos que passou no Tottenham.
De qualquer forma, como exigiu em Londres, em Turim ou em Milão, Conte quer um time capaz de lutar por títulos. Por isso, aceitou a proposta napolitana. E por isso, também, foi escolhido pelo clube, que quer voltar a lutar por troféus. Escolhido, na verdade, por um homem: Aurelio De Laurentiis.
O ano era 2004. De Laurentiis estava na Ilha de Capri tentando aliviar a pressão após meses de muito trabalho e tensão com a produção do filme Sky Captain. O italiano, então, ficou sabendo que o Napoli havia falido e rebaixado para a Serie C. O mesmo clube que tentara, sem sucesso, comprar nos anos 1990. Chegou a vez de tentar de novo. Dessa vez, o clube mais precisava dele do que o contrário.
De Laurentiis era um importante produtor cinematográfico italiano. No Sky Captain (2004, Paramount Pictures e Filmauro), por exemplo, foi fundamental para o financiamento do filme, que contou com atrizes renomadas como Angelina Jolie e Kate Paltrow e foi dirigido por Kerry Conran.
Dono de uma produtora italiana (Filmauro), influente na indústria cinematográfica europeia e com trabalhos em conjunto com Hollywood, De Laurentiis buscou um roteiro diferente para a vida: assumiu o Napoli. Queria fazer o clube sonhar alto. Em poucos anos, já recolocou os Azzurri de volta para a Serie A.
Ano após ano, o time foi buscando objetivos maiores. Chegou a disputar competições europeias. Figurou na Champions League. Há duas temporadas, o ápice: conquistou o scudetto com uma histórica campanha de 90 pontos.
De Laurentiis sabe que, assim como na indústria cinematográfica, ter as principais estrelas nem sempre é garantia de sucesso. Mas é meio caminho andado. Por isso, fez de tudo para manter os protagonistas da conquista. Conseguiu para a última temporada. E tenta novamente agora. Adicionou ao projeto um comandante tão ambicioso quanto ele (Conte) e busca ser agressivo no mercado para ter um casting capaz de ser sucesso não apenas na bilheteria, mas também na luta pelos principais troféus.
Na temporada passada, o Napoli perdeu o zagueiro Kim, o meia Elif Elmas e Hirving Lozano, jogadores importantes na campanha do scudetto, principalmente Kim. Ainda assim, manteve Kvaratskhelia e Victor Osimhen e trouxe nomes como Raspadori, Giovanni Simeone, Lindstrom e Natan. Não foi suficiente: Rudi Garcia, Francesco Calzona e Walter Mazzarri não conseguiram fazer o time ter o protagonismo esperado.
De Laurentiis, com os conselhos de Conte, busca, então, uma reformulação no elenco. Que passa pela saída de jogadores que não teriam protagonismo. Lindstrom, que não foi bem na última temporada, foi para o Everton, Ostigard foi negociado com o Rennes, Zanoli para o Genoa e Cajuste e Caetano também estão de saída, para Brentford e Parma, respectivamente. O Parma busca, ainda, por Natan.
Kvaratskhelia e Osimhen seguem com futuro incerto. Ambos estão no clube pela vontade de De Laurentiis, que se recusa a negociá-los. Propostas não faltam, e o desejo de ambos é sair. Mas o mandatário mantém a vontade de continuar contando com as estrelas principais.
Além disso, o Napoli usa o mercado para buscar peças importantes para Conte. O time começou a ser montado pela defesa: já chegaram Alessandro Buongiorno e Rafa Marin, além do experiente lateral Leonardo Spinazzola (ex-Roma). Buongiorno esteve na Euro com a Itália, foi destaque no Torino e custou algo em torno de 35 milhões de euros. Marín custou cerca de 12 pagos ao Real Madrid, clube que o revelou.
Para o setor ofensivo, a estratégia é mais agressiva. O Napoli já tem na manga o substituto para uma eventual saída de Osimhen: Romelu Lukaku, atacante da seleção belga que na Itália já defendeu Inter e Roma. Já há acordo para a contratação, embora exista, de fato, a chance de Osimhen ficar (o entorno do jogador já vislumbra o cenário).
Nesta quinta, os Azzurri alcançaram acordo, ainda, para a chegada do ponta brasileiro David Neres. Com passagens pela seleção brasileira e destaque no Ajax, Neres foi protagonista no Benfica até a chegada de Ángel Di María, na última temporada. Foram, no total, 83 jogos na Luz, com 17 gols e 25 assistências (27 participações diretas em gol na primeira temporada).
Após disputar a Euro com a Escócia, Billy Gilmour deve chegar para o meio. O atleta já está decidido a se mudar para a Serie A, enquanto o Napoli tenta acordo com o Brighton, que pede 20 milhões de euros.
Outro que pode chegar para o meio é Marco Brescianini, destaque no Frosinone. A proposta napolitana é de cerca de 12 milhões de euros pelo jogador, formado pelo Milan e com passagens pelas seleções de base da Itália.
Com um investimento para a temporada estimado entre 100 e 150 milhões de euros, ainda buscando manter seus protagonistas e com um técnico acostumado a vencer, o Napoli tenta recuperar os holofotes na Serie A. Procura uma reviravolta como em um roteiro hollywoodiano: de renegado ao topo da Itália.