Na temporada em que leva o acesso, o Magallanes também conquista a Copa Chile e volta à Libertadores após 38 anos | OneFootball

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Trivela

·14 de novembro de 2022

Na temporada em que leva o acesso, o Magallanes também conquista a Copa Chile e volta à Libertadores após 38 anos

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O Magallanes possui uma história ímpar dentro do Campeonato Chileno. É um dos clubes mais antigos do país, dominou a primeira década da liga nacional, deu origem ao próprio Colo-Colo. Porém, os torcedores albicelestes certamente estavam cansados de apenas ouvir falar sobre as glórias e nunca vivê-las. Pois tudo mudou numa temporada que lava a alma do gigante adormecido. Na semana passada, o Magallanes conquistou o acesso para a primeira divisão após 36 anos fora da elite. Dava para ficar melhor neste domingo, e ficou. Os albicelestes conquistaram a Copa Chile, em seu primeiro título nacional de primeira grandeza em mais de oito décadas. A equipe empatou por 2 a 2 com a Unión Española na decisão e venceu por 7 a 6 nos pênaltis. Com isso, se garantiu também na Libertadores pela primeira vez desde 1985.

Fundado em 1897, por estudantes, o Magallanes dominou os torneios municipais de Santiago nas duas primeiras décadas do Século XX. Não à toa, os albicelestes estavam entre as bases da seleção chilena nas primeiras edições do Campeonato Sul-Americano. Já em 1925, uma cisão interna levou jogadores dissidentes a fundarem o rival Colo-Colo. Era um momento de crise institucional, até que o Magallanes se reerguesse a partir da criação do Campeonato Chileno e da adoção do profissionalismo na década de 1930. A equipe levou as primeiras três edições da liga, de 1933 a 1935, e recolocou a mão na taça em 1938. Eram seus anos dourados.


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O Magallanes se afastou do topo a partir dos anos 1940 e os rebaixamentos se tornaram frequentes depois dos anos 1960. Ainda houve uma breve alegria nos anos 1980, com a classificação para a Libertadores de 1985, mas o time não passou da fase de grupos. Já em 1986, sofreu o descenso que custou quase quatro décadas fora da primeira divisão. O longo calvário inclui estadias na terceirona, até que o fim do jejum acabasse na atual temporada. O Magallanes fez uma campanha muito sólida, mesmo com a perseguição do tradicional Cobreloa, e levou o título da segunda divisão, que rendia o acesso direto.

Todavia, a Copa Chile era outro objetivo ao alcance nesses meses de recuperação do Magallanes. O torneio representou até um alívio no calvário anterior, com um vice diante da Universidad Católica em 2011. Desta vez, os albicelestes ambicionavam uma história diferente. O trio de ferro do país auxiliou com campanhas fracas na competição nacional. Nada que tirasse, todavia, os próprios méritos do Magallanes. A equipe eliminou Everton, Universidad de Concepción, Cobreloa e Huachipato em seu caminho à final. A decisão guardaria o maior desafio, contra a Unión Española, em embate que valia também a vaga na Libertadores.

A partida decisiva aconteceu no Estádio El Teniente, em Rancagua. A Unión Española terminou o primeiro tempo em vantagem, num gol de Leandro Garate quase sem ângulo. Já no segundo tempo, Felipe Espinoza e Felipe Flores viraram o placar para os albicelestes, em duas jogadas de bola área. O problema é que a Unión não demorou a reagir, com um tiro de fora de Diego Acevedo. O placar de 2 a 2 levou a definição aos penais. Na série normal, o Magallanes chegou a ficar em vantagem quando o goleiro Diego Tapia defendeu um chute, mas Fernando Piñero mandou no travessão logo depois. A vitória albiceleste saiu apenas na terceira série de alternadas. Tapia voltou a se agigantar contra Augusto Barrios e deu o título aos recém-promovidos.

A conquista do Magallanes teria grandes personagens. Nome marcante do futebol chileno nas duas últimas décadas, o “Mago” Luis Jiménez encerrou sua carreira com o troféu. O veterano de 38 anos até havia anunciado sua despedida dos gramados meses atrás, pelo Palestino, mas voltou para ajudar velhos companheiros nos albicelestes. Não entrou em campo na final, mas era uma liderança nos vestiários. O volante César Cortés, outro de 38 anos, foi outro que brilhou na temporada vitoriosa. Já o técnico Nicolás Núñez foi contemporâneo de seus comandados mais conhecidos, inclusive compartilhando seleções de base. No primeiro trabalho da carreira na casamata, aos 38 anos, desponta com a mescla de veteranos e garotos da base.

Com o título do Magallanes, a Copa Chile registra 15 campeões diferentes. O torneio surgiu em 1958, mas foi descontinuado em diferentes momentos históricos. Sua versão atual acontece anualmente desde 2008, paralisada apenas por conta da pandemia. O Colo-Colo é o maior campeão, com 13 taças, e tinha levado as duas últimas. Agora vai ter o gosto de se reencontrar com os velhos rivais do Magallanes na decisão da Supercopa. É o chamado “Clássico da Chilenidade”.

O Magallanes entra nas fases preliminares da Libertadores de 2023, ao lado do Curicó Unido. Já o Colo-Colo, como campeão nacional, estará na fase de grupos ao lado do Ñublense. Dos quatro representantes do Chile, somente dois já disputaram antes o torneio continental – e se os albicelestes não são estreantes, como Ñublense e Curicó Unido, vão apenas para sua segunda participação no torneio, após 38 anos de ausência. É um retrato do equilíbrio que atualmente impera no futebol chileno, mas não apenas pela ascensão de camisas diferentes, já que há um enfraquecimento de potências locais – vide as dificuldades recentes da Universidad de Chile.

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