Na primeira visita à Bombonera, em 1961, o Corinthians saiu com uma emocionante vitória sobre o Boca | OneFootball

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Trivela

·28 de junho de 2022

Na primeira visita à Bombonera, em 1961, o Corinthians saiu com uma emocionante vitória sobre o Boca

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Corinthians e Boca Juniors fazem um clássico continental. Os duelos pela Libertadores são frequentes nas últimas três décadas, com a decisão de 2012 marcando a ocasião mais importante, mas também as oitavas de final de 1991 e 2013 recheando a rixa entre os clubes. Nestes mata-matas, corintianos e xeneizes vão para quatro duelos apenas em 2022. E o histórico é ampliado ainda por Copa Mercosul, Torneio Teresa Herrera e outras competições amistosas. O rico passado, aliás, guarda uma lembrança especial aos alvinegros em janeiro de 1961: durante a primeira visita à Bombonera, o Corinthians saiu com uma emocionante vitória por 4 a 3.

Naquele início de 1961, o Torneio Octogonal de Verão movimentou clubes importantes da América do Sul. Corinthians, São Paulo, Vasco, Flamengo, Boca Juniors, River Plate, Nacional-URU e Cerro-URU participaram da competição que se dividiu pelas quatro grandes cidades envolvidas. Cada equipe se enfrentava uma vez, em sistema de pontos corridos e turno único. Os corintianos, em plena seca, não tiveram um início de campanha tão empolgante. Até venceram vascaínos e são-paulinos, mas os tropeços numerosos deixaram a equipe sem condições de sonhar com a taça durante a reta final. O duelo contra o Boca Juniors, dentro da Bombonera, tinha os xeneizes na briga pelo troféu.


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O Boca Juniors tinha velhos conhecidos do seu lado. Vicente Feola era o treinador dos xeneizes naquele momento, respaldado pelo título mundial com a Seleção. Já o ataque era estrelado por Paulinho Valentim, um dos brasileiros mais idolatrados da história da Bombonera. Antonio Ubaldo Rattín, Ernesto José Grillo e José Yudica eram outros notáveis em campo, enquanto o peruano Víctor Benítez também fazia parte da escalação naqueles tempos. Era uma equipe forte, que não à toa chegaria a conquistar o título nacional em 1962, com vários desses jogadores ainda presentes.

O Corinthians passava longe da mesma fama. A equipe dirigida por João Lima contava com jogadores notáveis na história do clube, como o goleiro Cabeção, o zagueiro Olavo e o atacante Rafael. Mesmo assim, era uma escalação sem tantas estrelas assim, com figuras marcadas naquele período de seca – incluindo Ari Clemente, Bataglia e Walmir. O herói da ocasião, no entanto, seria o pouco lembrado Paulinho. O atacante do interior paulista não passou de 29 aparições com a camisa alvinegra, numa rápida estadia em 1961, mas fez sucesso exatamente na Bombonera. Outro a brilhar em Buenos Aires foi o ponta Zague, que depois estourou no futebol mexicano pelo América – pai do centroavante Zaguinho, que disputou a Copa de 1994 com o México.

O Boca Juniors parecia pronto a sublinhar seu favoritismo na Bombonera, até pela maneira como vinha se impondo na competição, ainda invicto. Paulinho até deixou o Corinthians em vantagem aos três minutos, aproveitando grande jogada de Bataglia. Porém, a resposta argentina não tardou. Paulinho Valentim empatou de pênalti (num lance bastante contestado pela imprensa da época) e um gol contra de Walmir em tiro de Rattin deu a virada para os xeneizes antes do intervalo.

A reviravolta do Corinthians contou com a participação decisiva de Zague, saindo do banco para a segunda etapa. O atacante deu o novo empate aos dez minutos, ao completar um lance entre Rafael e Joaquinzinho. Depois, Paulinho reapareceu para botar os alvinegros em vantagem aos 18, atento ao rebote de um chute desferido por Rafael. Quatro minutos depois, Miguel Ángel Loayza empatou novamente ao Boca. Isso até que Paulinho se colocasse como herói e decretasse o triunfo aos 35. Mais uma vez foi oportunista, em sobra de bola após uma falta cobrada por Joaquinzinho.

No dia seguinte, a Folha de S. Paulo destacava a ‘façanha’ do Corinthians em sua manchete: “Atuando com grande fibra e acerto técnico e tático, o Corinthians conseguiu ontem à noite, em Buenos Aires, surpreender o Boca Juniors, líder e até então único invicto do Torneio Octogonal, obtendo espetacular vitória por 4 a 3. Não obstante justíssimo, o triunfo corintiano não pode ser considerado fácil. O Boca, apesar de exibir diversas falhas defensivas, principalmente, ainda assim exigiu sempre árduo trabalho do quadro brasileiro”.

Já o Estadão salientava: “O Corinthians disputou esta noite uma excelente partida de futebol frente ao Boca Juniors. O quadro paulista luto com disposição e não desanimou quando esteve em inferioridade no marcador. Seus jogadores cumpriram excelente atuação, correram durante os noventa minutos e se empenharam a fundo em todas as jogadas. […] Entre os jogadores do Corinthians, Ari na defesa e Joaquinzinho no ataque foram os melhores. Também Rafael e Walmir tiveram boa atuação. No quadro argentino, destacaram-se Rattin e Rico”.

Por fim, a Gazeta Esportiva ainda dizia: “Boca teve azar: conheceu o verdadeiro Corinthians. Extraordinária exibição do Campeão dos Centenários, derrotando o onze “milionário” de Buenos Aires – e o árbitro Juan Armental andou querendo torcer a realidade”. Foi um resultado incontestável, e que teve o seu impacto para a sequência da competição. O Boca, afinal, também seria goleado pelo São Paulo na última rodada. Com isso, os paulistas abriram caminho para que o Flamengo se sagrasse campeão, com o Cerro ainda fechando a campanha na segunda posição, logo à frente dos xeneizes.

Cinco meses depois, o Corinthians voltou à Bombonera para enfrentar o Boca Juniors em amistoso. Os xeneizes teriam sua revanche, com a goleada por 5 a 0. Aquele duelo seria dominado por Almir Pernambuquinho, vendido exatamente dos alvinegros para os xeneizes. Anotou dois gols, enquanto Paulinho Valentim também deixou sua marca naquela ocasião. Mesmo que Romarinho tenha feito história em 2012, os corintianos aguardam um novo triunfo contra o Boca em Buenos Aires. Lá se vão mais de seis décadas desde aquele 4×3 do verão de 1961.

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