Na Champions League 1999-2000, Milan e Chelsea fizeram duelos equilibrados | OneFootball

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Calciopédia

·06 de outubro de 2022

Na Champions League 1999-2000, Milan e Chelsea fizeram duelos equilibrados

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Certamente você guarda lembranças de confrontos entre italianos e ingleses na Champions League neste século: Milan-Liverpool, Inter-Manchester United, Juventus-Chelsea, entre outros. Mas existem casos de duelos tão raros quanto cometas. Chelsea-Milan, sorteado para a fase de grupos da Liga dos Campeões de 2022-23, voltou a acontecer 23 anos depois do último encontro.

Assim como na época, a equipe italiana chegou à Liga dos Campeões por conta da conquista do scudetto e na busca de se reencontrar com a glória europeia. Do outro lado, os Blues terminaram na terceira posição da Premier League nas duas temporadas anteriores à participação no torneio continental. Porém, as analogias param por aí.


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Ausente da elite do futebol europeu por quatro temporadas, em 1999 o Milan contratou nomes que se estabeleceram no clube por vários anos, como Andriy Shevchenko, Serginho e Gennaro Gattuso, para retomar a hegemonia local e continental. A volta à Champions League em 15 de setembro – data do primeiro jogo contra os ingleses – marcou a 200ª aparição dos rossoneri na competição.

Não é de hoje a afinidade dos Blues por italianos. Sob o comando de Gianluca Vialli, eram cinco os que integravam o plantel londrino: o destaque ficava para Gianfranco Zola, mas Roberto Di Matteo, Gabriele Ambrosetti, Samuele Dalla Bona e Luca Percassi ainda compunham o elenco. Além disso, o romeno Dan Petrescu, ex-Foggia e Genoa, e os franceses Didier Deschamps (recém-contratado da Juventus) e Marcel Desailly (capitão rossonero no título europeu em 1993-94) também tinham bagagem na Serie A. Para chegar ao Grupo H, o Chelsea precisou eliminar o Skonto Riga, da Letônia, na fase classificatória. Além dos ingleses e do Milan, a chave era composta também por Hertha Berlim e Galatasaray.

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Em Stamford Bridge, o Milan de Gattuso esbarrou no Chelsea de Wise (Allsport)

Pré-jogo

Antes de um jogo histórico em Stamford Bridge, o primeiro do recinto na Champions League, os Blues vivenciavam uma situação animadora na vice-liderança do Campeonato Inglês – uma arrancada semelhante à da temporada 2021-22. A equipe estava embalada na Premier League, com quatro vitórias e um empate. Pouco mais de 33.800 pessoas adquiriram entrada para o primeiro embate dos clubes na história das competições da Uefa. Anteriormente, os times só haviam se enfrentado em 1965-66, em três duelos válidos pela Copa das Feiras.

Do outro lado, os comandados de Alberto Zaccheroni largaram na Serie A sem a mesma badalação, após empatarem com o Lecce e vencerem o Perugia no aperto. Porém, a torcida rossonera já criava expectativa com a bola nos pés de Shevchenko. O ucraniano marcou nas duas partidas e a sintonia no tridente ofensivo, ao lado de Oliver Bierhoff e Leonardo, surgia às vésperas da estreia na Champions League.

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O italiano Zola foi o destaque do Chelsea nos duelos contra o Milan (Allsport)

Zola e Shevchenko assumem responsabilidade no primeiro tempo

Zola não era apelidado de Magic Box à toa. A missão de Alessandro Costacurta e Paolo Maldini era travar o compatriota e se provou árdua desde o início, quando um passe em profundidade, retirado da cartola, deixou Petrescu à frente de Christian Abbiati, aos 12 minutos. A resposta do Milan veio aos 19, em uma bela jogada de Shevchenko, que recebeu a bola, arrematou de direita e forçou Ed De Goey a começar a trabalhar.

Os mandantes insistiramm através da força física do norueguês Tore André Flo, o que gerou uma verdadeira dor de cabeça na defesa italiana. No entanto, Abbiati foi exigido em poucas ocasiões.

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Tanto na ida quanto na volta, Costacurta teve trabalho com Zola (Allsport)

Susto na etapa final

O repertório foi ainda menor na volta do intervalo. Em compensação, as chances reais de gol aumentaram. A primeira foi do Chelsea, após Zola descarregar um chute rasteiro de direita que ultrapassou Abbiati, mas acertou a trave.

A segunda, depois de mais algumas iniciativas dos anfitriões, foi do Milan: faltavam menos de 10 minutos no relógio quando Leonardo recebeu, após uma recuperação de Demetrio Albertini, e concluiu no travessão. Petrescu ainda voltou a ficar cara a cara com Abbiati, mas o arqueiro se jogou aos pés do romeno e garantiu um ponto na volta para Milão.

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Desailly, ex-Milan, teve a tarefa de segurar um ascendente Shevchenko (Allsport)

Momentos diferentes

O empate na Inglaterra, diante do possível adversário direto na briga pela liderança, ficou de bom tamanho. No entanto, passou o tempo e o então campeão italiano não conseguiu se impor. Depois de escorregar contra Bari, Lazio e Cagliari na Serie A, somou apenas um ponto em dois jogos contra o Hertha Berlim, apesar de ter batido o Galatasaray. Autor de seis gols em sete partidas, Shevchenko impediu maiores prejuízos. O triunfo de virada no Derby della Madonnina, três dias antes de receber o Chelsea no San Siro, deu fôlego ao trabalho de Zaccheroni.

O Chelsea, por sua vez, fez a parte dele contra o Galatasaray em Londres e Istambul – apesar do tropeço fora para o Hertha Berlim. Na Premier League, perdeu a invencibilidade para o Watford e passou por maus bocados na sequência pesada contra Manchester United, Arsenal e Liverpool, em que só teve sucesso contra os Red Devils. O duelo com o Milan não era um divisor de águas apenas para os ingleses se garantirem na próxima fase da Champions League, mas também ganhou caráter decisivo para a moral da equipe.

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Enquanto Sheva foi bem marcado, Bierhoff conseguiu balançar as redes (Allsport)

Sobrevivência em jogo

Quase 75 mil torcedores compareceram ao San Siro em 26 de outubro de 1999. Impulsionado pela vitória no dérbi, os italianos também se mobilizaram pelo contexto decisivo da partida. Do ponto de vista rossonero, vencer o Chelsea era fundamental para chegar vivo na última rodada – três pontos separavam Milan e Hertha Berlim, que somava 8, na segunda colocação. Dessa forma, Zaccheroni promoveu mudanças sutis na formação tática em comparação ao primeiro jogo. Leonardo foi recuado como meia-atacante e Serginho entrou no lugar de Thomas Helveg na ala esquerda – troca que se provaria determinante no rumo da peleja. Vialli não mudou uma vírgula no lado azul.

Logo aos 6 minutos, Zola conduziu a bola sem marcação e soltou o pé, mas exagerou na força. Pouco tempo depois, deixou Petrescu em condição de abrir o placar. O romeno também tinha a opção de tocar ao lado para Flo só completar, mas o preciosismo falou mais alto e o ala falhou miseravelmente ao tentar encobrir Abbiati.

O Chelsea era amplamente superior, mas pecava na finalização. Os donos da casa só vieram a ameaçar o gol do De Goey aos 21, em chute de Shevchenko, no qual o neerlandês não teve trabalho. A defesa italiana continuou sem saber a fórmula de conter Zola. Após assustar em cobrança de falta, ele cruzou na medida para Flo, mas a cabeçada não foi bem direcionada.

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O empate contra o Chelsea, na volta, deixou o Milan num cenário nebuloso na competição (Allsport)

Ducha de água fria no San Siro

Os times não calibraram o pé no intervalo. Somente aos 64 minutos surgiu uma oportunidade de ouro para o Chelsea tirar o zero do placar, novamente com Zola, mas a trave salvou a pele de Abbiati. Depois, aos 67, a bola voltou a sobrar nos pés do camisa 25 e, dessa vez, o arqueiro italiano foi bem para evitar o prejuízo.

A resposta do Milan veio aos 73 e não podia ser melhor. Serginho arrancou até a linha de fundo e cruzou para Bierhoff cabecear em cheio. Os rossoneri ganharam sobrevida na Champions League, mas não por muito tempo. Três minutos depois, Di Matteo tirou um lançamento espetacular do chapéu, Dennis Wise dominou com o pé direito e chutou de esquerda na saída de Abbiati. Uma ducha de água fria que praticamente minou as chances de classificação do Diavolo. O vexame foi confirmado na rodada seguinte, enquanto o Chelsea só caiu nas quartas de final, por conta de um placar agregado de 6 a 4 favorável ao Barcelona.

Chelsea 0-0 Milan

Chelsea: De Goey; Ferrer, Leboeuf (Högh), Desailly, Babayaro; Petrescu, Wise, Deschamps, Poyet (Le Saux); Wise, Flo (Sutton). Técnico: Gianluca Vialli. Milan: Abbiati; Costacurta, Ayala, Maldini; Guly, Gattuso, Albertini, Helveg; Shevchenko, Bierhoff, Leonardo (Giunti). Técnico: Alberto Zaccheroni. Árbitro: Anders Frisk (Suécia) Local e data: estádio Stamford Bridge, Londres (Inglaterra), em 9 de outubro de 1999

Milan 1-1 Chelsea

Milan: Abbiati; Costacurta, Ayala, Maldini; Guly, Gattuso, Ambrosini, Serginho (Orlandini); Leonardo (Boban); Shevchenko, Bierhoff. Técnico: Alberto Zaccheroni. Chelsea: De Goey; Ferrer, Leboeuf, Desailly, Babayaro; Petrescu (Morris), Wise, Deschamps, Poyet (Di Matteo); Zola (Ambrosetti), Flo. Técnico: Gianluca Vialli. Gols: Bierhoff (74’); Wise (77’) Árbitro: Nikolay Levnikov (Rússia) Local e data: estádio San Siro, Milão (Itália), em 26 de outubro de 1999

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