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·23 de março de 2022

Modelo de gestão da SAF mostra novo caminho para clubes brasileiros

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O modelo de gestão da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) nunca esteve em tanta evidência no cenário do futebol brasileiro como neste momento. Depois das vendas oficializadas de Botafogo e Cruzeiro, times de grande expressão no país, o Vasco foi mais um que mexeu com o noticiário esportivo ao anunciar o acordo com a 777 Partners, empresa de investimentos americana, para a venda de 70% dos ativos da SAF.

Luiz André Mello, CEO do Vasco, esclarece que a melhor maneira de tornar o clube novamente protagonista e sustentável é modernizar sua estrutura administrativa.


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“Primeiro, chegamos a um consenso de que a melhor opção para mudar a realidade do clube, em meio ao seu alto endividamento, seria a criação e negociação da SAF. Depois dessa decisão, iniciamos um longo período de prospecção, no qual recebemos e analisamos criteriosamente várias propostas. No final entendemos que o projeto da 777 Partners foi o que mais atendia aos interesses do Vasco. Além disso, a 777 apresentou um projeto sólido, pautado na gestão profissional e competente. Tenho certeza que isso é o que a torcida vascaína mais deseja: um clube saudável, forte e competitivo”, destacou.

“Vários clubes já estavam se mobilizando para fazer a transformação em Sociedade Anônima. Isso tende a aumentar a partir das últimas transações. Agora, cabe ver como vão reagir os outros clubes grandes, pois vários deles até o momento não haviam mostrado nenhuma intenção nesta transformação em empresa. 2022 será um ano eletrizante e um divisor de águas na história do nosso esporte”, afirmou Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo e que participou da elaboração da lei que regulamenta a SAF no Brasil.

Nos últimos anos, o modelo de gestão tradicional do futebol brasileiro tem sido colocado em cheque. As dívidas milionárias de grandes times do Brasil evidenciaram trabalhos em um sistema onde não havia uma efetiva responsabilização sobre erros administrativos.

Segundo os números que estão disponíveis no aplicativo Dívida Aberta, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), os 60 clubes presentes nas três principais divisões do Campeonato Brasileiro de 2022 têm R$ 829 milhões em débitos com a União Federal.

Para Luiz Henrique Martins Ribeiro, advogado especializado em SAF, as equipes de grande torcida e massa, emvia de regra, também são os clubes com grandes dívidas, em muito, pela priorização de resultados em detrimento da saúde financeira das entidades.

“Vemos clubes com passivos de mais de um bilhão de reais, o que chama muita atenção por serem números estratosféricos. Então, nesses casos, a SA pode ser até uma salvação porque a sociedade anônima do futebol possibilita, além de novos investimentos e novos players, pessoas e grupos que possam trazer dinheiro para investir no bom enfrentamento dessa dívida”, esclarece.

O advogado, que foi presidente durante quatro anos do Tubarão, primeiro clube startup do Brasil, entende que a nova legislação brasileira que regula as Sociedades Anônimas vem para modernizar o ambiente de negócios do futebol brasileiro.

“Penso que o Brasil se adequou, através de uma legislação específica para isso, se alinhando ao que vem acontecendo no mundo há muito tempo. Então, é muito mais uma necessidade do que, talvez, uma oportunidade, e os clubes que buscam equacionar suas dívidas e ter uma gestão profissional, até porque a lei prevê isso, acredito que serão beneficiados com isso”, completou.

Jorge Braga, CEO do Botafogo e um dos protagonistas no que diz respeito à venda da SAF para John Textor, explica o papel do gestor neste processo de transição:

“Especialmente no caso do Botafogo, que assegurou uma mudança de cultura profunda, no sentido de prestar conta com muita transparência, também é fazer a ponte para essa nova linhagem que vem de acordo com o perfil do novo investidor. No final das contas, o trabalho é ser invisível, fazer tudo continuar funcionando e evoluindo sem grande ruptura. Essa é a missão da gestão profissional, que faz essa ponte entre o passado e o futuro, de falar pelos resultados e não pelo brilho individual.”

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