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·28 de outubro de 2020

“Método Monchi”: os segredos do diretor esportivo mais famoso do futebol mundial

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Ramón Rodríguez Verdejo é conhecido mundialmente como Monchi – um dos dirigentes esportivos de maior sucesso da história do futebol. De 2000 a 2017, e depois de 2019 até os dias atuais, ele foi o responsável pelo departamento de esportes do Sevilla FC e conduziu o clube andaluz a um sucesso sem precedentes.

Nos primeiros 110 anos da história do Sevilla FC, a equipe conquistou quatro troféus importantes. Nos últimos 20 anos, desde que Monchi mudou de sua função de goleiro titular para diretor esportivo, o rojiblanco conquistou 10 taças de expressão, mais recentemente levantando a Liga Europa 2019/2020 (a sexta de sua história).


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Mas não foram apenas tais conquistas que o ex-jogador de 52 anos trouxe para o clube. Sua experiência no mercado de transferência reforçou as finanças do clube, contratando jogadores por taxas baixas e depois vendendo-os para obter lucros. Ao longo dos anos, craques como Ivan Rakitić, Wissam Ben Yedder, Dani Alves, Clément Lenglet e Vitolo deixaram o Estadio Ramón Sánchez-Pizjuán por mais de quatro vezes o valor originalmente pago por eles.

Em vez de manter os segredos do sucesso do Sevilla FC no privado, Monchi sempre esteve aberto a discutir elementos de sua metodologia e promover o compartilhamento de conhecimento no futebol. Durante o a pandemia do coronavírus, no início de 2020, o clube lançou uma série de 13 capítulos chamada ‘MONCHI 13 – Masterclass’ no YouTube. Nas últimas semanas, ele falou na conferência Soccerex sobre seu trabalho e participou de uma videochamada com a mídia internacional, organizada pela LaLiga.

AS CINCO RAZÕES PARA ASSINAR COM UM JOGADOR

Durante esta sessão com a mídia, Monchi destacou cinco elementos que ele acredita serem fundamentais para um clube considerar ao estudar a possibilidade de trazer um novo jogador. O primeiro seria ter a melhor rede de olheiros possível, para que obter o máximo de informação sobre todos os jogadores que podem ser alvos em potencial. “Ter uma boa rede de aferição permite que você tenha um controle abrangente do mercado”, disse.

Depois, estabelecer um perfil claro do jogador em parceria com o treinador. “Existem muitos tipos de atletas, até os que jogam na mesma posição”, destacou Monchi, acrescentando que a comunicação com os treinadores é vital para esse processo. O próximo passo é pensar em como o recém-chegado vai se adaptar ao time e, se vier do exterior, à nova liga. “Quando contratamos um jogador, estamos retirando-o de uma liga para trazê-lo à LaLiga. Então, é necessário trabalhar e entender como a adaptação pode ser a mais rápida possível”, continuou Monchi.

Na sequência, é preciso entender a pessoa. “Você trabalhará todos os dias com um ser humano, não apenas com um jogador de futebol”, disse Monchi. “É necessário tentar descobrir quais preocupações podem surgir, o que o jogador precisa e quais problemas podem aparecer. Isso, às vezes, pode significar que o atleta é incapaz de realizar seu potencial”. Por fim, mas não menos importante, Monchi diz que a quinta chave é explicar ao jogador o que esperar do novo clube, alinhar as expectativas: “explicamos a filosofia do clube, explicamos como é a mídia, falamos da cidade e das rivalidades que temos e da pressão da mídia. É uma questão de imaginar exatamente o que esperar ao chegar ao Sevilla FC”.

A IMPORTÂNCIA DOS DADOS

Seguir esses passos iniciais requer um bom entendimento de como é um jogador de sucesso, e como eles podem se encaixar no sistema existente do clube. Para isso, Monchi e o Sevilla FC colocaram os dados no centro da tomada de decisões. “Sou um viciado em dados”, disse ele durante o evento Soccerex. “Tanto com big data quanto com inteligência artificial e aprendizado de máquina. Eu acredito muito em dados. Pode maximizar o desempenho, pode economizar tempo de tomada de decisão e, acima de tudo, pode reduzir a margem de erro”.

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Monchi e sua equipe estudam muitas variáveis ​​e têm estatísticas detalhadas de todos os jogadores que podem considerar trazer para o clube. “A primeira coisa é definir o jogador que você deseja. Imagine que você queira um zagueiro que possa fazer muito bem passes longos, porque seu time faz muitos cruzamentos”, disse ele. “Você pode decidir que a precisão média para passes longos deve ser de pelo menos 68%, então você pode usar essa variável para descartar jogadores”.

Ele continuou: “Trata-se de decidir, com o uso de inteligência artificial, como é o jogador modelo e como alcançar o desempenho máximo dentro do sistema que está sendo usado pelo treinador. Assim que tivermos esse perfil por meio de big data, tentamos encontrar esse jogador”.

CONTRATANDO PROFISSIONAIS CAPACITADOS

Como o uso de dados gerou sucesso no mercado de transferência, o clube continuou seu investimento. “No Sevilla FC, criamos um departamento de pesquisa e desenvolvimento”, observou Monchi. “É um departamento exclusivo de dados, onde temos uma equipe que seria impensável cinco ou seis anos atrás. Temos matemáticos, engenheiros, físicos, estatísticos e analistas”.

O clube andaluz também está trabalhando no desenvolvimento de software e ferramentas próprias para agilizar os processos de recrutamento. “Queremos desenvolver nosso próprio aplicativo que nos permita alcançar a máxima eficiência”, revelou Monchi. “Estamos trabalhando nisso”.

COMBINANDO O TÉCNICO COM O ESPORTIVO

É claro que a coleta de bons dados não garante o sucesso. Monchi argumentou que a intuição humana ainda é fundamental para a tomada de decisões; mas deve ser o mais bem informado possível. “Mais de oito milhões de dados são gerados por jogo, e nem todos são necessários”, explicou. “O importante é conseguir equilibrar o subjetivo com o objetivo. Todos os clubes estão trabalhando nisso. Usamos dados para construir perfis de jogador, mas você também precisa ir e ver o jogador. Tem que combinar as duas áreas para tomar a melhor decisão”.

Para isso, o clube desenvolveu uma abordagem sistêmica que permite uma ampla coleta de dados e, posteriormente, uma análise humana mais próxima. “Existem dois pilares para a forma como o departamento de esportes do Sevilla FC funciona: o scouting e a coordenação com o treinador”, disse ele. “O treinador não decide o nome do jogador que vamos contratar, ele decide o perfil. Então, com o trabalho dos olheiros, oferecemos diferentes possibilidades”.

O Sevilla FC divide o ano como olheiro em duas partes. De julho a dezembro, os 12 olheiros seguem suas respectivas ligas com uma ampla visão geral e coletam informações. Depois, de janeiro a maio, há um seguimento mais próximo de alguns jogadores que saem do clube com uma lista de cerca de 15 atletas por posição. Isso é seguido por conversas detalhadas com o treinador no final da temporada, onde o departamento mostra os perfis de seis ou sete opções potenciais que poderiam atender às necessidades do técnico.

Com anos de sucesso dentro e fora do campo, o método Monchi provou seu valor para o Sevilla FC. Mas, como observou o diretor esportivo, é uma abordagem que pode ser adotada por qualquer clube e com a análise dos dados ainda avançando, há muito progresso pela frente. “Em 2000, a estrutura era zero”, concluiu Monchi. “Agora, somos um clube que está sendo estudado por outros. Isso se deve ao trabalho de muitas pessoas e não estamos parando. Estamos tentando continuar crescendo”.

Texto: LaLiga

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