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·22 de outubro de 2020

Memória Lusitana: Pepe, um lutador dentro de campo, no melhor sentido

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Olá, amigos e amigas de Brasil! Cá estou eu isolado após ser diagnosticado com Covid-19, mas não deixarei vocês sem uma edição da nossa coluna O Gajo Conta. Assim, tendo assistido a estreia do Porto na Champions League, nesta quarta-feira (21), contra os Citizens, fiquei triste pelo que aconteceu ao meu amigo Pepe. Logo, em mais um capítulo de minha Memória Lusitana, decidi trazer ao nosso espaço luso um pouco da história, e da minha amizade com este gigante graúdo português. Pois, ele é mais, muito mais, que lances como os desta partida.

Antes de mais nada, minha amizade com Képler Lima, sim, é este o nome do nosso gajo deste mês, é antiga… . Pois, lá se vão 18 anos desde que Pepe desembarcou em Lisboa para uma avaliação de duas semanas no Sporting. Assim, o então miúdo de 17 anos se transferiu do Corinthians-AL para atuar pelo meu rival na Madeira. No entanto, apesar do Papai Cris ter se firmado nos Leões, o zagueiro não fincou estadia e retornou para o Marítimo. Ironias do destino, foi lá que ele desempenhou um bom papel e cavou sua vaga no Porto.


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O INÍCIO DE PEPE EM PORTUGAL

A bem da verdade, por pouco Pepe não chegaria à Portugal. Isso porque, com tudo acertado e data marcada para desembarcar em Lisboa, ele sofreu uma lesão no tornozelo no último jogo pela equipa alagoana. Logo, algo que quase o fez perder a oportunidade, mas convencido pelo presidente do Marítimo, que bancou o sonho do gajo de atuar na Europa, veio para ser feliz.

Enquanto que eu estava a me transferir para o Manchester United, Pepe chegou ao Porto por uma bagatela, como vocês dizem, de 1 milhão de euros. Assim, se tornou titular dos Dragões, obteve a cidadania portuguesa e, após três anos de contrato, já estava ao meu lado de novo, agora na Seleção das Quinas. Além disso, como portista, o zagueiro foi multi-campeão conquistando uma Taça Intercontinental, dois Campeonatos Portugueses, duas Supertaças de Portugal e uma Taça de Portugal.

Apesar de um início tímido, com poucos jogos, na época seguinte, em 2005, Pepe se firmou como um dos grandes jogadores da Primeira Liga. Assim, lamento ele não ter sido treinado por José Mourinho ainda no Porto, já teria despontando desde lá o grande figura que se imortalizou na Seleção Portuguesa. No entanto, suas exibições com o manto portista renderiam uma contratação pelo Real Madrid, o maior clube do mundo, em 2007. Se antes, ele chegou aos Dragões por um milhão de euros, em Madrid, desembarcou por 30 de milhões de euros, tás a ver?!

A PARCERIA NO REAL MADRID…

Acontece que já tendo reforçado nossos laços de amizade na Seleção Portuguesa, onde chegaremos a tratar em instantes, fui ao encontro de Pepe no Real Madrid. Assim, um dos grande orgulhos de minha carreira foi ter atuado e sido campeão ao lado deste grande jogador. Na verdade, ele chegou dois anos antes ao Merengues. Logo, como aconteceu no Porto, se tornou titular desde então e permaneceu em Madrid por 10 anos!!!

Destes 10 anos, sete deles esteve comigo de companheiro. Juntos, conquistamos Copas do Rei, La Ligas, Supercopas da Espanha, três vezes a Champions League e, duas vezes, o Mundial Interclubes. Além, é claro, de troféus amistosos como o Teresa Herrera e Santiago Bernabéu. Em toda sua carreira, o Real Madrid foi o clube onde mais atuou, foram 334 jogos e 15 gols marcados.

Um caso inusitado que marcou nossa amizade aconteceu na final da Liga dos Campeões, em 2016. Logo, após aquela sofrida disputa de pênaltis contra o outro clube de Madrid, na qual vencemos, como melhor jogador da partida, entreguei a taça à Pepe, que imortalizou o ponto mais alto de nossa conquista frente o rival Atlético de Madrid.

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ACABOU APÓS SETE ANOS…

No entanto, sem renovar com o Real Madrid, em 2017, Pepe se transferiu ao Besiktas, da Turquia, e passamos a não ter mais aquela convivência de balneário. Assim, no clube turco, o zagueiro não seria campeão e, após dois anos, acertou seu retorno ao clube de coração, o Porto, onde figura desde então. Logo, se na primeira passagem já foi multi-campeão, a segunda não poderia ficar sem glórias.

Dessa forma, repatriado na era Sérgio Conceição, o Porto de Pepe retomou o caminho dos títulos e foi campeão da Primeira Liga e da Taça de Portugal. Assim, titular absoluto e pilar da defesa portista, o zagueiro é exemplo de experiência e segurança nas linhas defensivas do mister dos Dragões. A bem da verdade, em alguns lances, passa da medida, mas muito pela entrega, personalidade e comprometimento por todos os clubes que já passou, especialmente em Madrid e na Cidade do Porto.

…MAS SEGUE NA SELEÇÃO PORTUGUESA

Se a parceria havia sido encerrada em clubes, na Seleção Portuguesa, seguimos juntos desde 2007, quando obteve sua dupla nacionalidade. Curiosamente, pelas mãos de outro amigo, Felipão, quando nos treinou no círculo para o Mundial da Alemanha, em 2006. No entanto, naquela época, ainda não tinha preenchido a exigência de quatro anos de trabalho no nosso país e não pode ser lembrado pelo técnico brasileiro. Logo, aguardou ser chamado pelo Brasil, não acontecendo, passou a integrar-nos e fazer história com o emblema ao peito.

Logo, estivemos juntos nos Mundiais de 2010, na África do Sul, de 2014, no Brasil, e de 2018, na Rússia. Além disso, marcamos presença nas Eurocopas de 2008, na Áustria e Suíça, de 2012, na Polônia e Ucrânia, e de 2016, na França. Assim, todos sabem que ao meu lado, fomos campeões em Paris e, da Liga das Nações, em 2019. Inclusive, para Pepe, ter ganho a Liga atuando no Estádio do Dragão foi um dos momentos mais memoráveis de sua carreira, pois estava em casa.

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Dessa forma, na Seleção Portuguesa foi onde Pepe conseguiu também títulos individuais importantes como ter sido o melhor jogador da final da Eurocopa, em 2016. Além disso, esteve presente na seleção das Euros de 2008, 2012 e 2016. Por várias vezes, o zagueiro entrou para a lista dos melhores jogadores do ano pelos jornais The Guardian e Marca.

MAIS QUE UM JOGADOR, UM AMIGO

Por fim, Pepe é um dos imortais zagueiros portugueses de sempre, apesar de naturalizado. Um figura em excelência, comprometido e dedicado a suas equipas em busca da glória. Um graúdo de qualidade e grande campeão por onde passou. Já para este que vos fala, um amigo de longas datas e um parceiro de glórias pela seleção. Um legítimo português eternizado em minha Memória Lusitana.

Foto Destaque: Reprodução / Getty Images

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