Mario Brugnera viveu dias de Alfredo Di Stéfano com a camisa do Cagliari | OneFootball

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Calciopédia

·06 de agosto de 2022

Mario Brugnera viveu dias de Alfredo Di Stéfano com a camisa do Cagliari

Imagem do artigo:Mario Brugnera viveu dias de Alfredo Di Stéfano com a camisa do Cagliari

Nascido em meio às pequenas ilhas de Veneza, no norte da Itália, Mario Brugnera ganhou fama e sucesso em outra região insular, muito maior, a Sardenha. O meia-atacante se tornou um dos maiores nomes da história do Cagliari, tendo participação importantíssima no scudetto da temporada 1969-70, e sendo ainda hoje, um dos integrantes do “clube dos oito”.

Antes de chegar ao Cagliari, Brugnera já tinha feito o seu nome no futebol. Nascido em 1946, Mario trocou Veneza pela Toscana ainda na adolescência: aos 17, acertou pela Fiorentina, equipe pela qual se profissionalizou e integrou da geração dos “garotos de Florença”, ao lado de nomes como Mario Bertini, Claudio Merlo e Giancarlo De Sisti. O atacante era o mais novo do elenco violeta que por duas temporadas seguidas, em 1964 e 1965, terminou a Serie A na quarta colocação.


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Já em 1965-66, o jovem jogador ofensivo ganhou mais espaço com o técnico Giuseppe Chiappella e anotou oito gols em 19 jogos disputados. Um desses tentos, inclusive, aconteceu na decisão da Copa Mitropa, conquistada pela Fiorentina, ante o Jednota Trencin, da Checoslováquia. Com 20 anos, Brugnera levantou o primeiro título como protagonista. A taça europeia, porém, era a segunda de sua carreira: um mês antes, a Viola havia faturado a Coppa Italia ao bater o Catanzaro na final.

Na temporada 1966-67, já como titular da equipe, ao lado do sueco Kurt Hamrin, o atacante veneziano viveu seu melhor momento com a camisa violeta. Mario anotou 13 gols na Serie A, incluindo uma tripletta sobre o Vicenza, time da região em que nascera. Os tentos lhe colocaram como o quinto artilheiro da competição naquele ano, atrás apenas de Hamrin, José Altafini, Sandro Mazzola e Luigi Riva, seu futuro companheiro.

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Na Fiorentina, Brugnera (marcado por Giovanni Trapattoni, no canto esquerdo da foto), surgiu como um brilhante atacante (Torrini Fotogiornalismo)

Por ser um centroavante diferente, com habilidade e muita movimentação, além de ter a facilidade de jogar mais recuado, Brugnera passou a ser chamado de “Pequeno Di Stéfano”, em referência a Alfredo Di Stéfano, ídolo argentino do Real Madrid. Obviamente, o epíteto também surgira pelo fato de Mario ser precocemente calvo, tal qual o craque sul-americano.

Em 1968, o “Pequeno Di Stéfano” recebeu a oportunidade de se tornar um gigante. Brugnera e o goleiro Enrico Albertosi foram alvo de uma movimentação de mercado ousada da parte do Cagliari. O presidente Efisio Corrias, um dos políticos mais influentes da Sardenha, encarregou o diretor geral Andrea Arrica de negociar com Nelo Baglini, dono da Fiorentina. O objetivo era levar a dupla para a ilha e ceder, em troca, o meia Francesco Rizzo, que jogara a Copa do Mundo de 1966.

As diretorias de Fiorentina e Cagliari formalizaram o acordo em um guardanapo de um restaurante. A troca pode até ter sido boa para a Fiorentina, que terminou a temporada com o scudetto, mas não havia do que os casteddu pudessem reclamar, já que foram vice-campeões naquele ano e iniciaram a formação do time que viria a conquistar a Itália – e não apenas em campo.

Até então, o futebol na Sardenha era inexpressivo. Porém, desde o acesso do Cagliari à elite, na temporada 1963-64 e a contratação de Riva, a situação começava a mudar, pouco a pouco. O resultado de todo esse trabalho e sucesso se deu às vésperas da Copa do Mundo de 1970. O próprio Riva chegou a dizer que o vice-campeonato era uma resposta à sociedade italiana, que acreditava que só existiam “agricultores e bandidos” na ilha.

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Brugnera, de costas, foi um dos grandes nomes de um Cagliari vitorioso, juntamente a Comunardo Niccolai e Giulio Zignoli (Arquivo/Cagliari Calcio)

Atuando mais recuado, atrás de Riva, Brugnera rapidamente ganhou o coração do torcedor do Cagliari e, com sua habilidade com a bola, quase como um malabarista circense, ficou conhecido como “Zanfretta”. O apelido fazia referência a um tradicional circo italiano da década de 1920. A magia estava presente em seus pés.

Sem ter o posto de titular absoluto, já que alternava com o brasileiro Nenê, Mario atingiu outro patamar graças ao treinador Manlio Scopigno. O “filósofo” ofereceu novas possibilidades à carreira de Brugnera ao reposicioná-lo para jogar numa posição mais recuada, substituindo Pierluigi Cera, e, em algumas oportunidades até mesmo atuando como líbero, no lugar de Giuseppe Tomasini. Este novo posicionamento fez com que o vêneto chegasse a sonhar com a disputa do Mundial de 1970.

Apesar das 19 participações e dos três gols marcados na histórica conquista do Cagliari, em 1969-70, Brugnera ficou de fora da lista de Ferruccio Valcareggi. Aliás, ele jamais vestiu a camisa da seleção italiana principal. Sua única partida vestindo a camisa azzurra foi em um jogo amistoso contra a França, pelo selecionado sub-23 da Itália.

Depois da apoteótica conquista pelo Cagliari, Mario continuou a ser importante para o time, apesar de o estádio Amsicora jamais ter visto uma festa tão grande outra vez. O feito dos rossoblù foi único e, nos anos seguintes, os sardos não passaram do quarto lugar na Serie A – em algumas ocasiões, aliás, até brigaram para não cair.

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Ao longo de 12 temporadas, o carequinha se consolidou como uma das maiores bandeiras da história do Cagliari (LaPresse)

Na temporada 1974-75, Brugnera deixou o Cagliari para se aventurar no Bologna. Entretanto, na Emília-Romanha, disputou apenas sete jogos e decidiu retornar à sua verdadeira casa. De novo com a camisa rossoblù, teve de encarar o rebaixamento da equipe à Serie B, mesmo com muitos dos nomes que haviam sido campeões anos antes. A precoce aposentadoria de Riva fez a diferença, negativamente.

Apesar de ter entrando em declínio, Mario encarou três longas temporadas com o time na segunda divisão, se consolidando como um líbero e sobretudo, capitão. Brugnera se reinventou e ainda disputou mais três campanhas na elite italiana com os casteddu, encerrando sua passagem em 1982, após mais de 403 jogos e 47 gols marcados em 12 anos. O vêneto é o segundo atleta com mais aparições pela equipe, atrás apenas de Daniele Conti, que atuou na Sardenha de 1999 a 2015 e acumulou 464 partidas pelo Cagliari.

Antes de pendurar as chuteiras, Mario fez sua última temporada pelo Carbonia, da própria Sardenha, nas divisões inferiores do futebol italiano. Sua admiração pela cidade foi tamanha que Brugnera se estabeleceu em Cagliari mesmo depois de aposentado. Hoje ele integra um seleto grupo, chamado de “clube dos oito”: é um dos oito moradores da capital sarda que conquistaram o scudetto. Não à toa, a bandeira rossoblù integra o Hall da Fama dos isolani.

Mario Brugnera Nascimento: 26 de fevereiro de 1946, em Veneza, Itália Posição: meia-atacante Clubes: Fiorentina (1963-68), Cagliari (1968-74 e 1975-82), Bologna (1974-75) e Carbonia (1982-83) Títulos: Copa Mitropa (1966), Coppa Italia (1966) e Serie A (1970)

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