Mário Bittencourt concede a primeira coletiva de imprensa em 2021. Presidente fala sobre diversos temas que envolvem o clube – Veja as falas do presidente na íntegra | OneFootball

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·15 de janeiro de 2021

Mário Bittencourt concede a primeira coletiva de imprensa em 2021. Presidente fala sobre diversos temas que envolvem o clube – Veja as falas do presidente na íntegra

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O presidente Mário Bittencourt, nesta sexta-feira (15) concedeu sua primeira coletiva de imprensa em 2021. A última coletiva do mandatário tricolor havia sido no dia 08 de setembro de 2020.

Entre os temas abordados, Mário falou sobre planejamento do futebol, Marcos Paulo, base e muito mais. Veja na íntegra.


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O Fluminense tem uma vitória nos últimos cinco jogos. Como você avalia o trabalho da comissão técnica atual e se o planejamento para próxima temporada já está sendo feito pensando no Marcão como treinador ou se essa decisão só vai ser feita no final da temporada, considerando que já começam outras competições muito próximas do final do Brasileiro.

“Vou voltar um pouco atrás e tentar ser breve. O nosso planejamento para a temporada de 2020 era a permanência do treinador que a gente contratou em janeiro. Infelizmente, quando a gente fez esse planejamento, nós não imaginávamos que teríamos uma pandemia, que o futebol ficaria paralisado e o Campeonato Brasileiro terminasse quase em março de 2021. Além de tudo, quando caminhávamos para buscar uma renovação com o treinador porque estávamos bastantes satisfeitos com o trabalho do Odair, já até o final de 2021, ele recebeu uma proposta do mundo árabe, fato notório que todos sabem o que aconteceu, uma proposta em termos de números irrecusável, e isso fez com que a gente perdeu o nosso treinador no fim do ano, quando acabava o contrato dele, em dezembro. Quando a gente assinou, não imaginava que ia ter a pandemia, mas a verdade é que ainda tínhamos o restante da temporada para jogar. A opção pela comissão técnica que a gente tem, a comissão permanente, é um projeto nosso, que em 2019, depois da passagem de dois treinadores, fizemos a opção pelo nosso auxiliar permanente – que é como muitos clubes usaram esse modelo,São Paulo usou com Milton Cruz, outros clubes usaram -; a gente usa esse modelo hoje de ter um auxiliar permanente justamente para esses momentos de dificuldade, revés, ou saída de treinador. Acho que é muito claro pra vocês que eu não tenho a filosofia de tirar os treinadores, acho importante deixar os trabalhos concluírem. A gente acreditava no trabalho do Odair e queria que ele ficasse pra 2021. Como não aconteceu, usamos o mesmo método de 2019. Imagine que quando a gente fez a opção pelo Marcão, posso errar aqui um número para cima ou para baixo, mas eu acho que estávamos em 16° ou 17° colocados no campeonato, o índice de aproveitamento baixíssimo, e fizemos essa opção na luta contra o rebaixamento. A comissão técnica permanente nos entregou um resultado em 2019 de 53% até o final. Não sei se você se lembra também, nos primeiros 4 jogos da comissão em 2019, nós vencemos três e empatamos um. Em sequência ficamos cinco rodadas sem vencer. Depois o time retomou o caminho das vitórias e acabou se classificando pra Sulamericana mas, te falando o português claro, nos livrando do rebaixamento. Com a saída do Odair, quando ele me comunicou, eu ainda estava em casa me tratando da Covid-19, falei com o Paulo pelo telefone, fizemos uma videoconferência, e pensamos qual seria a atitude que nós tomaríamos. Então decidimos repetir o que fizemos em 2019, que era efetivar a comissão, justamente porque conhecia o dia a dia do trabalho e nós entendíamos que, buscar um treinador naquele momento, ao final de um ano e início de outro ano mas ainda com o restante da temporada, a gente talvez não trouxesse um nome que a gente tivesse convicção. Talvez alguns não aceitassem porque não é qualquer treinador que aceita pegar um trabalho no meio, e porque tínhamos tido um excelente resultado com a comissão técnica permanente em 2019. Se a gente tiver 50%, 51% até o final da competição, porque ela ainda não acabou, nós teremos um aproveitamento parecido e certamente iremos conseguir alcançar uma vaga na Libertadores. Pode dar certo ou errado, o planejamento não só no futebol mas também em empresas e na nossa vida, a gente aposta, mas foi com convicção, segue com convicção. O início da sua pergunta foi “nos últimos cinco jogos, nós tivemos uma vitória. Curiosamente, foi nesse período do primeiro turno que nós tivemos dificuldade, com algumas trocas de resultado. No turno a gente Vasco, empatou com o Atlético GO, perdeu pro Flamengo e São Paulo e ganhou do Corinthians. Agora a gente empatou com o Vasco, perdeu pro Atlético Goianiense e São Paulo, ganhou do Flamengo e perdeu pro Corinthians. Na nossa conta interna, a gente está devendo três pontos da campanha que a gente fez no turno. E ainda com o Odair, o returno foi pior do que quando começou o turno, porque nós havíamos perdido pro Grêmio e empatado com o Palmeiras, e ainda com ele perdemos pro Grêmio e Palmeiras depois. A gente olha o campeonato pelo nosso índice de aproveitamento, pela tabela e pelo que fizemos no primeiro turno e o que podemos fazer no segundo turno. Já para antecipar, isso não me afasta a derrota horrível que a gente teve na quarta-feira, que sai inclusive da nossa linha média de regularidade. Em nenhum momento do campeonato a gente perdeu um jogo com mais de dois gols de diferença. A gente vem cobrando internamente, fazendo reuniões internas, porque foi uma derrota feia, horrível, que todos nós estamos muito chateados e tristes, para não usar palavra pior. Como todos sabem, antes de ser presidente, eu sou torcedor. Detesto perder de 1 a 0, que sá por um placar elástico desse jeito. A gente precisa encontrar os erros que aconteceram aqui dentro, porque foram muitos, e aqui quando erra, erra todo mundo, eu não vou falar tecnicamente sobre o jogo nem falar o que poderia ter sido diferente porque isso falamos internamente. Para o lado de fora, é dizer que todos nós estamos muito chateados e com muita vontade de apagar essa péssima impressão que ficou depois de quarta-feira, logo depois de uma vitória contra um grande rival aqui do Rio de Janeiro. Mas vamos seguir o trabalho, com o que a gente planejou, que é manter a comissão técnica permanente, e ao longo do restante do campeonato, nós vamos avaliar. Isso é inclusive conversado com eles, que é um trabalho que a gente desenvolve e que pode, obviamente, até o início da temporada 2021, fazer uma opção pra iniciar um trabalho longo com outro treinador ou mantê-los. Mas eles sabem que fazem parte da estrutura do clube e trabalham para que possam nos atender nesses momentos de dificuldades, que não fomos nós que criamos, não foi criada por nós. Ele recebeu uma proposta que não tinha como chegar perto, e o Fluminense perdeu o seu treinador no final do ano, no restante de uma temporada, num ano de pandemia, com enormes dificuldades financeiras, podemos até falar disso depois… e a gente vai seguir o trabalho, e esperamos que amanhã, com todo o respeito ao adversário, que é muito difícil, a gente possa recuperar o caminho da vitória e atingir o nosso objetivo… que aliás eu disse aqui em uma coletiva [..], que o nosso objetivo era buscar a pré-Libertadores mesmo com o orçamento baixíssimo que a gente tem no profissional.

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Como está a situação de Marcos Paulo em relação a renovação de contrato e como uma possível saída de graça do atacante pode afetar o planejamento financeiro do clube, já que o próprio presidente já falou em outra coletiva que o Flu precisa vender jogadores.

“Esse é um problema que não é só do Fluminense, é um problema da legislação brasileira. A legislação FIFA (e a CBF recepciona essa legislação) só permite que o contrato com atleta menor de 18 anos seja assinado por três anos. E a partir dos 18, pode ser assinado por 5 anos, mas desde que o atleta queira. Muitas vezes, de maneira até maldosa, algumas pessoas falam que o Fluminense não quis renovar com o atleta. Na verdade quem tem que querer, quem decide, é o jogador. Se ele disser não, a gente não tem o que fazer.”

“Então o que a gente faz de primeiro momento: assina um contrato de três anos quando o atleta faz 16 anos, que é quando ele pode assinar o primeiro contrato e esse contrato acaba geralmente aos 18 anos.”

“Ainda na gestão anterior – sem tons de crítica à quem passou pelo clube, porque eu sou o presidente e a responsabilidade, neste momento, é minha – quando o atleta ainda não tinha 18 anos, foi feito o contrato de três anos. Quando ele fez 18, ainda na gestão anterior, poderia ter sido proposto um novo contrato de cinco anos. Eu não sei se foi proposto, não sei se foi proposto e o Marcos Paulo não aceitou. O que o atleta e seu estafe passam para a gente é que teria chegado uma proposta naquela época para ele ser vendido antes do João Pedro e que o clube teria optado por não vendê-lo, mas sim o João Pedro. É isso que o estafe passa pra mim, que é um desejo do atleta jogar na Europa. O que é completamente compreensível. Como quem decide renovar ou não é o atleta, a gente precisa buscar tentar uma negociação. A apesar da não renovação do Marcos Paulo, a gente conseguiu assinar por cinco anos com o Luiz Henrique, o Calegari… fizemos o contrato de três anos, que é o máximo, com os meninos do sub-17… e estamos tentando.”

“Além disso, a multa rescisória nacional dos atletas é vinculado ao salário. Então, como atletas da base, por exemplo, recenem pouco e a multa é proporcional, muitas vezes a gente fica à mercê até mesmo de um clube brasileiro, que pode pagar a multa é levar o nosso atleta. Então, muitas vezes precisamos dar um aumento salarial significativo para os nossos atletas para não perdê-los tão facilmente para outros clubes brasileiros. Em relação ao Marcos Paulo, iniciamos conversas em junho de 2020 pela renovação, ou seja, um ano antes de acabar o contrato dele. Mas ele e o estafe entenderam que era melhor esperar uma proposta de fora naquela janela. O atleta teve contato com um clube da França e informou ao Fluminense que chegaria uma proposta de valor x ao clube, proposta que era bem interessante. Infelizmente a proposta não chegou naquele momento. Então fizemos a nossa proposta pela renovação, significativa para as condições que nós temos. Mas como, em razão da pandemia, a janela foi estendida para outubro e o atleta pediu para que esperássemos para avaliar a nossa proposta, mas não nos deu a resposta. No final da janela chegou a proposta do Torino, que foi a única proposta oficial que o Fluminense recebeu, de empréstimo com a obrigação de compra. Nós abrimos negociação, até porque o atleta tinha o interesse em ir, mas pouco tempo antes da janela o Torino contratou outro jogador na Europa e desistiu da contratação de Marcos Paulo.”

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“Fizemos então outra proposta de renovação em dezembro, como não havia chegado propostas de fora, porque gostaríamos que ele permanecesse aqui por mais dois ou três anos. O atleta ficou de nos dar uma resposta, mas ainda não o fez. O atleta falou que quer esperar ainda a próxima janela para tentar receber uma proposta da Europa, ou de algum outro lugar de fora, para tentar ainda conseguir algum valor que possa recompensar o Fluminense.”

“A última conversa que eu tive com o estafe foi ontem, e que me disseram que estão na Europa tentando alguma coisa que possa atender ao atleta e ao Fluminense. E eu sigo dando crédito às pessoas, porque até agora a relação é bem transparente. E isso não é um caso só do Fluminense, vários outros clubes também perderam jogadores jovens, porque a legislação é muito cruel conosco.”

“E já antecipo a vocês que agendei uma reunião na CBF para levar como tema não apenas do Fluminense, mas do futebol brasileiro. Vou propor que a gente abra um debate para a mudança da legislação. Porque nós somos um mercado vendedor, então não podemos ter a legislação igual a da Europa, porque assim ficamos, infelizmente, na mão desse mercado. Então, vamos à CBF para tentar minimizar esse prejuízo.”

Planejamento de 2021

“Eu cheguei no meio de 2019 e o clube lutava nas últimas posições. Planejamos 2020. Tivemos férias de um mês, os jogadores retornaram e estrearam com sete sessões de treinamento. Outra luta que tenho na CBF é que clubes com dificuldades financeiras é que competições como Libertadores e Sul-Americana começarem no início do ano é um desastre para estes times. O lado bom das férias de 30 dias é que eles descansam mas voltam totalmente fora de forma, por irem em churrascos, festas em família. Levam muito mais tempo para se adequar. O ruim deste ano é que não terão esse tempo de férias. Terão 10 dias apenas após o Brasileiro. Em contrapartida eles vão voltar em forma. Isso não é uma percepção minha. Foi conversado com a fisiologia e preparação física. O Brasileiro de 2021 começa em maio… O estadual começará quatro dias depois da paralisação e iremos disputar o Estadual com o time sub-23. Existe uma instabilidade no calendário até pela situação do Palmeiras. A única coisa que eu acho cruel é que nós temos que nos reinventar a cada semana. Nossos jogos que tinham distância de sete dias foram trazidos para perto pelo calendário de outros clubes. E depois teremos jogos com uma certa distância entre os jogos. Isso tudo impacta o planejamento. Nossa ideia é que um pouco antes do fim do campeonato a gente comece a ter uma noção do que vamos disputar. Podemos ter a Copa do Brasil no início do ano, mas se formos para a Libertadores, só entramos nas oitavas de final. A gente não sabe como será o calendário. O Estadual, de qualquer forma, começaremos com o time sub-23. Vamos iniciar o estadual com o sub-23, que entra de férias antes. Os profissionais terão 10 dias de férias. Claro que, se a gente for para Libertadores ou pré-Libertadores, isso será alterado.

Sobre a questão financeira do clube com relação à proposta orçamentária aprovada recentemente que nela consta que é uma previsão de despesas para o clube

“Justamente a incerteza é que esteja porque a gente projeta um orçamento com receitas maiores e despesas maiores. Você só falou das despesas mas não se referiu as receitas também. Se você olhar o orçamento que a gente preparou para 2020, ele tinha menos receita que o de 2021 e essa tem uma isso tem uma explicação simplória e didática. A grande maioria das receitas de 2020 foram jogadas para 2021. O orçamento é uma peça que você  elabora com a perspectiva que você tem sobre o cenário que você se encontra. Então vou te dar um a premiação final pelo Campeonato Brasileiro pela colocação, não sei se você sabe, mas hoje a resposta de TV são pagas: 40% fixa 30% pay-per-view e os outros os outros 30% são pagos em premiação pela colocação final. Essa premiação era para ser paga em dezembro de 2020, só que com a pandemia e o campeonato esticado até fevereiro, ela será quitada em março de 2021. Então nós tivemos que jogar essa receita de 20 para 21 porque ela só será recebido em 21. As contas de TV fixas que vão ser pagas até o final de 20, a televisão também empurrou para 2021. Então quando você quando você faz a pergunta dizendo: “Você aumentou as despesas”… Mas é importante que a gente diga para o torcedor que na projeção de receitas ela também é maior e por isso o clube da superávit que a receitas foram jogadas para lá. As despesas de jogos, as despesas que a gente paga de aluguel do estádio, as despesas de salário, os encargos…Só para você ter uma ideia: As parcelas do profut haviam sido suspensas na pandemia. A presidência da república agora vetou a Medida Provisória de parcelamento… a gente tem que pagar tudo na semana que vem então as despesas foram projetadas para lá”

“O aumento salarial, veja como é curioso… As vezes as pessoas usam as coisas para fazer política de baixo clero, que só prejudica a instituição mas não prejudica a gestão pois a gente segue olhando para e frente reconstruindo o clube… Aí foram dizer que a gente fez um reajuste de salário que nós estamos aumentando os funcionários do clube…Parte desse reajuste de salário foi até, numa entrevista que eu disse a vocês aqui, que eu planejei um aumento de 20% na folha do futebol profissional para 2021 …porque eu disse a você que a gente vem conseguindo equacionar os dias e que a cada ano eu vou tentar aumentar um pouquinho a folha do futebol para gente melhorar o resultado de campo.”

“Esse aumento é porque nós estamos prevendo um aumento de 20% na folha do futebol profissional… só para você saber:  Nossa folha líquida de atletas hoje é 3 milhões por mês. Aliás com algumas saídas que a gente teve lá hoje é menor que três milhões. Com encargos só para torcedor saber, ela bate em torno de 4,3 milhões. Se a gente inserir os funcionários e os encargos todos os funcionários ela beira os 6 milhões. Só para você saber: Dos 10 primeiros colocados no Campeonato, só Fluminense e Ceará são os únicos tem folhas abaixo dos 10 milhões de reais . Tem time acima tem que ter folha de 20, tem folha de 17 a nossa folha de 3 milhões líquida e para o torcedor entender, infelizmente, não é responsabilidade do Fluminense e sim da legislação… nós pagamos aí em média 43% a mais de tributos, porque os contratos são CLT legislação trabalhista parte imagem e parte CLT também na legislação. Então, o aumento das despesas ele é proporcional o aumento das receitas em todas do clube.”

“Toda vez que a gente registra um contrato de um atleta na Federação, na CBF, a gente paga uma taxa de inscrição, também prevista em lei …Esse percentual é relativo ao valor do contrato do atleta (seja ele 16 de 17 de 18 de 30 não importa). Em 2020, nós gastamos um milhão e meio de reais só de taxa de inscrição que a gente é obrigado a pagar para inscrever o atleta. E é por isso que a gente vem tentando quitar algumas dívidas do passado, como por exemplo as dívidas da FIFA, porque se a gente for punido a gente sequer pode inscrever jogadores, como pode ver os outros clubes que tiveram esse problema ao longo de  2020.

Nossa situação é essa! Então, não há nenhum desajuste do nosso departamento financeiro… há uma expectativa de aumento de receita e uma expectativa de aumento de despesa  simplesmente porque um ano foi transportado para o outro. Grande parte das receitas e das despesas de 2020 foram jogados para 2021 e só para concluir, a premiação por exemplo, paga aos jogadores caso a gente se classifique, ela entra no salário. Premiação é salário! Ela entra dentro do contracheque do atleta, então está prevista premiação também, só para você saber, em caso de classificação para a Libertadores, se ela acontecer, dentro desses números. E aí nós temos dois orçamentos hoje: Um contábil, que é o que você teve acesso e o que é que foi aprovado pelo conselho por quase unanimidade, e o orçamento que a gente tem, interno e gerencial, executivo, onde a gente vai ajeitando os botões.

Dificuldade em negociações pode gerar uma redução de receitas para o próximo ano?

“A gente previa um aumento de receita de venda de jogador em 2021, justamente porque não teve nenhuma em 2020. A gente torce para que chegue a vacina logo para que o mundo volte minimamente ao normal, e a gente entende que aí o mercado volta a aquecer e a gente vai ter propostas muito melhores em 2021. O Fluminense, tem hoje quatro grandes fontes de receitas, a maior delas é a venda de jogadores, se o clube não fizer venda de jogadores nos próximos dois, três, quatro, cinco, seis anos, o clube não resiste à dívida que foi deixada aqui, a dívida do clube é de 700 milhões de reais. No início de 2021, nós teremos uma redução nesse valor global, ela hoje é um pouco menor que 700 milhões, e o clube fatura no entorno de 50 milhões. A gente paga por mês, fixo, boleto, com dividas do passado, algo em torno 4 milhões de reais, que poderiam por exemplo, estar sendo imposta no futebol e a gente não consegue porque a gente paga 4 milhões de dívida e sobra 3 milhões para o futebol. A dívida é astronômica, a gente segue se esforçando pra pagar. A gente fez uma previsão maior para o ano que vem, de vender mais jogadores porque a gente acredita que o mercado vai se re-aquecer a partir de junho. As janelas boas da Europa são as de junho e julho, as janelas de janeiro normalmente não vendem jogador. Falam que temos três janelas pra vender jogador, na verdade só temos uma, temos essa dificuldade. Por isso a minha luta junto à CBF, para que a gente tente mudar a regra em relação ao futebol sul-americano, eu não posso ter a mesma regra de janela de um país em que um clube chega aqui e compra um jogador por 5,6,7 milhões de euros.”

Fluminense ainda espera uma proposta do mesmo patamar de antes por Marcos Paulo?

“Certamente sendo transparente como eu sempre sou, direto, reto, óbvio que se recebermos uma proposta em janeiro/fevereiro, óbvio que não vamos receber uma proposta semelhante que a gente receberia na janela passada, porque o clube que tá lá, sabe que ele já pode assinar um pré-contrato desde janeiro. Talvez o clube que faça uma proposta pra nós seja uma proposta menor, que a gente possa ficar com um percentual, se ele quiser levar o atleta agora, se ele quiser esperar aí nem proposta a gente receberá. Existem dois mecanismos, que são mecanismos FIFA, de formação e de solidariedade, que o Fluminense se mantém com eles enquanto o jogador for obtendo outras vendas posteriormente na Europa, ou seja, a gente pode perder o direito o econômico, o clube está tentando salvar parte disso, mas a gente continuará com o mecanismo de solidariedade e formação que também é um mecanismo nas regras da FIFA.”

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Qual é o critério que o Fluminense vai adotar para o ano que vem? O Fluminense vinha apostando em um jeito, em jogadores mais jovens como Allan e Caio Henrique… E, no seu primeiro ano cheio, o Fluminense apostou em jogadores mais experientes. E aproveitando, a diretoria também se sente responsável por uma não classificação para a Libertadores?

“A responsabilidade de um clube de futebol é sempre do dirigente. Se eu contratar um treinador — quando eu digo contratar, quer dizer autorizar que se contrate — porque o Fluminense tem um profissional, o diretor executivo, que é até o mesmo profissional que já estava aqui antes. Foi ele que trouxe o Allan, trouxe o Caio Henrique. A gente tem um profissional que cuida do futebol. O presidente aprova ou não financeiramente, mas a decisões técnicas são de dentro do futebol profissional. Do diretor executivo, do chefe de scount que trabalha aqui há 10 anos, do treinador que estiver sentado na cadeira, do fisiologista, do fisioterapeuta, do preparador físico que conhecem os profissionais do Brasil a serem contratados… Eu vou discordar de você que na minha gestão, a gente começou a optar por jogadores mais velhos. O meu elenco hoje tem muito mais jogadores da base do que tinha quando eu cheguei, só para você saber. Mais jogadores jovens. Nosso elenco em 2019 era muito jovem, mas não tinham muitos jogadores da base. Se você olhar, peço que você faça essa pesquisa, todos os clubes que disputam o topo da tabela têm uma média de idade do elenco — não é dos 11 — entre 27 e 28 anos. É uma mistura de jovens com jogadores maduros. O nosso departamento de scount entendeu que em 2019, a gente não tinha tantos jogadores da casa, mas muitos jogadores jovens. Que o elenco era muito jovial e por isso tivemos algumas dificuldades. Tentamos fazer uma mescla de idade melhor. Basta você olhar a média de idade do nosso arquirrival, que tem uma situação financeira muito que a nossa, tem um elenco com uma média de idade maior que a nossa. Assim como o Grêmio e outros clubes. Enfim, a um estudo no futebol brasileiro de que os elencos vitoriosos, normalmente, — óbvio que tem exceções que confirmar a regra — tem uma média de idade de 27 a 28 anos. O Allan e o Caio Henrique, que você citou, são dois que a gente não conseguiu manter porque tinham contratos de um ano, de empréstimo, sem opção de compra para o Fluminense. Porque eram jogadores que vinham passando por momentos de dificuldade. O Liverpool queria emprestar para um clube brasileiro, foi a história que me contaram, história real, e o Caio Henrique estava jogando no Paraná Clube. E foram dois jogadores extremamente criticados na sua chegada porque ninguém conhecia o Allan e o Caio Henrique estava vindo de um time de Série B. Foi uma oportunidade que aconteceu. Jogadores jovens que não são do Fluminense geralmente tem a obrigatoriedade de aquisição. Nós temos que comprar os jogadores. Como o caso do Michel Araújo e do Pacheco. Dois jovens que a gente se interessou e a gente teve que comprar esses dois jogadores. Foram as duas únicas compras que a gente fez. Esses dois jogadores juntos não custaram ao Fluminense, U$ 1,5 milhão de dólares, que, para o futebol, é um valor pequeno. E, mesmo assim, estão parcelados em muitas vezes que a gente vem pagando com enorme dificuldade. Então como a gente não tem dinheiro para contratar, a gente optou por ter mais jogadores da base e buscar jogadores um pouco mais experientes e que não tivéssemos custo de aquisição. Mas, mesmo assim, trouxemos jogadores sem custo de aquisição e que não possuem uma idade avançada. Não estou discutindo se a pessoas gostam ou não gostam dos atletas, se os atletas estão dando resultado ou não. Eu estou respondendo a sua pergunta. A sua pergunta foi a sua gestão só contrata jogadores mais velhos. Me desculpa, mas jogadores acima de 35 anos só trouxemos o Fred e o Nenê. Trouxemos jogadores jovens, o Caio Paulista é jovem, o Felippe Cardoso é jovem, o Michel Araújo é jovem, o Fernando Pacheco é jovem, o Danilo Barcelos é um jogador mediano de idade, não é considerado acima de uma idade que não é compatível. O Luccas Claro também veio com a gente, é um jogador com uma idade que para jogador de futebol que eu acho excelente. Trouxemos o Hudson, o Yago Felipe, que tem menos de 30 anos. Então, sinceramente, das 14 contratações que a gente possa ter feito, talvez tenha uns quatro jogadores acima de 30 anos. Que é, por exemplo, o que o nosso arquirrival fez. Foi buscar um lateral chileno de 34, salvo engano, que tem o Isla. É uma filosofia de tentar equilibrar porque normalmente se você tiver um time só de jovens você tem dificuldade de amadurecimento do time. E se você tem um time só de jogadores mais cascudos, a gente também tem dificuldades físicas para aguentar o futebol profissional que hoje é de altíssima intensidade. E sobre a responsabilidade, a gente sempre olhou os nossos números. Ontem eu ouvi um comentário que nós vamos repetir a situação de 2005. Em 2005, nós precisamos fazer um ponto de 15 para ir para a Libertadores direto e naquela época não tinha G6. E nós perdemos todos os jogos com um time que era muito mais caro que esse e nós perdemos no ultimo jogo, salvo engano, para o Juventude, de virada. E dizem, na época, — eu não fazia parte do departamento de futebol — que os jogadores haviam perdido o foco porque já haviam sido vencidos. Havia um investidor no clube que já havia vendido o lateral-direito etc. Eu sinceramente não acredito nisso. Acho que tinha um grande treinador, que é o Abel, tanto que foi campeão carioca, vice-campeão da Copa do Brasil e quase chegou na Libertadores. Aconteceu lá um revés e perdeu os cinco jogos. Na minha opinião, se tivesse mantido o treinador, teria feito um igual ou melhor em 2006. Mas teve seis treinadores e brigou contra o rebaixamento. Em 2007 manteve o treinador durante quase todo ano, ganhou a Copa do Brasil e chegou entre os quatro do Brasileiro. Repito a você. Dentro das condições financeiras e de folha, a gente tem feito um campeonato bem regular. a gente tem ciência disso aqui dentro. Acreditamos que nas próximas nove rodadas vamos retomar essa regularidade. Mas não vamos entrar nesse viés de quem vai ser o responsável por uma não classificação. A responsabilidade final é sempre do presidente, se for pra Libertadores, o mérito é deles. Aí, eu tenho alegria. Se não, a responsabilidade é sempre do comandante maior do clube. Em qualquer clube é assim. A única coisa curiosa é que se a gente se classificar, vão dizer que a responsabilidade não é minha, que eu não tive nenhuma participação. Mas o mérito é dos profissionais, da comissão técnica, dos roupeiros, dos massagistas, dos funcionários do clube. Isso aqui é uma grande instituição, com mais de 100 anos, muito maior que todos nós. Maior que eu, que todo mundo. E se a gente for pra Libertadores é um presente para a torcida que merece, que está sofrendo há tantos anos, e um presente para o clube. Um presente para os jogadores, que são eles que entram em campo, que fazem gol, que são os artistas do espetáculo. E que pese o resultado de quarta-feira. Repito, aconteceu. Estou muito triste, muito chateado com o que aconteceu quarta-feira. Mas a gente já está olhando para o jogo de amanhã. E a gente espera colocar o Fluminense aonde ele merece, apesar de todas as dificuldades. Especialmente que a gente tem nesse momento, e ainda não vai ser tão breve que a gente vai resolver, de ter um time de futebol com uma grande quantidade de investimento financeiro. O clube passa por enormes dificuldades. Vocês sabem disso, eu nunca escondi. Eu vim aqui para um proposito, que é a perenidade do Fluminense. E eu não vou sair daqui sem esse propósito. Mesmo que o Fluminense ganhe 45 títulos de todas as competições, eu não me incomodo com isso. Eu vim aqui para fazer um trabalho de recuperação do clube e o trabalho vai seguir.”

Como você enxerga a possibilidade de não haver tantas perdas de jogadores, tendo em vista um mercado devagar em razão da pandemia. Se é um ponto positivo a possibilidade de manutenção do elenco.

“O time de 2013, por exemplo, custava 5 milhões de dólares por mês e brigou contra o rebaixamento. Mesmo com investimento alto o time oscila. O último ano em que o Fluminense ficou na primeira parte da tabela foi em 2014, justamente o último ano de investimento alto. Após 2015 foi sempre de 12º para baixo. Falo isso porque eu era o vice-presidente de futebol em 2014 e 2015. Fui o vice-presidente de futebol da transição, ou seja, de um time que ainda tinha um investimento alto e que chegou eu 6º, e também de um time que perdeu o investimento e começou a usar os atletas da base e algumas apostas de fora.”

“Então, deixamos de ser um time de estrelas e passamos a ser um time mais de “operários”. Ainda tentei manter uma espinha dorsal por um tempo (Fred, Wagner, Jean, Gum e Diego Cavalieri), mas o resto era uma meninada. Até começamos bem, mas depois o rendimento caiu. Ainda fomos semifinalistas da Copa do Brasil de 2015, fomos eliminados pelo Palmeiras. Em 2016 eu deixei o clube e voltei como presidente em 2019. Mas já do lado de fora, eu queria entender, além do óbvio de que ‘saiu o investimento, o rendimento cai’, mas o porquê nós sempre ficávamos tão abaixo na tabela. E dois dados que encontramos foram:”

– Sempre na reta final dos campeonatos, o Flu chegava com atrasados salariais muito grandes, as vezes de até quatro meses, mais oito ou nove de imagem. E trabalhar sem receber é ruim para todo mundo. Então o que venho tentando na minha gestão é evitar atrasos longos. Conseguimos pagar, por exemplo, 21 folhas em 18 meses de gestão. Mas seguimos correndo atrás porque tinha muita coisa atrasada.

– Todo final final de ano, justamente pelas dificuldades financeiras, a gente perdia 60%, 70% do elenco. E aí sem dinheiro e você tendo que reconstruir praticamente do zero, o time só vai começar a se acertar seis meses depois.

“Então a nossa esperança para a 2021 é que a gente consiga manter uma base muito maior do que foi feito em 2020 para que a gente possa ter mais serenidade para trabalhar em 2021 e 2022. Sendo transparente, não temos dinheiro para comprar direitos econômicos dos atletas. Então vamos focar cada vez mais na base e utilizar cada vez mas jogadores de Xerém. Quanto às contratações, serão pontuais e sem que o Fluminense precise comprar. Empréstimos ou que estejam livres no mercado, para que possamos manter a regularidade desta temporada, com exceção da goleada sofrida contra o Corinthians.”

Sobre a possível negociação com Samuel Xavier

“Sobre o Samuel Xavier não a nenhuma negociação, hoje, em andamento. É um jogador que a gente acha interessante há um tempo. O scout monitora esse jogador a bastante tempo. A gente fez uma tentativa durante o campeonato, conversamos com o Ceará e eles não liberaram o jogador durante o campeonato de 20.”

Interferência no time e em campo

“Eu não interfiro em nada que é campo. O campo é da comissão técnica. Não entendi o comparativo com 2009 porque eu assumi a gerência de futebol no dia 4 de Setembro. A gente estava na 4 rodada do returno com 16/17 pontos. E o Cuca chegou na mesma epoca. No primeiro jogo do Cuca nós empatamos com o Náutico, no Maracanã em 1 a 1. O segundo jogo nós empatamos em 0 a 0, no Engenhão. O terceiro jogo nós perdemos de 5 a 1 para o Grêmio, no Olímpico e aos 15 minutos estava 3×0 para o Grêmio. No quarto jogo ganhamos de 3 a 2 contra o Avaí no último minuto no Maracanã. E no quinto jogo nós perdemos de 2 a 0. Então nos primeiros cinco jogos do Cuca em 2009 nós fizemos 5 pontos em 15. E com uma goleada do Grêmio. O “mundo inteiro” queria que nós trocássemos de treinador naquele momento novamente. O Cuca era o terceiro ou quarto técnico de 2009. E nós decidimos manter mesmo com 17, 20, 22 pontos com nove rodadas do returno. Nessa altura acho que tínhamos  23 pontos e foi decretaram que a gente tinha 99% de chance de cair. E foi feita uma manutenção do treinador. Era muito fácil a gente trocar. O “mundo inteiro” já dava a gente como rebaixado, a gente limparia as mãos. E optamos em manter o treinador e o Cuca acabou fazendo um grande trabalho. Como era o momento de extremo desespero e as pessoas não acreditavam mais que o Fluminense conseguisse, todos davam o Fluminense completamente rebaixado, o treinador foi fazendo as suas experiências. Ele precisava mexer naquele resultado ruim e nós tínhamos uma safra muito boa naquele momento. A gente não sabia mas aquele era o time campeão de 2010. Aquele time tinha o Conca, que era um jogador brilhante, muito jovem. O Fred que era brilhante também muito jovem. O Mariano que quando chegou era execrado por todo mundo e vinha muito bem. Aquele time tinha Alan e o Maicon. E outros jogadores brasileiros que se tornaram campeões brasileiros um ano depois. A gente não sabia que aquele time era muito bom mas aquele time já era muito bom. Tinha alguns jogadores mais rodados e que foram finalistas em 2008. Era um time que foi montado para a Libertadores de 2008, foi finalista e sobreviveu para 2009. A gente não interfere nas decisões, a gente obviamente conversa com a comissão técnica e seja ela qual for. A gente tinha reunião com o Odair sempre pré e pós jogo. Para entender qual a estratégia do jogo e para entender o que aconteceu no jogo com a visão deles. E essa parte técnica é entre a comissão técnica e o diretor executivo. Não a nenhuma influência na decisão de quem vai ser relacionado. Isso é entregue totalmente nas mãos do profissional. Até porque se a gente tivesse qualquer ingerência sobre esse tipo de coisa a gente perderia o direito de cobrar porque eles são funcionários do clube. A partir do momento que eu interfiro na decisão do trabalho de dia a dia, escalação e nas escolhas de jogadores eu perco o direito de cobrar os resultados”

Qual impacto em números da não aprovação do Profut? Vocês planejam reintegrar o Rodolfo?

“Profut, as parcelas estavam suspensas e agora nós temos que pagar o retroativo. Eu até falei para vocês especificamente, mas o prazo que a gente tem é até o final do mês, na verdade. Eu falei quarta-feira, mas fiz uma conta de data errada. Nesse momento, até o fim de Janeiro, nós temos que pagar, salvo engano, algo entorno de R$ 2,8 milhões. De surpresa, porque imagina para um clube que não tem dinheiro, ter que buscar esse recurso. Com relação ao Ato Trabalhista, vou até aproveitar para falar. Nós não perdemos o Ato Trabalhista. Não fomos excluídos do Ato Trabalhista. Na verdade, o Ato Trabalhista foi concedido para a gente em 2011 com prazo até Dezembro de 2020. Nós concluímos o Ato. Agora, a legislação só permite um máximo de três anos. Então, temos que buscar uma nova centralização. Estamos desenhando isso. O valor que ficou em aberto lá, na verdade não estava em aberto. Em Abril de 2020, com a pandemia, nós fizemos uma petição. A gente tinha R$ 1,2 milhão por mês, nós fizemos pedido para pagar R$ 600 mil reais por mês durante um período de pandemia. Isso foi deferido pelo juiz. E como a gente concluiu o pagamento integralmente em Dezembro, ficou faltando metade desse R$ 1,2 milhão de reais. O que a juíza fez, determinou que a gente quite em parcelas R$ 1,2 milhão até Agosto de 2021. Então, o Ato se encerrou em Dezembro. Mas o recurso que era tirado diretamente da cota tv seguirá até 2021 para pagar esse resquício que ela permitiu que a gente não pagasse. E concomitantemente, nós vamos buscar um no Ato. Porque o processo era de 2011 e de lá para cá, foram feita novas dividas em torno de R$ 90 milhões de reais, que a gente tem que pagar se não a gente vai ter penhora todo dia.”

“Com relação ao Rodolfo, só para dizer a vocês, quando ele foi suspenso, vocês publicaram isso, vou relembrar. A previsão de punição dele era de quatro anos ou até de banimento do futebol. Como o problema dele é de droga social, dependência química, eu já tive um caso aqui no passado quando eu era vice de futebol, com o Michael. Eu participei de muitas reuniões com psiquiatra, com médicos, com psicólogos, e percebi que essas pessoas precisam da nossa ajuda. A gente não pode abandonar essas pessoas. Especialmente um atleta que é dependente químico que pode estar jogando a sua carreira fora. Naquela eu ajudei, o Michael como vice de futebol e como advogado. Fiz a defesa e a gente conseguiu um ótimo resultado para que ele pudesse continuar jogando futebol. Quando o Rodolfo foi pego agora no doping, eu tinha acabado de assumir a presidência e ele, sem me conhecer, achou que eu fizesse o que permite a legislação. Não sei se vocês sabem, mas o que permite é que o contrato fique totalmente suspenso enquanto ele está punido e que eu pare de pagar integralmente o salário dele. Eu acho que fazer isso seria uma punição muito cruel, que poderia fazer com que ele não só voltasse para o mundo das drogas como destruísse a própria carreira e a própria família. Eu então fiz um acordo com o Rodolfo, de que ele ficaria conosco, se tratando, o clube ajudaria com todo o tratamento psicológico, médico, que colocaria o departamento jurídico do clube a disposição para tentar minimizar essa punição e que ele pudesse manter os custos de vida, manter a família dele, ele tem filhos. Então eu fiz um acordo para que ao invés de tirar 100% do salário dele, eu continuasse pagando de 20 a 25% do salário dele enquanto durante o contrato dele conosco. Não enquanto durasse a punição. Para que ele pudesse manter a família dele com dignidade. Porque as três ou quatro meninas necessitavam do pai em casa, enfim. Ajudando e que ele pudesse se reconstruir. Ele cumpriu integralmente o tratamento durante todo esse período. Foi sempre ajudado pelo clube nesse sentido. E o nosso departamento jurídico teve uma atuação brilhante, conseguiu reduzir a pena dele bastante e tanto é que ele está apto a jogar. Então, nós estamos reintegrando-o, a partir da segunda-feira, ao grupo, ao elenco. Ele sabe das dificuldades de voltar a jogar porque tem o Marcos Felipe, tem o Muriel, tem o João, tem o Pedro que já subiu da base porque normalmente já integra aqui o profissional. Ele sabe das dificuldades, mas o nosso dever como instituição — porque a gente aqui é instituição responsabilidade, inclusive social — era de reintegrar esse rapaz. Ele será muito bem-vindo aqui na segunda-feira, treinando, se colocando a disposição. A gente tem que fazer uma consulta ao nosso expert em inscrição que é o Marcelo. Acho que ele não pode mais ser inscrito, está fora do Brasileiro. Mas ele poderá obviamente ser inscrito nas próximas competições e vamos ver o que vai acontecer. Ele tem representantes, não sei que vão querer arranjar um empréstimo em outro clube para que ele possa desenvolver o trabalho em outro lugar porque agora tem dois ou três goleiros na frente dele. Mas, enfim, o Fluminense fez todo trabalho para recuperar o homem, o cidadão, antes do atleta profissional. É assim que a gente trabalha aqui e é assim que a gente vai seguir fazendo. Acho que o Fluminense tem que ajudar essas pessoas e fazer com que a gente possa reintegrá-los.”

*Reportagem em atualização…

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