MundoBola Flamengo
·03 de outubro de 2024
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Seria até infantil acreditar que os problemas do Flamengo se resumiam ao técnico.
Temos um presidente elitista e oportunista, sempre mais preocupado com lucro e poder do que com o clube. Temos um dirigente de futebol amador e incompetente, pra quem o Flamengo é apenas escada na sua carreira política.
Se você quiser ir mais longe, temos até uma torcida digital cada vez mais infantil, que acredita que dois jogos ruins servem pra desqualificar jogadores que já venceram tudo ou descartar uma promessa da base.
Mas ainda que não se resumissem ao técnico, é inegável que os problemas do Flamengo passavam sim, por ele, ainda mais na gestão Tite.
Isso porque o treinador gaúcho, tanto quanto sua covardia e incompetência, trouxe pro Flamengo um espectro de desânimo, de tristeza. Uma sensação de vazio, que transformou a experiência rubro-negra numa espécie de purgatório esportivo, onde a equipe era capaz de passar horas sem criar uma chance, dias sem chutar a gol, semanas sem fazer uma boa partida.
Por isso foi tão emocionante a experiência de ver, nesta quarta-feira (2), o primeiro jogo do Flamengo sobre o comando de Filipe Luís, apresentando um futebol que, ainda que longe do ideal, representa um salto tão grande em relação ao time de Tite, que nos permitiu não apenas vencer como voltar a ter esperanças nessa temporada rubro-negra.
Longe do ideal porque, como em todo começo de tamanho, a equipe do ex-lateral esquerdo ainda tem falhas de movimentação, erros de marcação, e em dados momentos apresentou pequenas panes que permitiram ao Corinthians ter mais chances claras do que seria razoável.
Mas ainda assim, há quanto tempo você não via um Flamengo que amassasse tanto o seu adversário? Que criasse tantas oportunidades? Que mostrasse tanta pulsão de vida, tanta vontade de vencer, tanta paixão pela experiência de jogar futebol?
Com Filipe Luis tivemos um Gabigol vivo no jogo, laterais que chutam a gol, meias criando, volantes aparecendo na armação
Foto: Wagner Meier/Getty Images
Porque tivemos sim vários gols perdidos, tivemos chances de matar o jogo que foram desperdiçadas, mas com Filipe Luís o Flamengo voltou a ser uma equipe propositiva, que troca passes rápidos, que se movimenta, que proporciona ao torcedor alguma emoção além do desespero de ver a bola rodando de um lado ao outro do campo como na mais chata partida de handebol infantil de todos os tempos.
Com Filipe Luis tivemos um Gabigol vivo no jogo, laterais que chutam a gol, meias criando, volantes aparecendo na armação, num volume de jogo tão intenso que até mesmo o melhor jogador adversário era do Flamengo, já que Hugo Neneca fez ao menos quatro excelentes defesas que decidiram o placar.
Então sim, é muito cedo para analisar qualquer trabalho do treinador e sim, ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte, seja nessa temporada, seja até mesmo nessa semifinal da Copa do Brasil. Mas Filipe Luís, em uma partida, já conseguiu trazer de volta algo que Tite parecia ter passado os últimos onze meses tentando destruir: a emoção de assistir um jogo do Flamengo.
Poderíamos ter vencido por 4×0, ou até mesmo 6×3, mas mesmo esse placar de 1×0 nos lembrou que Flamengo não é tédio, não é burocracia, não é uma hora e meia de nada em campo. Flamengo é ataque, é coragem, é vontade de vencer. Obrigado por lembrar esse time e essa torcida disso, Filipinho.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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